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Washington Quaquá

Ex-prefeito de Maricá e ex-presidente do PT-RJ

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Se a esquerda não acabar com a milícia, ninguém o fará

"Ou a esquerda enfrenta este tema de frente e livra o povo brasileiro dessa bandidagem ou afundaremos de vez", escreve Washington Quaquá

(Foto: Divulgação)
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O governo Lula é uma chance histórica de o Brasil retomar o controle institucional sobre os territórios hoje dominados pelo crime em várias cidades e regiões, evitando o abismo que arrastou alguns países latinoamericanos, como ocorre hoje no Equador. Se um governo progressista não incluir a segurança pública entre suas prioridades, com a máxima seriedade, recuperando e saneando áreas comandadas pelas máfias, ninguém o fará. Isso porque, do outro lado, as forças conservadoras continuam sendo as mesmas que, desde o Brasil Colônia, usam o monopólio armado em benefício de si próprio, não do povo.

A Polícia Militar do Rio de Janeiro foi criada como Divisão Militar da Guarda Real da Polícia da Corte, em 1809, logo após a chegada da Família Real, fugindo da máquina de guerra de Napoleão Bonaparte. O Exército nasceu com Dom Pedro I, em 1822. A corte precisava de uma força militar organizada, mas na prática o monopólio da violência, que deveria ser do Estado, sempre serviu aos interesses dos coronéis, os cabeças das elites regionais. Tudo no Brasil, da economia à segurança, foi dividido de acordo com os interesses dos fazendeiros. Essa é uma permanência na formação do Estado brasileiro.

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A milícia, que se espalha pelo país a partir do Rio de Janeiro, tampouco é um fenômeno de agora, mas de sempre, pois os objetivos escusos e cruéis dos senhores de engenho também demandaram proteção armada sem uniformes. Não podemos esquecer que o Brasil foi o último país a eliminar a escravidão, pior das violências, e não é razoável esperar que o fim da violência contra os brasileiros seja meta real da classe que até hoje se incomoda com a presença de domésticas e pobres em geral nos aeroportos.

As forças do atraso que dominam cada vez mais o território brasileiro são as mesmas que o fenômeno Bolsonaro unificou. O bolsonarismo é a expressão clara da falta de Estado, do domínio da informalidade e da bandidagem sobre o território. É a expressão viva da ordem da desordem que tomou conta do Brasil. Cabe à esquerda construir um novo Estado, antagônico ao que usou a violência - oficial ou clandestina - para esticar a escravidão. 

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Precisamos de um Estado que seja democrático e institucionalizado na promoção da paz, no qual o ente federativo tenha de fato o monopólio do uso da força - para proteger a todos, não a poucos. Foi assim que se constituíram as nações modernas ao fim da Idade Média. Não há caminho civilizatório se o monopólio da violência não for das instituições geridas pelo interesse público. Construir esse Estado democrático só pode ser uma tarefa das forças do povo.

O crescimento vertiginoso do tema segurança pública na lista de aspirações dos brasileiros não deixa dúvida sobre o dever histórico do presidente Lula. O novo ministro da Justiça tem dado sinais de que não fará ouvidos de mercador a este grande anseio popular. Engana-se dramaticamente quem ainda entende a segurança pública como aspiração legítima das elites. Ninguém sofre mais os desmandos das máfias do que os moradores e trabalhadores de nossas periferias.

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A esmagadora maioria das vítimas da milícia e dos criminosos em geral é preta, é pobre, mora longe das ruas iluminadas e cheias de câmeras. É o povo que conta os centavos para pagar preços extorsivos pelo gás, pela TV a cabo, pela falsa proteção ao comércio, pelo acesso a veículos de transporte sem regras e pelo direito de ir e vir. Ou a esquerda enfrenta este tema de frente e livra o povo brasileiro dessa bandidagem ou afundaremos de vez na violência que começou a ser construída pelas elites coloniais e tem sido turbinada nos últimos anos pela extrema direita como nunca antes na história deste país.

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