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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Os próximos movimentos de Alexandre de Moraes

Moraes pode estar se dedicando muito mais à sístole da contração do cerco ao golpismo do que à diástole do relaxamento

Ministro do STF Alexandre de Moraes (Foto: STF)
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Há um esforço de pensadores, juristas, políticos, jornalistas e palpiteiros da nova direita e da extrema direita na tentativa de enquadrar Alexandre de Moraes dentro das suas expectativas e cabeças alegadamente 'legalistas’.

Pensadores e influenciadores dessas turmas acreditam na capacidade de transmitir alguma racionalidade pretensamente jurídica e espalham agora aos amigos da grande imprensa o seguinte cenário.

Se Alexandre de Moraes continua libertando os 1.400 manés presos, se determinou a soltura de Anderson Torres e se decidiu tirar a tornozeleira de Zé Trovão e o autorizou a voltar às redes sociais, algo relevante pode acontecer na sequência.

É possível que Moraes, dizem eles, esteja na etapa de calibragem de seus movimentos de sístole e diástole, comprimindo e distensionando suas ações contra o golpismo em busca de nova postura.

Estaríamos na diástole do afrouxamento, com liberalidades que poderiam, por pressão da direita e dos ‘legalistas’, beneficiar mais golpistas e envolvidos em outros crimes do bolsonarismo.

Nessa linha, seria possível supor que Moraes poderia a qualquer momento determinar, por exemplo, o fim da proibição de acesso às redes sociais aos oito tios do zap flagrados em agosto em articulações golpistas.

Todos estão impedidos de atuar nas redes não só como grupo organizado suspeito de conspirar contra a eleição, o STF e a democracia, mas também individualmente como tio avulso.

São oito milionários de grosso calibre, todos quietos e sem muitos defensores hoje entre os formadores de opinião e influencers da extrema direita.

Foram acusados de agir em associação criminosa, trocando mensagens conspiratórias, algumas com ataques diretos ao Supremo.

Também sofreram buscas e apreensões de celulares e o vasculhamento de dados pessoais da internet.

Nada se sabe sobre o que aconteceu com eles nas investigações. Todos os dias os jornais vazam alguma coisa de Anderson Torres e de Mauro Cid. Mas dos tios nada se sabe.

Não são bodegueiros ou donos de transportadoras com meia dúzia de caminhões e kombis velhas, como os que estão presos em Brasília pelo 8 de janeiro. É gente de dinheiro.

Pois há quem espere que esses tios serão os próximos beneficiados por decisões de Moraes, porque não faria mais sentido mantê-los fora do ar.

Há também quem acredite que todos eles devem agradecer ao ministro por terem sido afastados do ativismo bolsonarista nas redes às vésperas da eleição.

Se tivessem permanecido atuando em grupo, é provável que muitos deles fossem flagrados dizendo coisas bem mais graves do que as que vinham dizendo até serem contidos por Moraes.

Esses tios têm um argumento forte que os beneficia e outro contundente que os desfavorece.

O argumento favorável é o de que eles já teriam feito o que poderiam fazer contra a eleição e as instituições.

Foram amordaçados fora das redes sociais e não teriam mais nada a representar como ameaça e risco de eliminação de provas.

O argumento que os desfavorece é o de que eles formavam um grupo, e muitos dos que agiam assim, como parte dos acampados diante dos quartéis, estão presos até hoje.

É gente sem nome e sem muito dinheiro, mas que continua encarcerada. Como liberar nas redes os tios do zap, nessas circunstâncias, e deixar Fátima de Tubarão ainda presa, sem que isso signifique uma concessão aos poderosos?

Sempre lembrando que a sístole e a diástole de Moraes não têm nada do que eram, na definição de Golbery do Couto e Silva, os movimentos de contração e distensão da ditadura.

Estamos em tempo de democracia sob a ameaça permanente de fascistas golpistas, e aquele era um tempo de ditadura e fascismo sob a ‘ameaça’ constante de democratas.

Moraes pode estar se dedicando muito mais à sístole da contração do cerco ao golpismo do que à diástole do relaxamento.

Que não se enganem com os casos de Anderson Torres, dos manés e de Zé Trovão, que são distintos e têm suas particularidades.

Direita e extrema direita podem ter surpresas sistólicas nos próximos dias.

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