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Lívio Silva

Mestrando em Direitos Humanos, Especialista em Direito Internacional e em MBA Jornalismo Digital

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Prometeu acorrentado pelos Estados Unidos: violência do império contra Julian Assange

Julian Assange (Foto: Reuters)
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Acredito que a maior parte de nós conhece o mito de Prometeu, sobre o qual há várias versões mas aquela que é mais conhecida é a que provém das tragédias de Ésquilo, diante a qual Prometeu rouba o fogo do Olimpo, que havia sido proibido para a humanidade e ofertou aos seres humanos, recebendo de Zeus a punição de ser acorrentado a um rochedo e ter seu fígado devorado por uma águia todos os dias. Como Prometeu era imortal, seu fígado se regenerava toda noite e o ciclo de sofrimento continuava no outro dia. 

Uma interpretação recorrente do elemento fogo nessa lenda é a de que esse representaria o conhecimento, a razão, ou a consciência do ser humano, e o seu domínio concedido aos humanos ocasionou a principal evolução tecnológica da humanidade. Portanto, revelar o fogo à humanidade significa conceder intelectualidade, autonomia e liberdade.

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Na sociedade capitalista na qual vivemos, ainda dominada pelo desígnios do império norte-americano, o controle da informação pela mídia que trabalha para o mesmo ainda é muito grande e as pessoas que lutam pela democratização da informação e do conhecimento para todos os seres humanos nesse contexto de dominação são frequentemente comparadas ao conhecido mito grego.

Assim, Julian Assange, criador do site Weakleaks pode ser descrito como uma dessas pessoas, pois criou uma forma de publicar na grande rede documentos confidenciais que envolvem governos e empresas de relevância internacional, principalmente no que se refere a guerras, espionagem e corrupção. 

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Muito do que sabemos das ações criminosas do império norte-americano no início deste século é de responsabilidade dos "vazamentos" do Wikileaks, inclusive a revelação dos crimes de guerra estadunidenses no Afeganistão e no Iraque, que são a causa principal da perseguição iniciada pelo império a Assange, que o acusam dentre outras coisa de espionagem e conspiração para prejudicar os Estados Unidos. 

Uma pergunta se torna inevitável: informar o mundo sobre as irregularidades das atuações norte-americanas ao redor do mundo não pode, mas, fazer o que Facebook e outras "big techs" fazem indiscriminadamente com os dados pessoais de todos pode?

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Mais do que uma mera vingança política, o episódio "Estados Unidos X Julian Assange" revela a brutalidade com a qual o império pode agir para calar qualquer indivíduo que ouse revelar os seus segredos de guerra mais íntimos ao mundo.

Na última sexta-feira dia 10 de dezembro, após toda a luta político-jurídica que Assange tem enfrentado desde 2010, com algumas vitórias conquistadas e derrotas sofridas, surge a notícia de que há novamente grande risco de que Julian Assange seja extraditado para os Estados Unidos, pois a justiça do Reino Unido anulou a rejeição à extradição concedida em janeiro pois acatou as garantias processuais e humanitárias apresentadas pelos Estados Unidos.  Embora até o momento a decisão não seja definitiva, pois além do fato de que ainda há mais um pronunciamento da justiça a ser realizado, existindo também possibilidade de recurso, fica evidente que o império fecha o cerco contra Assange, que fica cada vez mais próximo de ser extraditado para os Estados Unidos.

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Impérios e ditaduras, ou seja, quaisquer ordens político-sociais autocráticas não costumam ser agradáveis com aqueles que promovem grandes revelações de seus crimes de guerra para a imprensa e temos vários exemplos disso, como o caso de Daniel Ellsberg, ex-funcionário do Departamento de Estado e do Pentágono que denunciou para a imprensa norte-americana crimes cometidos pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, sendo perseguido pelo império, mas que felizmente foi absolvido.

O que devemos temer se Julian Assange for realmente extraditado para os EUA? Ora, que se abra um precedente legal que poderá ser facilmente instrumentalizado para perseguir qualquer pessoa que faça uso de sua liberdade de expressão para denunciar os recorrentes crimes de guerra dos Estados Unidos. E quem serão os alvos mais comuns? Claro, jornalistas e ativistas de Direitos Humanos ao redor do mundo.

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Não sei vocês, mas já começo a enxergar uma versão do "Patriot Act" para os praticantes de "espionagem e conspiração" contra os Estados Unidos.

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