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Laís Vitória Cunha de Aguiar

Aos 16 anos passou a escrever para a ONG australiana Climate Tracker, que treina jovens para serem jornalistas climáticos, e com isso publicou para a EcoDebate e outros meios de comunicação. Participou dos Jornalistas Livres como freelancer e por um ano do Mídia Ninja. Publica eventualmente no Brasil 247 e Brasil De Fato. Formada em Línguas Estrangeiras Aplicadas ao Multilinguismo no Ciberespaço e coordena o Parlamento Mundial da Juventude no Brasil.

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Para voltar ao Planalto, andemos

(Foto: Laís Vitória Cunha de Aguiar)
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“As suas pernas são as nossas pernas”, disse Érica Kokay ontem (30/10), para os brasilienses durante a comemoração da vitória de Lula. São tantos pés famintos, pés descalços, pés de crianças órfãs por causa da pandemia, pés de desempregados idosos, pés e mais pés que foram dilacerados durante o último governo. 

Tinha seis anos quando Lula foi eleito em 2002. Me lembro até hoje de acordar e ver minha mãe e avó chorando em frente a TV. Eu não entendia o que estava acontecendo, mas sabia que deveria ser algo muito importante: “Lula foi eleito, é a primeira vez que alguém do povo sobe ao governo, Lalá”, me disseram. 

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Alguém do povo. Alguém que poderia conviver com a gente, alguém que fala como a gente. Nunca me esqueci da onda vermelha que vi na TV, nem da minha família chorando em frente a ela. A Laís de seis anos, espantada, nunca tinha visto as duas chorarem em frente a TV. Até hoje me lembro que entendi a importância do momento a partir do choro de duas mulheres fortes, que raramente choravam, mulheres de ação. Aquilo me marcou para sempre. 

brasilia

O Brasil em que cresci, de Lula, criou escolas federais, onde minha mãe pôde fazer concurso e me sustentar. No Brasil de Lula, não me lembro de ver tantas pessoas na rua, especialmente crianças e idosos, como vejo hoje em dia. Gente era tratada como gente.

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Durante a eleição de Dilma, nós morávamos no interior de São Paulo, e já havia o ódio criado contra o PT pelas grandes mídias, o qual em sala de aula se traduziu em bullying, e eu sei que não fui a única de minha geração a passar por isso. Para quem vem de minorias, nunca é fácil, mas ambientes conservadores são sempre piores. 

No colegial, Bolsonaro já estava presente na boca dos millennials, ele já era visto como um político “bom” pelos meus colegas que assistiam ao seu canal no Youtube. Os mesmos jovens que trouxeram machados para a escola porque acreditavam fielmente que em 2012 haveria um apocalipse zumbi, eram os adolescentes que idolatravam Bolsonaro e detestavam tanto a Dilma que isso se refletia em pura misoginia. 

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Foi esse Brasil que nutriu o impeachment contra a primeira mulher presidente do Brasil, Dilma Rousseff, de jovens recém inseridos nas redes sociais e que não questionavam a lógica do sistema e nem a veracidade das informações. Naquela época as esquerdas estavam até menos presentes nas redes sociais e no mundo virtual do que hoje, a importância dessas novas táticas políticas não era tão vista e nem pensada. 

Depois do impeachment da presidenta Dilma, as universidades e escolas sofreram muito com a PEC 55, e nós passamos quarenta dias ocupando as escolas e universidades para exigir a retirada da PEC. Como é normal em governos retrógrados, nós não fomos escutados. Aos poucos, desde a retirada de Dilma, a falta de esperança cresceu na mesma proporção que a extrema direita, e de certa forma isso também influenciou na perda de Haddad em 2018. 

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Hoje vi diversas crianças brincando com bandeiras, penduradas nos ombros de seus pais, e vejo nelas o mesmo assombro que senti quando criança. Espero que essa próxima geração, já tendo nascido com o mundo virtual, tenha mais consciência ao utilizar esses instrumentos para se informar. A verdade é que o Brasil ainda é muito conservador, como mostraram os resultados deste domingo. Meus colegas que votavam em Bolsonaro ainda o fazem com orgulho, mas é preciso ter esperança em quem vem aí, assombrados com a mudança e com a beleza do tremular das bandeiras.  

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