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Luiz Fernando Emediato

Luiz Fernando Emediato é jornalista

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Segundo turno Lula x Bolsonaro. O que fazer?

Os institutos de pesquisa erraram pouco – fotografaram a véspera, enrolados com o voto envergonhado e a raiva dos bolsonaristas

Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Reuters)
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Depois de ler muitas reações ao resultado da eleição presidencial – com muito choro e ranger de dentes, decepções, desânimos – fui atrás das decepções dos adoradores do mito. A tristeza é geral também por lá. 

Ao contrário do que muitos afirmaram, os institutos de pesquisa erraram pouco – fotografaram a véspera, enrolados com o voto envergonhado e a raiva dos bolsonaristas. Lula teve os votos previstos, na margem de erro. Bolsonaro no último momento roubou votos de Simone Tebet, de Ciro e de indecisos, numa violenta movimentação de eleitores. 

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Vejo razão para enorme tristeza, sim, com o resultado da eleição em alguns estados (principalmente Sudeste) e no Congresso, com o avanço incontestável da extrema-direita fascista. Mas não vejo razão para sofrimento com o resultado da eleição para a presidência.  

Primeiro – Lula quase ganhou no primeiro turno, faltaram apenas 1,6% dos votos. Ele teve  6,18 milhões de votos a mais que o adversário (5,2% a mais). Ganhou em todo o Nordeste e no Norte, menos Roraima e Acre. Ganhou em Minas. Perdeu no Centro-Oeste e, infelizmente, nas regiões mais populosas, Sudeste e Sul. Fortaleceu a democracia em 14 estados e terá que enfrentar o conservadorismo em 13 e no Distrito Federal. Faz parte. 

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Segundo – Bolsonaro e seus seguidores nunca acreditaram nas pesquisas (e tinham certa razão) e em seus delírios esperavam ter 70 milhões de votos, ganhando no primeiro turno. Isso mesmo: 70 milhões de votos! Foi isso que divulgaram em suas bolhas nas redes sociais. Bolsonaro teve 49,27 milhões de votos (43,03%) no primeiro turno de 2018. Agora fez 51,07 milhões de votos, 1,7 milhão a mais, mas, proporcionalmente, 43,2%, quase a mesma coisa da eleição passada.  

Quem melhor pode ganhar no segundo turno, portanto, é Lula, e não Bolsonaro. Lula teve 57.258.115 votos (48,4%), logo faltaram 1.892.832 votos (1,6% mais um voto) para ele ser vitorioso, 50% dos votos válidos mais um. 

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Dos 156 milhões de eleitores, 123,67 milhões votaram (desses, 3,48 milhões votaram nulo e 1,96 milhão, em branco). Mais de 31 milhões (20,9%) não foram votar. Aí se pode garimpar alguns votos, embora poucos.  

Sim, a direita está em expansão no mundo e aqui entre nós. A extrema-direita mundial está de olho em nós e inclusive operando em nosso território. Era o previsto. E sim, o PL elegeu muita gente, o que pode dar um enorme trabalho a um possível governo Lula, mas o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, pode não ser fiel ao aliado atual, quando ele perder o mandato. Por que ele permaneceria colado a um Bolsonaro sem mandato e na oposição? 

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Ok, os bolsonaristas elegeram uma bancada enorme no Senado e uma turba na Câmara, mas esse povo que teria enorme força com Bolsonaro presidente (com seu orçamento secreto e segredos de 100 anos) ficará – com exceções – vagando como zumbis pelos salões do Congresso. O núcleo duro do centrão, ávido de poder, engolirá todos eles, possivelmente com menos fome, depois da bagunça causada principalmente pelos cardeais do PP. 

O que fazer nesta curta campanha para o segundo turno?  

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Lula precisa seduzir a candidata Simone Tebet e estender a mão, cheio de perdão, para o destroçado Ciro Gomes, que, pelo menos, anunciou que iria pensar no que fazer e parece já ter pensado: vai seguir a direção do partido. Já anunciou que não se candidatará a mais nada e tem uma oportunidade extraordinária de corrigir seu possível erro  (sejamos compreensivos). O partido dele, o PDT, esteve nos governos de Lula e Dilma – logo, basta que Ciro acompanhe o inevitável apoio do PDT, cujo presidente pediu a Lula – em troca de apoio – apenas a inclusão, no programa de governo, de um programa de educação integral (ótimo), um programa de renda mínima (inevitável) e um projeto para resolver o atual pesadelo de 60 milhões de  brasileiros (renegociação das dívidas). Mesmo que o partido de Simone Tebet, o MDB, não apoie Lula diretamente, liberando seus correligionários, Simone, ela mesma, já sinalizou que poderá apoiar Lula – e isso importa muito. 

Lula andará pelo país, possivelmente mais pelo Sudeste, com seus atos sempre grandiosos, a campanha na TV certamente continuará defendendo a civilização contra a barbárie e quem sabe anunciando parte do plano de governo, algum aceno para o mercado (depois se vê...), compromisso com benefícios para os pobres, emprego, comida, educação e saúde. A agência que cuida da campanha dele na TV e no rádio – a Leiaute, da Bahia – tem talento e criatividade.  

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Nos debates, enfrentará um Bolsonaro cujas pernas “tremem”, segundo revelou jocosamente o ex-governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), eleito senador. Sem apoio do espantoso “padre” Kelmon, Bolsonaro terá que fazer perguntas a Lula e responder às perguntas dele. Vai tremer na base. Lula deve ter paciência e sorrir sempre dos tropeços dele, sem perder a calma e balançando a cabeça. Que o espectador decida. 

Alguma mensagem mais direta Lula terá que levar para o enorme contingente de evangélicos pentecostais, sobre quem os “pastores” bolsonaristas têm grande  influência, mas são tantos que neste oceano ainda se pode pescar. Como escreveu Rui Martins, é preciso encontrarmos um antídoto para a Teologia da Dominação, esse “veneno do evangelismo neocapitalista da extrema-direita norte americana”, uma “droga capaz de ser consumida discretamente pelas camadas populares, torná-las dóceis, passíveis e controláveis”. Precisam de carinho e “pertencimento”.

No entanto, é no universo quase paralelo da internet, das redes sociais, do WhatsApp, do Telegram, do TikTok e outros trecos que se desenvolve uma luta cruenta em que fake news e os fatos mais absurdos e horrorosos são expostos para gente que se informa (e se desinforma) unicamente por esses meios. Aí mora o perigo. Aí Bolsonaro e um de seus filhos, o mais maldoso, se sobressaem, instrumentados por técnicos fascistas de todo o mundo. 

Se a campanha do PT não der mais atenção para essas redes, com grupos paralelos fazendo o que precisa ser feito (não deveria escrever aqui que usando as mesmas armas, mas vá lá, é quase isso) o perigo de o fascismo vencer aumenta, e muito. Foi o esgoto da internet profunda que deu a vitória para um candidato caricato e sem recursos em 2018. Pelo submundo da internet, vídeos toscos mostram o Lula “descondenado”, o “Datafoice”, o Lula ateu e perseguidor das igrejas, comunistas e destruidores de famílias por tudo quanto é lado. 

A possibilidade de isso se repetir ronda a nossa porta.

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