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Ângelo Cavalcante

Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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Territórios do fascismo brasileiro

Queria ver "nossos" fascistas se exaltarem dessa forma, nos blocos periféricos do "Minha Casa, Minha Vida"; em acampamentos ou assentamos de trabalhadores rurais; nas plenárias de trabalhadores e sindicalistas ou em encontros de partidos do campo popular e democrático

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A pena mesmo é que a serpente de esgoto do fascismo não tenha sido de fato, eliminada com a tomada de Berlim pelo Exército Vermelho em um distante maio de 1945. Em que pese a carnificina desencadeada pelo nazifascismo e que, como consequência, provocou a pior tragédia da história humana, a Segunda Guerra Mundial, o aprendizado ainda assim, não se deu.

No épico "Dialética do Esclarecimento" (1944), dos "frankfurtianos" Theodor Adorno e Max Horkheimer ainda na introdução dessa obra irão observar que é assustador como as lições não são aprendidas pela espécie humana, de modo que as mesmas condições que fizeram eclodir a Segunda Grande Guerra estão, conforme se verifica, sendo, de novo, repostas e atualizadas.

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A unidade de toda grande tragédia social é um dramático e trágico bem articulado a envolver ignorância, indiferença e alienação. O nazifascismo europeu nasceu de algo diferente? É preciso atacar a besta desde o seu nascedouro e o melhor deste combate se faz no esclarecimento, no bom debate e na afirmação de valores modernos como igualdade, justiça e liberdade para todos os seres humanos.

Esse preâmbulo é para finalmente, chegar ao ponto específico das últimas manifestações do fascismo brasileiro - sim, temos o nosso também por aqui - a partir dos lugares onde ocorreram. A hostilidade seletiva a políticos do Partido dos Trabalhadores (PT) se bem percebermos, se deu em restaurantes caros, em hospitais de alto padrão, em aeroportos e mais proximamente com o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile no Aeroporto Internacional de Fortaleza.

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Não é uma casualidade que tais crimes se deem em espaços caros, bem elaborados e de acesso restrito. A questão central é que há muito por ser apreendido acerca dos lugares e das manifestações que por ali ocorrem. Lugares não são passagens inocentes e vazias de conteúdo sócio-histórico. Expressam relações, formas de ser e estar e, finalmente, são ou não são condições para determinadas expressões culturais, sociais ou políticas.

Queria ver "nossos" fascistas se exaltarem dessa forma, nos blocos periféricos do "Minha Casa, Minha Vida"; em acampamentos ou assentamos de trabalhadores rurais; nas plenárias de trabalhadores e sindicalistas modernos portadores do arsenal teórico das classes sociais e de suas lutas; em debates bem formatados em ambiente acadêmico ou; em encontros de partidos do campo popular e democrático.

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Não esperem que isso aconteça! Não irá acontecer porque essa gente não opera na lei, possui leis próprias e as impõe de qualquer maneira; não respeita convenções de convivência democrática, se antecede das mais distintas formas pela coação, intimidação e grita; burla procedimentos, regras e normas em favor de si mesmo e de suas causas reais e, evidentemente, nunca reveladas.

Finalmente, só podem existir no descumprimento da lei ou não existem. Os "noves fora" do que digo está na análise histórica do próprio surgimento do nazifascismo europeu em sua relação inseparável com o crime em suas mais distintas modalidades e variações.

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Que tal uma pesquisa rápida em qualquer sítio de busca sobre o que essa gente fez com judeus, imigrantes, trabalhadores, intelectuais de esquerda, feministas, ciganos, comunistas ou homossexuais?

Na selvageria perversa de um tempo de duras e renhidas lutas pela memória, sobretudo política, pelas percepções de mundo e pelas sensibilidades sociais, o lugar e o corpo, se afirmam como as fronteiras últimas entre a liberação ou a alienação; a autonomia ou a dominação; o futuro ou a lastimável repetição do passado. Com a palavra... Os geógrafos críticos.

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