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Leonardo A Nunes Soares Filho

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Três anos sem Soleimani, o “mártir vivo”

No dia 03 de janeiro de 2020, os Estados Unidos da América, capitaneados pelo então presidente Donald Trump, realizava mais um ato de terrorismo estatal

Irã protesta por assassinato do general Soleimani (Foto: Sputnik)
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No dia 03 de janeiro de 2020, os Estados Unidos da América, capitaneados pelo então presidente Donald Trump, realizava mais um ato de terrorismo estatal. Em um Iraque ainda ocupado, de forma sorrateira e não provocada, Qasem Soleimani foi assassinado junto de, ao menos, outras dez pessoas, incluindo Abu Mahdi al-Muhandis, o líder das Forças de Mobilização Popular. O grande Hajji “Saia da vida para entrar na história”. Estranhamente, no entanto, quase nenhum veículo da imprensa brasileira tratou do atentado que completa seu terceiro ano.

Quem foi Qasem Soleimani

Soleimani, muitas vezes chamado pelo Aiatolá Ali Khamenei de "mártir vivo”, é membro da velha guarda, ou seja, participou da revolução iraniana, mesmo quando ainda jovem, em 1979. Atuou na guerra Irã-Iraque nos anos de 1980 e especula-se que assumiu o comando da força Quds em meados de 1990.

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A Força Quds (Persa: نیروی قدس),é um dos cinco ramos da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC) especializada em operações não convencionais de guerra e inteligência militar. O General Stanley McChrystal, do Exército dos EUA, descreve a Força Quds como uma organização análoga a uma combinação da CIA e do Comando Conjunto de Operações Especiais (JSOC) nos Estados Unidos. Responsável por operações extraterritoriais, a Força Quds apóia grupos não estatais em muitos países, incluindo Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica Palestina, Houthis do Iêmen e milícias xiitas no Iraque, Síria e Afeganistão.

Soleimani foi descrito por um ex-agente da CIA, responsável por operações clandestinas, como "o agente mais poderoso no Oriente Médio hoje" e o principal estrategista e tático militar no esforço do Irã para deter a influência ocidental e promover a expansão da influência xiita e iraniana em todo o Oriente Médio.

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O contexto

A atuação do Estado iraniano em apoio aos xiitas frente às ações do imperialismo, em especial no Líbano com o apoio ao hezbollah; no Iraque com o apoio às milícias xiitas e; na Síria, atuando conjuntamente ao exército árabe sírio e as forças aeroespaciais russas contra o Estado Islâmico; foi o que levou a morte do general das forças Quds.

O mais absurdo de tal assassinato é que, além de ocorrer em solo iraquiano, Soleimani estava acompanhado de Abu Mahdi al-Muhandis, o líder das Forças de Mobilização Popular e mais outros 10 membros dessa mesma força. O absurdo reside no fato de que as Forças de Mobilização Popular, apesar de serem milícias em sua maioria xiitas, são parte integral das forças armadas iraquianas. Ou seja, o assassinato de Soleimani não foi apenas um ato ilegal contra o Irã, mas também contra o Iraque, que sofre duplamente com a ação estadunidense, tanto pelo fato ocorrer em seu território, quanto por membros das forças armadas iraquianas serem alvos do ataque.  

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Lições

O assassinato do antigo comandante das Forças Quds prova empiricamente, mais uma vez, que a “ordem internacional baseada em regras” defendida pelos Estados Unidos da América e a União Europeia, nada mais é do que uma ordem internacional baseada nas regras DELES, do imperialismo, uma ordem cuja as regras os países do Sul global devem seguir, mas que não se aplicam para o EUA, UE e seus vassalos.

Conclusões

O imperialismo tinha como objetivo — por trás do assassinato de Suleimani — debilitar a capacidade de intervenção iraniana no Iraque e em todo o Oriente Médio, pois as forças vinculadas ao país persa são um dos setores mais combativos a ocupação imperialista na região. 

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Contrariamente às expectativas dos EUA, a capacidade de atuação regional do Irã não diminuiu, pelo contrário. Irmanados em um grande sentimento de dor e vingança, massivos protestos foram vistos por todo o país, tendo como ponto alto o apelo das filhas do antigo General ao Aiatolá para que “vingue o sangue derramado de meu pai”. Desde então, as ações das milícias xiitas apenas aumentaram no Iraque e a sociedade iraniana entendeu que, independente de divergências políticas, o ataque não era apenas ao regime dos Aiatolás, mas mirava a luta contra o imperialismo no Oriente Médio. Foram relembrados, rapidamente, os interesses que animam o império estadunidense, “o grande Satã”.

Com absoluta certeza, a guerra híbrida promovida por Washington que engolfa o Irã desde então e que explodiu recentemente através da pauta curda/feminina, poderia ter um contorno muito diferente caso as múltiplas facções políticas do país persa não estivessem solidamente unidas contra os EUA após a morte do General Soleimani. Mesmo com toda a pressão do império, o Irã resiste e se mantém soberano.

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Ironicamente, a imprensa (burguesa) “livre” brasileira não lançou grandes matérias relembrando o ocorrido. Também não houveram comentários por parte da esquerda “que americano gosta”. Por outro lado, milhares de pessoas ao redor do mundo, do Irã, à Nigéria, passando pela Nicarágua e até mesmo no Brasil, relembraram que na época do monopólio capitalista, o imperialismo segue sendo o maior inimigo da humanidade.

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