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Marcus Atalla

Graduação em Imagem e Som - UFSCAR, graduação em Direito - USF. Especialização em Jornalismo - FDA, especialização em Jornalismo Investigativo - FMU

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(Parte 2) Lula vs. O Império Decadente: Lula vai à Europa acumular forças

"Nesta semana em turnê pela Europa, Lula reiterou, em diversos pronunciamentos, que apesar da importância global da Amazônia, ela pertence ao Brasil, é de soberania nacional e há mais de 20 milhões de cidadãos brasileiros vivendo na região – cerca 12,3% da população do país. Afirmou que ninguém tem mais interesse na preservação e no desenvolvimento sustentável da região que o Brasil. Uma manobra sagaz do Lula, já se precavendo de uma futura narrativa de Washington"

(Foto: Reprodução/Youtube)
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Este artigo é a continuação do texto publicado em 15/11/21, nessa mesma coluna:

Eleições 2022: Não é Lula vs. Bolsonaro, é Lula vs. O Império Decadente (parte 1).

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A narrativa ficcional usada por Biden sobre uma luta pelo clima e uma economia verde, não é nada mais que uma forma de controle geopolítico. Será usada para desestabilizar países não alinhados a seus interesses. O termo “narrativa ficcional” se encaixa perfeitamente nessa retórica ambientalista, pois medidas práticas para a proteção do meio-ambiente, não são tomadas e não há interesse em tomá-las. Até hoje os EUA não assinaram o protocolo de Kyoto de 1997.  

Assim, Washington decide quem é o que no mundo e inicia sua peleja pelo “bem da humanidade”; o combate à corrupção, combate ao terrorismo, combate aos países narcotraficantes, combate aos países “não democráticos”. Nessa mesma linha, haverá o combate contra a degradação ambiental, que será usado contra a China e os países amazônicos - Brasil, Bolívia, Peru etc.

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Apesar de ser uma preocupação legitima, a população europeia cai nesse falso discurso ambientalista, basta ver o resultado das últimas eleições no continente, nas quais se elegeram vários políticos “verdes”. Os EUA declararão países como ecologicamente incorretos e os europeus apoiarão sanções contra eles.

Nesta semana em turnê pela Europa, Lula reiterou, em diversos pronunciamentos, que apesar da importância global da Amazônia, ela pertence ao Brasil, é de soberania nacional e há mais de 20 milhões de cidadãos brasileiros vivendo na região – cerca 12,3% da população do país. Afirmou que ninguém tem mais interesse na preservação e no desenvolvimento sustentável da região que o Brasil. Uma manobra sagaz do Lula, já se precavendo de uma futura narrativa de Washington.

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A defesa do meio-ambiente é usada na Europa como uma cortina de fumaça dos problemas essências e urgentes da população, o aumento da desigualdade e a perda da qualidade de vida dos europeus, consequências do neoliberalismo. A mídia alimenta a histórica xenofobia propagandeando como sendo os imigrantes a causa dos problemas sociais e econômicos.

E é claro que isso leva à população eleger representantes da extrema-direita, cuja promessa é a resolução do falso motivo da situação atual.

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As Américas como reserva estratégica no controle do Ocidente pelo Império e a pedra angular Brasil

Após as treze colônias originais estadunidense consolidarem o território atual dos EUA, através do avançando sobre o território indígena e mexicano, partem para o domínio de seu espaço vital e estratégico, o Caribe e América Latina.

Decretam a Doutrina Monroe em 1823 – política do Big Stick, nela o continente sul-americano constituía um protetorado. 

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O colonialismo europeu foi expulso e seu acesso restringido. Enquanto os países europeus lutavam entre si pela disputa de colônias na África, Ásia e Oriente Médio, os EUA garantiram a América Latina. Com o Canal do Panamá, asseguraram a passagem da sua costa leste para o sudeste asiático.

George Frost Kennan; um dos desenvolvedores da Doutrina Truman, que visava o bloquei do avanço soviético; disse aos embaixadores norte-americanos lotados na América do Sul em 1951:

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“Não devemos hesitar diante da repressão policial por parte dos governos locais. Isso não é algo do qual devemos nos envergonhar, pois, os comunistas são essencialmente traidores, melhor ter um regime forte no poder do que um governo liberal indulgente, relaxado e impregnado de comunistas.”

  • É importante salientar, que apesar de ter havido partidos e grupos de vertentes comunistas e socialistas no Brasil, o país nunca esteve nem próximo de se tornar comunista, foi uma propaganda criada pelos militares brasileiros para legitimar seu golpe e autoritarismo. Após a derrota da Intentona Comunista – 1935, que teve a participação de setores dos militares, os demais grupos nunca chegaram perto do poder real no Brasil.

