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Miguel Paiva

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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Que fase

Quem vive nesses doces trópicos deveria estar habituado a bolsões, enchentes, deslizamentos, desabamentos e mortes. Só que nunca nos habituamos, é claro

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Que fase!!!!

Por falar nisso, uma fase de energia da minha casa acabou de cair. Televisão funciona, mas ar-condicionado, não. Internet não entra, nem geladeira. Me viro com o que resta no freezer e o celular como modem. Esta é a fase que estamos vivendo no verão brasileiro, calor e muita chuva e essa é a constante dos moradores do Rio de Janeiro. E olha que eu moro na Zona Sul num bairro de classe média alta, onde também moram classes mais baixas. Outra característica do Rio. Minha casa já encheu de água algumas vezes, inclusive agora, nessas chuvas recentes e acabei tendo um prejuízo enorme com um notebook que molhou. 

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Desastres naturais fazem parte das nossas vidas, mas quando a gravidade deles depende da atuação do poder público aí eu fico passado. Não é a primeira vez. Quem vive nesses doces trópicos deveria estar habituado a bolsões, enchentes, deslizamentos, desabamentos e mortes. Só que nunca nos habituamos, é claro. 

Há um ano da tragédia de Petrópolis aqui no estado do Rio nos perguntamos o que foi feito? Podemos responder que assim como os outros desastres, nada. Em Brumadinho também, nada, em Angra dos Reis, nada, no estado de São Paulo, nada. É assim, nada é feito. A prevenção de desastres não gera votos. O desastre é visto como uma decisão divina inquestionável que só nos resta festejar e agradecer a Deus se escapamos, e lamentar os mortos se este for o destino dos nossos próximos. Deus também quis chama-los mais cedo. Ou seja, vemos choros, lamentações, orações e não vemos nada sendo feito para evitar essas tragédias.

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A ocupação irregular das encostas, das margens dos rios fazem desta população, que ali constroe suas casas, um grupo de alto risco. Quem morre não vota e quem fica lamenta mais a perda do que transforma a raiva em atitude politica. As tragédias passam eas autoridades responsáveis por isso continuam nas suas posições. Verbas para obras de contenção, de transformação das áreas para evitar desastres são pulverizadas em outras finalidades. 

Desde que me conheço por gente que o Rio de Janeiro alaga. Em 1966 uma famosa tempestade matou gente, provocou deslizamentos e virou um escândalo. Deste eu ainda me lembro. Dai pra frente foram vários aqui no Rio e arredores. Faltar luz é uma consequência quase que natural. Poderia até ser desde que conseguíssemos falar com a concessionária. A privatizada Light que revela não ter condições de cumprir o que prometeu confirma seu mau atendimento. Fica difícil ser contribuinte assim.

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Os guardas de trânsito já tão difíceis de se achar numa situação legal, quando chove desaparecem de vez. O cidadão fica alagado e desorientado. Uma vez, trabalhando no antigo Teatro Fênix aqui entre a Lagoa e a rua Jardim Botânico, local de históricas enchentes, me vi na rua, com água pelas canelas orientando o trânsito para manter um mínimo de ordem e evitar o caos maior. Não sou nem nunca fui guarda de trânsito ou agente da defesa civil, mas como cidadão senti e continuo sentindo esse impulso. Já não tenho mais tanta energia e depois de tanto tempo achava que as autoridades podiam fazer esse serviço pra mim. Vou adorar e aplaudir.

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