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João Carlos Gonçalves

João Carlos Gonçalves, o Juruna, é metalúrgico e secretário geral da Força Sindical

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PPE para quem precisa

Melhorar o Programa de Proteção ao Emprego no Congresso Nacional é positivo. Através dele e desse debate podemos propor e avançar com emendas como a que cria a representação no local do trabalho

O contingente de trabalhadores empregados na indústria do Paraná aumentou 0,4% em dez meses de 2013, apesar do recuo de 1% em outubro. Foto: Gilson Abreu (Foto: João Carlos Gonçalves)
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O debate que nós, brasileiros, fazemos hoje sobre o Programa de Proteção ao Emprego (PPE) me faz lembrar da década de 1980, quando trabalhava na Divisão de Elevadores da Indústria Villares e já era sócio do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Naquela época estávamos passando por um processo de reestruturação produtiva, com mudanças de máquinas e de outros equipamentos, desemprego em alta e inflação que corroía o nosso salário a cada minuto. Em 1982, lá pelo mês de junho, na Villares, uma leva de centenas de companheiros e companheiras foram demitidos. Não tínhamos nenhuma proteção contra o desemprego, a não ser nossa luta. Liderados pelo Sindicato, com ativistas sindicais militando na fábrica, não tivemos outra saída a não ser fazer a greve. Tínhamos realizado o 6° Congresso dos Metalúrgicos da capital e nossa decisão foi: toda força a luta contra o desemprego. Ficamos parados alguns dias, fomos, Vilares e Sindicato, chamados ao Tribunal Regional do Trabalho para buscar conciliação. Sabíamos que qualquer greve que não fosse contra atraso de pagamento era declarada ilegal (Lei 4330).

E qual foi a decisão que tomamos em diversas assembleias (por que então era tudo decidido em assembleias)? No primeiro momento marcamos posição contra o desemprego e contra a política econômica que, na época, só se preocupava em pagar juros, dívidas e seguir o receituário do Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas à medida que os dias passavam problemas mais imediatos se colocavam: o que fazer com os demitidos? Assembleia aqui, conversas ali, depois de vários dias de greve, decidimos aprovar uma indenização maior do que a que tinham direito os demitidos e manutenção do emprego por três meses aos demais.

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Na época parecia pouco, mas foram com essas conquistas parciais, mobilizando empresa por empresa, que conseguimos articular e realizar a Greve Geral de 21 de julho de 1983.

E foi a partir desse movimento que conquistamos, na Constituinte de 1988, entre outros avanços, o Seguro Desemprego.

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Tais conquistas não atacavam diretamente a crise, mas amenizaram seus efeitos e contribuíram para garantir a circulação do dinheiro, gerando um efeito cascata: o trabalhador, não deixando de consumir, impulsionava o emprego no comércio, na indústria e em tantos outros serviços. Essas conquistas parciais, aparentemente pequenas, garantiram, sobretudo, a aproximação do Sindicato com os locais de trabalho e com isso aumentou o número de sindicalizados e fortaleceu a consciência social e política dos trabalhadores e trabalhadoras.

Por isso, creio que o debate em torno da MP 580 deve ser mais amplo. Hoje já estão ocorrendo inúmeras demissões sem nenhuma negociação e proteção ao trabalhador. Vejo também o PPE como mais um instrumento que pode evitar a demissão sumária, unilateral, individualizada. O que o Movimento Sindical deve saber valorizar é a possibilidade que se abre de negociação, de mobilização, de articulação de grandes assembleias, e o fato dos sindicatos poderem estar no centro do debate nacional, coisa que os liberais e neoliberais querem ver longe da cena.

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Acredito também que as medidas apresentadas no PPE são um patamar inicial que, com certeza, em cada local de trabalho poderão ser melhoradas ou recusadas, dependendo de nossa força e unidade. Creio, finalmente, que podemos fazer desse limão uma limonada até porque, diferente do passado, o avanço e as conquistas democráticas permitem que não se diferenciem mais sindicato grande de pequeno pois novas estruturas nos aproximam e nos unem: as Centrais Sindicais que podem articular com mais força, apoio financeiro, logístico e assessorias, os sindicatos, as federações e as confederações, em torno de uma greve, seja em um local de trabalho ou de toda uma categoria.

Melhorar o PPE no Congresso Nacional é positivo. Através dele e desse debate podemos propor e avançar com emendas como a que cria a representação no local do trabalho.

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Quanto à mudança da política econômica que tanto almejamos, é necessária a unidade de ação entre as centrais sindicais, entre os setores progressistas da sociedade, e também entre o empresariado, em torno de medidas que nos unam para melhorar as condições de vida de nossa população, para melhorar a competitividade de nossos produtos e para, enfim, trilhar um caminho de progresso para o nosso país.

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