Nesse período se inicia todo o tipo de golpes no continente. Golpe de Rojas na Colômbia, deposição de Árbez na Guatemala, Stroessner no Paraguai etc. No Brasil tenta-se derrubar o governo Getúlio Vargas, mas seu suicídio causa tamanha comoção e mobilização social, que detém o golpe militar de 54 até 64. Década de ditaduras militares apoiadas por Washington em todos os países latino-americanos.

Na década de 90, com a queda da URSS, os EUA dão uma pequena folga aos países da região. Porém, não livres do controle do “grande irmão do norte” através de governos neoliberais cooptados e políticas econômicas impostas pelo FMI.

Com o retorno das democracias, são eleitos governos de esquerda nacionalistas, Lula, Evo Morales, Hugo Chaves - reeleito, Kirchner, Rafael Correa etc. No entanto, com o risco da perda da hegemonia, os EUA voltam a apoiar golpes junto as elites do atraso, militares, imprensa e judiciário locais. Dessa vez com uma roupagem nova; a Guerra Híbrida - Guerra Neocortical ou Guerra de 4° Geração.

O Brasil é a pedra angular no controle sul-americano. O país tem uma influência gravitacional na política da região, pelo seu tamanho territorial, populacional, reservas minerais e petrolíferas, hidrografia, potencial industrial, potencial de um mercado consumidor interno e a localização geoestratégica no Atlântico Sul -incluindo a Base de Alcântara com sua localização geoespacial privilegiada.

Sem a dominação do país, não é possível a contenção das demais nações da América do Sul.

Qualquer mínima mudança na conjuntura internacional que ameace os interesses do Império Decadente, implica mudanças significativas na América Latina. Nem mesmo é permitida uma maior parceria econômica e tecnológica com a China, quanto mais uma aproximação comercial com a união eurasiática, com as Novas Rotas da Seda (Belt and Road) ou um banco de desenvolvimento independente como o Banco do BRICS.

O governo Biden avança sobre as democracias latino americanas

Muito diferente do que a industrial cultural estadunidense - cinema, música, quadrinhos etc. - repete por décadas, os EUA nunca tiveram apreço nem por sua democracia. Fraudaram as primarias entre Truman e Wallace, entre Nixon e John Kennedy no Texas, assassinaram John F. Kennedy, entre George W. Bush “Jr.” e Al Gore na Flórida, as Fraudes Eleitorais são comuns na história dos EUA. Quanto mais terem apreço pela democracia de outros países. Seu apoio a golpes, assassinatos e governos autoritários são em tantos lugares e em tantos momentos históricos, inclusive no agora, que se torna desnecessário citá-los.

Neste exato momento, as bolas da vez são a tentativa de guerra híbrida em Cuba e a deslegitimação das eleições na Nicarágua, assim como deslegitimaram as eleições de Evo Morales na Bolívia e há anos na Venezuela. 

O Jornalista Ben Norton, do site independente The Grayzone, acompanhou pessoalmente as eleições na Nicarágua e escreveu extensas matérias mostrando a legitimidade no pleito.

 

Diversos partidos da esquerda brasileira estão defendendo a tentativa de golpe contra as eleições da Nicarágua, também, o que se poderia esperar dessa esquerda, já que também defenderam o golpe no Brasil. De 2013 a 2016, somaram-se ao coro a favor da Lava-Jato, do Partido dos Trabalhadores como uma organização criminosa, do “vamos derrubar todos”, do “o governo da Dilma é indefensável por suas reformas”; só mudaram de lado às portas da votação pelo impeachment, em 2016. Assim que o governo dos EUA vier com outro estratagema, apoiarão outro golpe no Brasil?

No governo Biden houve vários encontros do Bolsonaro com diversos funcionários do alto escalão estadunidenses, incluindo o Diretor da CIA –Willian Burns com Gen. Heleno e Ramos -, uma política de maior vinculação entre militares brasileiros e norte-americanos, e uma integração do Brasil à OTAN. Os militares brasileiros aderiram subservientemente aos interesses norte-americanos em detrimento aos do Brasil.

Lula sabendo de tudo isso, e bem assessorado pelo ex-chanceler Celso Amorim, está na Europa acumulando apoio político. A União Europeia também está sendo esmagada pela pressão dos EUA, incluindo sua dependência militar à OTAN.

Da maneira que Getúlio Vargas fez nos anos 30, Lula pretende aproveitar as disputas entre os países dominantes e impulsionar o desenvolvimento econômico e tecnológico do Brasil.   

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