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Francisco Calmon

Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Membro da Frente Brasil Popular do ES

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Quando Lula e Bolsonaro falam a mesma coisa, há algo de errado

O golpe de 64 é história, e sem acertamos contas com a história, ficaremos andando em círculos golpistas. Não se trata de remoer, trata-se de fazer justiça!

Jair Bolsonaro (à esq.) e Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Reuters/Diego Nigro | Ricardo Stuckert)
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Bolsonaro: o que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado, é buscar uma maneira de nós vivermos em paz. Lula: Isso (o golpe de 64) já faz parte da história. Já causou o sofrimento que causou. O povo já conquistou o direito de democratizar esse país.

E desse direito está o de saber onde estão os mortos e desparecidos pela ditadura.

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E disse mais, abro aspas: “O que eu não posso é não saber tocar a história para frente, ficar remoendo sempre, remoendo sempre, ou seja, é uma parte da história do Brasil que a gente ainda não tem todas as informações, porque tem gente desaparecida ainda, porque tem gente que pode se apurar. Mas eu, sinceramente, eu não vou ficar remoendo e eu vou tentar tocar esse país para frente.

Quem pode apurar, senão o Estado democrático de direito do qual o governo é parte, através da recriação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, extinta pelo seu antagonista, Jair Messias Bolsonaro?

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“Eu estou mais preocupado com o golpe de 8 de janeiro de 2023 do que com 64. Eu tinha 17 anos de idade, estava dentro da metalúrgica Independência quando aconteceu o golpe de 64. Isso já faz parte da história.”

Eu tinha 16 e era do movimento estudantil secundarista e já lutava contra a ditadura, nem todos eram alienados e muitos líderes operários foram presos, dentro e fora das fábricas, desde o primeiro dia do golpe.

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“Os generais que estão hoje no poder eram crianças naquele tempo. Alguns acho que não tinham nem nascido ainda naquele tempo.”

Não procede: Bolsonaro era tenente, Augusto Helene capitão, ambos participaram da ditadura. Aposentados, mas ativos na influência aos generais.

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O golpe de 64 é história, e sem acertamos contas com a história, ficaremos andando em círculos golpistas. Sem compreender isso, o povo não irá adquirir a consciência de rejeição ao passado de opressão, genocídios, e crônica impunidade dos responsáveis militares.

Holocausto é história, golpes e intentonas também fazem parte da história. Nao se deve recorrer a história quando convém e mandar esquecer quando não convém.

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O 8 de janeiro impressionou, comoveu, revoltou, indignou, os representantes dos poderes constituídos. Quem assistiu os tanques nas ruas em 1º de abril de 1964 também sentiu tudo isso e mais: viu um sonho desabar pela força das armas apontadas para o povo.

A justiça de transição é questão de princípio para nós. Queremos os restos mortais dos que foram assassinados e desparecidos pela ditadura.

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Já decretaram o fim da história, todavia, a história da luta de classes não morreu.

Nossa história não será apagada, nossos filhos e netos estão dando continuidade e gerações futuras continuarão a cobrar por Justiça, mesmo que reversa.

“Eu acho que se eu conhecesse o tanto de história que eu conheço hoje há 50 anos atrás, eu teria virado um revolucionário. Por não saber, eu virei um político democrata. A diferença é que tenho lado.” Lula.

Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, se antes desconhecia, atualmente conhece bem como se move a história. Ficar incomodado com a insistente lembrança do passado de 21 anos de ditadura, é pregar amnésia coletiva, é manter a chaga aberta e jamais cicatrizada enquanto não houver justiça.

Os mortos enquanto não forem reverenciados e enlutados por seus familiares, continuarão a assombrar o mundo dos vivos da injustiça da histórica impunidade dos assassinos e torturadores de nossos camaradas de combate à ditadura terrorista, que vigeu por 21 anos deixando um rastro de sangue e de corpos mutilados e insepultos.

O Brasil está acima das corporações, sejam militares ou civis. E deve haver isonomia entre os servidores federias de farda ou de macacão perante a Justiça.

Não se trata mesmo de remoer, trata-se de fazer justiça!

O golpe de 64 é história, e sem acertamos contas com a história, ficaremos andando em círculos golpistas. Sem compreender isso, o povo não irá adquirir a consciência de rejeição ao passado de opressão, genocídios, e crônica impunidade dos responsáveis militares.

Caso tenha havido um novo pacto com os militares, como o secreto quando da lei da anistia, não o acolhemos, não fez parte do programa eleitoral.

A justiça de transição é questão de princípio para nós, é compromisso com os camaradas que tombaram pelo terrorismo da ditadura militar.

Esquecer o passado é um passo para a anistia!

Queremos os restos mortais dos que foram assassinados e desaparecidos pela ditadura. Queremos o devido processo legal dos responsáveis e exemplar punição para que sirva de lição e nunca mais tenha que remoer.

Somos aliados, Presidente, os inimigos são os três êmes: militares, mídia, mercado.

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