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Helena Chagas

Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia

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Pressões supremas e a força do que tem que ser

"Ainda não temos ideia de todos os desdobramentos que virão, e ainda há um ano e meio até a eleição, mas se há duas semanas alguém nos dissesse, não acreditaríamos em tal mudança no cenário" escreve Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia, sobre o julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro

(Foto: Divulgação)
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Por Helena Chagas, para o Jornalistas pela Democracia

Se as paredes – hoje virtuais – do STF falassem, muita gente iria corar. O que se comenta hoje entre frequentadores da Corte é que o novato Kassio Nunes Marques, até então considerado um “garantista”, sofreu grandes pressões saídas dos arredores do Planalto. Outro dia , no mesmo estilo de ato falho que o leva a falar toda hora em estado de sítio, Jair Bolsonaro, na porta do Alvorada, deixou escapar uma frase sobre uma provável volta da inelegibilidade de Lula. Estava esperando isso, e teria feito chegar a Nunes Marques essa expectativa, depois de ter concluído que Lula, sim – e não Sergio Moro – tem potencial para ser seu principal adversário em 2022.

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Saiu Moro como inimigo número 1 do bolsonarismo, e entrou Lula. O novo ministro do STF terá, segundo esses observadores, mostrado sua gratidão num voto técnico contra a parcialidade de Moro e a anulacão da sentença do caso do triplex.Com isso, desagradou a ala “garantista” do Supremo, com a qual vinha compondo desde sua posse. Gilmar Mendes, que lidera esse grupo, mostrou claramente sua fúria ao retomar o voto que já havia dado e acrescentar a suas palavras observações sobre “juízes covardes”  e o garantismo no Piauí.

O resultado desse choque poderá ser, na visão de quem conhece a Corte,  a perda da boa vontade de Gilmar e outros em relação aos processos envolvendo o senador Flávio Bolsonaro no STF. Talvez inadvertidamente Bolsonaro tenha entregado a cabeça do filho em troca de melhores condições de reeleição, o que não conseguiu. Era uma estratégia duvidosa, porque salvar Moro da parcialidade não implicava retirar Lula da eleição, mas apenas, talvez, enfraquecer o discurso sobre sua inocência e perseguição por parte do juiz – que, agora, ele poderá usar de forma ampla.

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Prevaleceu a força do que tem que ser, como ocorre muitas vezes na vida. Ela veio via Cármen Lúcia, a ministra considerada até ontem “lavajatista”, que com palavras comedidas fez um voto sóbrio mas inequívoco: em dois anos, convenceu-se de que o ex-juiz agiu, sim, de forma parcial para condenar o ex-presidente. Num julgamento presidido pelo mesmo ministro que, lá em 2015, não deixou o mesmo Lula assumir a Casa Civil de Dilma Rousseff, fez-se justiça. 

Ainda não temos ideia de todos os desdobramentos que virão, e ainda há um ano e meio até a eleição, mas se há duas semanas  alguém nos dissesse, não acreditaríamos em tal mudança no cenário:  Lula não apenas inelegível, mas inocentado pela suspeição de Moro; e Bolsonaro se declarando um fã da vacina. 

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