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Ângelo Cavalcante

Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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Planejar, pra quê?

O planejamento, aquilo que pode e deve ser feito, isto sim, vem das ruas, dos encontros, das manifestações da gente do povo e que deverão ser incluídas de maneira estrutural na feitura de um planejamento de tal tipo que articule ação governamental com decisão e esperança popular mirando estabilidade social

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A atividade pública, sobretudo no Brasil, sempre submetida aos rigores e maldades do setor privado é ainda uma possibilidade para a população. Definir o "público" nunca foi coisa fácil. Ainda para o caso brasileiro a clássica definição do historiador Sérgio Buarque de Holanda em "Raízes do Brasil" em sua "parte V", onde irá tratar do assim chamado "homem cordial" nos é bastante importante e representativa quando diz da impossibilidade de convivência entre público e privado em nosso país.

Uma das explicações do historiador a esse respeito reside no aspecto de que nossas raízes e tradições familiares comprometem a constituição consequente de uma ordem pública entre nós porque, principalmente, os agentes públicos no exercício de suas funções, tratam a população como parte próxima e filial do seu círculo de escolhidos, protegidos ou apaniguados. Este traço irá inviabilizar integralmente a montagem de um ordenamento público efetivamente republicano e eficaz.

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O "homem cordial" é essa brasilidade muito própria que busca retratar mais do que o indivíduo, mas uma relação contraditória e duvidosa a ser estabelecida entre interesses pessoais e privados com o interesse geral e público.

Mas a grande verdade é que não pode haver o público e seu necessário aperfeiçoamento sem o estabelecimento de planejamentos efetivos, eficazes, amplos e democráticos. Sem essa combinação a atividade do planejamento se compromete integralmente. Nessa relação, como o dispositivo do planejamento possui pouca tradição no Brasil, seu cumprimento então, é uma guerra épica.

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Em um país de capitalismo marginal e dependente como o nosso não é de se estranhar a objeção ao planejamento ou a boa arte de "pôr na mesa" os recursos disponíveis, o amplo cipoal de demandas e necessidades e as variáveis (sociais, ambientais, culturais e políticas) que impedem a efetiva ação política na construção do desenvolvimento. É muito complicado mas não é impossível!

Sob um viés histórico, quem inaugura o planejamento moderno, imaginem, foram os comunistas de uma Rússia revolucionária e tornada União Soviética e que, além dos inimigos internos e que não eram poucos, tiveram que encarar o ódio militar e imperial de oito grandes nações do capitalismo central.

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Sob a liderança de Lênin, a agrária União Soviética carecia de avançar, de tornar-se potência mundial se quisesse sobreviver em um mundo de geopolíticas arriscadas. O planejamento surge, dessa forma, como inteligência administrativa, como ação estatal centrada na relação espaço/tempo onde ações/programas/projetos foram sistematicamente implementados visando a constituição de um projeto de país, portanto, de futuro.

E não é que deu certo! Em menos de quarenta anos, uma Rússia czarista, rural, de características feudais e que sequer república era, desponta, ao fim da Segunda Grande Guerra, como potência mundial.

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Não... O planejamento não é a panaceia, não é o "pó de pirlimpimpim" que soluciona todas as lástimas e tragédias do gênero humano. Nada disso! E muito menos o planejamento fora especifica e exclusivamente a razão da ascensão soviética para o topo do governo do mundo no período considerado; planejamento é isto sim, o exercício do melhor da razão humana na combinação de forças e fragilidades, carências e potências, prioridades e trivialidades em escala espaço-temporal visando o alcance de metas e objetivos democraticamente estabelecidos entre a população, suas lideranças e seus governos.

Finalmente, se engana quem pensa que planejamento seja aprioristicamente uma peça "by gabinete"; que seja ação exclusiva de burocratas, de "planilheiros", não mesmo! Aos gabinetes cabem registros, a organização do processo e as sistematizações das decisões advindas dos meios sociais e populares.

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O essencial do planejamento, aquilo que pode e deve ser feito, isto sim, vem das ruas, dos encontros, das manifestações da gente do povo e que deverão ser incluídas de maneira estrutural na feitura de um planejamento de tal tipo que articule ação governamental com decisão e esperança popular mirando estabilidade social porque, enfim, planejar é tecer pedagógica e inteligentemente estabilidade social. É do que se trata ou não estamos falando de absolutamente nada!

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