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Ângelo Cavalcante

Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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Viva a greve geral!

A morte é processo natural; a escravidão, sobretudo a escravidão de tipo novo e que querem nos impor, não é e jamais será. Negar o envelhecimento é capar as possibilidades últimas do gozo, do prazer, do convívio banal, frugal e necessário com amigos, familiares ou amantes lá no crepúsculo, nos derradeiros da vida

Porto Alegre, RS - 06.09.2016 Procon orienta consumidores sobre greve nos bancos Foto: Brayan Martins/ PMPA (Foto: Ângelo Cavalcante)
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Fruto da maturidade do povo brasileiro; de suas organizações e movimentos, os trabalhadores do Brasil ensaiam algo inédito na história do país. Mesmo em meio aos mais duros rigores de um cotidiano que encarcera, tolhe e limita, ele, o povo, vai lentamente irrompendo, singrando por entre as estreitas frestas da vida diária.

No sul, no norte, nas planícies, chapadas e baixadas do país; nos litorais, planaltos, nos pés-de-serra ou nos alagadiços amazônicos os sons guturais do tempo anunciam que algo de muito perverso está sendo sutilmente tramado contra o povo do trabalho. A partir dos palácios a bizarra aristocracia nativa, sempre alinhada aos interesses externos de pior denominação, cria ardis dos mais diversos visando intensificar a submissão do povo brasileiro para mais dependência, pauperismo, trabalho subvalorizado e superexplorado.

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Não é de se crer que até o direito fundamental ao envelhecimento estão tentando nos tirar? Vejam e entendam o que tento dizer... Negar e desconhecer o salutar e digno direito a um corpo; corpo sujeito ao tempo; corpo que sofre, padece e que inexoravelmente colapsa no intercurso da breve existência humana é negar a totalidade sempre oscilante, variável e jamais linear da vida. É negar a própria historicidade, concretude e materialidade desta mesma vida. Vida como singularidade frágil, suave e ligeira.

Ora, a morte é processo natural; a escravidão, sobretudo a escravidão de tipo novo e que querem nos impor, não é e jamais será. Negar o envelhecimento é capar as possibilidades últimas do gozo, do prazer, do convívio banal, frugal e necessário com amigos, familiares ou amantes lá no crepúsculo, nos derradeiros da vida.

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Negar que corpos degeneram, perecem e que se tornam especiais é deslegitimar a própria vida; achar que olhos não deixam de enxergar; braços, pernas e membros não diminuem em ação, movimentos e articulações; que formas novas e imprevisíveis de manifestações passam a acontecer aos borbotões é, por fim, descrer que a vida humana não carece de cuidados, de zelo e de atenção especial neste especial e encantado instante da existência.

Quem acha que ampliar tempos e jornadas de trabalho desconsiderando os corpos opera apenas no âmbito da política; quem acredita que o que está em questão é apenas um cálculo de governo visando otimizar transações financeiras e públicas não entendeu da missa a metade. O governo (?) brasileiro, opera criminosa e escancaradamente, uma das principais biopolíticas do mundo (Vide Michel Foucault).

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O poder, sobretudo, o poder estatal mais do que tentar fundar novas leis previdenciárias está buscando fundar uma deletéria e macabra relação com os corpos; com os corpos de milhões de homens e mulheres do trabalho; com o direito natural ao envelhecimento que perde respeito e reconhecimento e que é lançado imediatamente no dramático estatuto de objeto, artifício e peça.

Que desde sempre nos ensinam que trabalhadores não possuem alma, essência, espírito, sensibilidade e delicadeza já não é novidade. Desde a escravidão de índios e negros esse é, de fato, estatuto público e exercitado no hábito, no costume e na mídia diária. O empreendimento neocolonial, financeiro e transnacional, procura, por fim, dar seu passo fundamental e histórico: negar o corpo humano, o corpo de humanos que trabalham, que produzem.

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Já não tínhamos alma, posto que a favela, o gueto, a quebrada e a comunidade são lócus privilegiados dos "desalmados", dos "bárbaros", daqueles que são evidentemente, dispensáveis. Agora... Estão levando nossos corpos.

Barbárie é pouco... Nada mais a fazer senão a GREVE GERAL e sua necessária radicalização. Juntos até o fim.

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