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Luís Costa Pinto

Luis Costa Pinto, jornalista, editor especial do Brasil 247 e vice-presidente da ABMD, Associação Brasileira de Mídia Digital

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PT na Câmara segue como capacho das determinações e dos projetos de Arthur Lira

"Odair Cunha, novo líder da bancada, precisa romper ciclo desqualificado de relacionamento estabelecido por Zeca Dirceu e José Guimarães", diz Luís Costa Pinto

Zeca Dirceu | Odair Cunha | José Guimarães | Plenário da Câmara dos Deputados (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados | Marina Ramos /Câmara dos Deputados)
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O Partido dos Trabalhadores, legenda fundada a partir da força e da forja das lutas sindicais e de setores acadêmicos e da sociedade civil contra a ditadura militar e as desigualdades chanceladas e perversamente estabelecidas pelo regime dos generais instaurado em 1964, vive uma crise aguda de qualidade em sua representação parlamentar. O problema não é grave no Senado, onde o desempenho e a qualidade dos mandatos petistas podem ser classificados como integrantes da média histórica da sigla. Porém, na Câmara dos Deputados, uma mediocridade atroz e modorrenta submete, anula e silencia as vozes do partido. Lá, o PT, detentor da segunda maior bancada eleita em outubro de 2022, está subjugado aos interesses e às práticas amorais e anti-republicanas da liderança nefasta de Arthur Lira. 

O ciclo do deputado Odair Cunha (PT-MG) na liderança partidária iniciou-se na semana passada. Em entrevista ao jornal O Globo publicada no último domingo, porém, infere-se que o novo líder será incapaz de quebrar a tessitura do capacho que o outrora combativo PT parece tecer desde o ano passado para o presidente da Câmara. Cunha vergou-se à gestão orçamentária distorcida e imoral esgrimida por Lira como arma mortal de seu arsenal de maldades no exercício do poder absolutista de presidente de uma das Casas do Parlamento. Não há confronto de ideias, de teses, de práxis políticas a partir do líder petista em direção a Lira. Ao contrário, só justificativas.

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O deputado paranaense Zeca Dirceu, que exerceu a liderança no ano de 2023, não conseguiu impor nem uma pauta e nem uma linha de atuação próprias do partido. O Governo comandando pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fundador do PT e sua maior liderança há quatro décadas, ficou à mercê das vontades e da arrogância de atuação de Lira. Na Câmara, no ano passado, o Partido dos Trabalhadores só conseguiu graduar a velocidade de ação legislativa porque na presidência da Comissão de Constituição, Justiça e Redação estava uma das raras vozes firmes e detentoras de autoridade política da atual Legislatura, o deputado Rui Falcão (PT-SP). Em razão de acordo trabalhado e fiado por Lira, porém, o PT não terá a presidência da CCJR em 2024 - e as coisas ficarão muito difíceis. 

Na liderança do Governo na Câmara segue a presença desfocada de José Guimarães (PT-CE). Repetidas vezes foi feito o alerta: Guimarães exerce o posto, que deveria ser uma embaixada relevantíssima do Governo no Congresso, portando-se como um porta-voz de Arthur Lira no Palácio do Planalto. O deputado cearense foi incapaz, no curso de todo o ano de 2023, de impor obstáculos e de demarcar linhas divisórias a voracidade com que o presidente da Câmara avança sobre verbas públicas e programas de Estado. Projetos e prioridades governistas terminam sempre secundarizados e à mercê dos caprichos liristas.

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O início da liderança de Odair Cunha não se afigurou alvissareiro. Na oportunidade que teve de falar para um público mais amplo do que a própria bancada, aquiesceu às prioridades de Arthur Lira e demonstrou ser excessivamente compreensivo com o rol de chantagens das quais o presidente da Câmara lança mão para impor suas vontades e seus projetos ao Governo. O PT recuperou o comando do Governo Federal a duras penas, ao cabo de uma das mais desiguais e desonestas campanhas eleitorais dos últimos 50 anos, Lira sempre esteve na outra margem - do lado oposto - do rio democrático que carrega águas de moralidade, decência e justiça social. O Brasil é uma nação fraturada e a fratura está aberta, embora calcificada. Para impedir a calcinação do Estado, o presidente Lula tem de ser o conciliador, tem de ser o líder que impõe a moderação e a governança entre as partes - e, daí, não é permitido a seu partido que concilie na largada. Que seja ele, o PT, o cordeiro pajeado pelo pastor orçamentário Arthur Lira. Infelizmente, é assim que as coisas estão: a bancada federal do PT cria dificuldades para o Governo quando procura entregar facilidades apenas a Arthur Lira, personagem política que esnoba e despreza os amigos, pois só compreende a lógica da operação de poder a partir dos reféns que faz.

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