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Paulo Moreira Leite

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Rui Costa tem o dever de desmanchar uma farsa com cheiro de Rio Centro

Para entender a importância de desmascarar a farsa em curso para apagar a queima de arquivo do capitão-miliciano, vale recordar o inquérito sobre Rio-Centro, quando uma ação do porão militar foi atribuída à uma organização armada de esquerda, escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

Governador da Bahia, Rui Costa (PT) (Foto: Divulgação)
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Por Paulo Moreira Leite, para o Jornalistas pela Democracia - O esforço do governo Bolsonaro para tentar envolver um "governo do PT" no assassinato do capitão-miliciano Adriano da Nobrega tem um antecedente conhecido, patenteado em 1981, no porão da ditadura militar -- o atentado do Rio Centro.

A denúncia é tão fabricada como a acusação, anunciada por um Inquérito Policial Militar, em 1983, de que o atentado do Rio Centro fora obra de uma organização armada de esquerda,  a Vanguarda Popular Revolucionária.

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A diferença é que, em fevereiro de 2020, o governador da Bahia, titular do governo que serviu de alvo para Bolsonaro tentar desviar as atenções sobre uma queima de arquivo que atingiu um velho aliado da família, encontra-se no pleno exercício de suas funções e atribuições, com total capacidade para esclarecer o que for necessário sobre a morte de Adriano da Nóbrega. Basta Rui Costa cumprir seu dever como autoridade e como cidadão.

Para refrescar a memória. Na véspera do 1 de maio de 1981, quando 20 000 pessoas se encontravam no centro de convenções do Rio Centro, para participar de um show pelo Dia dos Trabalhadores, ocorreu um incidente histórico.  

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Interessados em criar uma tragédia que poderia interromper o processo de abertura política, dois militares do CIE, organismo que comandava as ações do porão militar, se dirigiam ao local. Não pretendiam fazer uma levantamento de informações sobre o protesto. Portavam uma bomba que, ao ser detonada, iria produzir uma tragédia com milhares vítimas.

O desfecho, como se sabe, foi outro: o artefato explodiu no local errado,  na hora errada, produzindo uma única vítima.  Quando um dos envolvidos, o capitão Wilson Machado, manobrava um Puma no estacionamento, a bomba explodiu no colo do sargento Guilherme do Rosário, que morreu na hora. 

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Embora as provas que apontavam para o porão militar fossem claras e incontestáveis, uma investigação de dois anos atribuiu o atentado a a VPR. Sobrevivente logo identificado no atentado, o capitão Wilson não foi incomodado e seguiu carreira militar. Foi para a reserva com a patente de coronel.

Teria sido cômico, se não fosse trágico.  Em 2014, quando o regime político do país era outro, quatro procuradores do grupo Justiça de Transição reuniram 38 volumes de documentos e 36 horas de gravação para esclarecer o atentado. (Chico Otavio e Janaína Castro, O Globo, 16/02/2014). Ali foram acusados  três generais, um major e um delegado de polícia. Em seu depoimento, a viúva do sargento revelou que logo após o atentado foi ameaçada por agentes do DOI que foram a sua casa, queimaram documentos e suprimiram páginas comprometedoras do currículo militar do marido. Nas investigações da Comissão Nacional da Verdade, novos personagens e novos detalhes foram revelados.

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Responsável pela Polícia Militar da Bahia, Rui Costa tem o dever de exigir esclarecimentos por parte da corporação, a começar pelo comandante-geral, a quem o governador tem o poder de nomear e demitir. Com sua atitude, prestará um serviço ao país e aos direitos do cidadão, como é obrigado de todos aliados da democracia.

O esforço de Bolsonaro para apontar um bode expiatório  só reforça essa necessidade. 

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