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Marcus Atalla

Graduação em Imagem e Som - UFSCAR, graduação em Direito - USF. Especialização em Jornalismo - FDA, especialização em Jornalismo Investigativo - FMU

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"Eleições 2022: Não é Lula vs. Bolsonaro, é Lula vs. O Império Decadente (parte 1)"

Para os EUA, o importante não é ter para si o petróleo brasileiro, o que os interessa e retirar o poder de controle do monopólio das mãos do Estado brasileiro

Lula
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Enquanto a ávida sociedade brasileira discute e repercute as besteiras ditas por aquele que seria o grande Leviatã fascista a ser derrotado, não percebe que Bolsonaro é, na verdade, um Leviatã de papelão. Colocado na presidência e nas manchetes de jornais, serve apenas como técnica de ocultação do verdadeiro inimigo. Assim como os EUA usaram tanques infláveis para confundir os alemães, na Segunda Guerra Mundial. “Ghost Army”.

Nas eleições de 2022, Lula não estará enfrentando Bolsonaro, estará enfrentando o Império decadente e cada vez mais desesperado dos EUA, que não ficará de braços cruzados vendo Lula reverter seu domínio na América Latina.

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Qualquer deslocamento mínimo ou reversão do Brasil colônia atual, tem impacto no controle da América Latina, o que os Estados Unidos não permitirão. As Américas são a reserva vital para que o Império mantenha seu controle do Ocidente. 

Nesse momento, a esquerda brasileira fica perdendo tempo, gastando esforços e criando estratégias mirabolantes para derrotar o Leviatã inofensivo de papelão, cujo poder real não detêm. Convence-se a população que para isso é preciso arremessar Lula cada vez mais na teia de aranha dos aliados e representantes dos EUA no território nacional; militares, PSDB, mercado financeiro e a elite do atraso:

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É de conhecimento público e notório, que o PSDB é no Brasil uma filial do partido Democrata estadunidense. Partido esse, responsável pelo golpe de estado brasileiro em 2016 e nos golpes militares em toda América Latina, na década de 60. Lula já declarou por várias vezes que os Democratas são muito mais belicosos que os Republicanos em questões de política externa.

É verdade que os três estados mais importantes politicamente da federação são os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. 

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O presidente que tem seus apoios durante sua gestão, conta com um grande sustento político. Quando a Dilma perdeu apoio de governadores dos estados, sua posição ficou fragilizada, e tornou-se fácil derrubá-la. Porém, obrigar Lula a fazer um acordo com o PSDB, pois partidos, que autodeclaram pela unidade da esquerda para combater o fascismo e contra o golpe, estão condicionando seu apoio ao Lula pelo governo de São Paulo, tais atos não comprovam a retórica. Arriscaram a estabilidade de um governo Lula, por melhores vantagens políticas. Isso é combater o fascismo?

Vladimir Safatle; escritor, professor de filosofia e psicanalista; em entrevista realizada à Carta Maior, mostrou seu temor ao que acontecerá em 2022:

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“Mesmo com a habilidade de negociação do Lula, se ele conseguir garantir sua vitória, ele entra como um Getúlio invertido. O Getúlio começa com um pacto conservador e depois no último mandato encarna situações trabalhistas mais progressistas. Lula vai fazer o inverso porque vai entrar dentro de um pacto tão duro junto ao centro e à direita que vai ser no máximo um candidato de centro. Tudo isso demonstra, entre outras coisas, que essa estratégia brasileira de sair pelo alto é uma catástrofe. E a gente vai tentar de novo…”

Eduardo Costa Pinto, professor de Economia Brasileira e Economia Política do IE/UFRJ, e tem como foco o estudo dos Blocos de Poder e a Acumulação Capitalista, já alertou por diversas vezes. O andar de cima não apoiará Lula, deu um golpe de estado para mudar o acumulo de capital no Brasil, através da exploração da mais-valia. Desde o golpe, está havendo a maior concentração de renda da história do Brasil. O problema da elite com o Lula, não é gostar ou não gostar, é dinheiro.

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Acreditar que uma chapa Lula/Alckmin fará Lula ser aceito é um devaneio, apenas amarra ainda mais Lula e o impedirá de reverter o golpe de estado.

Segundo Eduardo: a frase dita por Carlos Lacerda contra Getúlio Vargas, será o que o andar de cima fará em um governo Lula.

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“O Senhor Getúlio não deve ser candidato, se for candidato não deve ser eleito, se for eleito, não deve tomar posse, se tomar posse não pode governar”.  Carlos Lacerda 1950.

Tanto Eduardo Costa Pinto como Vladmir Safatle concordam que Lula não deve se apoiar na elite brasileira, mas sim no povo, nas mobilizações. Apoiando-se no andar de cima ou em acordos por cima. Lula estará tão amarrado, que não conseguirá reverter o golpe de 2016, nem governar. A analogia histórica desse momento histórico deveria ser feita com 1954 – derrubada de Getúlio Vargas – e não com 1983 – Diretas Já. Análises feitas a partir de desejos não servem para entender o mundo real, muito menos para saber como lidar com ele. Servem apenas para tomar decisões erradas e propor soluções equivocadas.

Retornando aos Estado Unidos, que como uma potência bélica e militarista, não aceitarão a perda da hegemonia mundial de forma pacífica para a China. Mesmo que inevitável, fará como todo cowboy de faroeste B. Irá cair de seu cavalo atirando e arrasando tudo a sua volta. Assim como ocorreu na Guerra do Peloponeso, descrita pelo historiador ateniense Tucídides, por volta de 499 a.c. (A Armadilha de Tucídides e a inevitabilidade da guerra dos EUA contra a China).

A visível decadência dos Estados Unidos como Império de nossa época

O tempo de existência dos Impérios não segue o tempo cronológico da vida humana, segue o tempo cronológico histórico. O que para nós, são anos e décadas, para Impérios equivalem a séculos. A queda de um império também pode levar gerações humanas, assim como foi a queda de Roma.

Talvez parte desta geração não vislumbre a queda final dos Estados Unidos, mas o desmoronamento em espiral se acelera e é visível. 

As seguidas guerras perdidas pelos EUA nos últimos anos, com a consequente fuga desastrada após a derrota no Afeganistão – 20 anos de guerra -, expôs ao mundo e ao próprio Império sua fraqueza. Desmistificou sua crença de ser capaz de combater em múltiplos frontes simultâneos, como haviam feito no governo Obama/Joe Biden – sete guerras e o maior número de refugiados na história da humanidade. O que obrigou o Império mudar sua doutrina e focar sua máquina ideológica e de guerra à China.

A Covid-19 provou que a superpotência, mesmo tendo a mais rica e desenvolvida indústria médica, não estava preparada para conter uma pandemia, apesar de a população estadunidense ser 4,25% da população mundial, o País foi responsável por 20% das mortes globais.

O governo dos Estados Unidos está altamente endividado, sem contar os endividamentos corporativos e domésticos. As dívidas estão no limiar de seu recorde histórico e continuam crescendo através das políticas tomadas pelo Federal Reserve. Membros do alto escalão discutem se é possível criar uma moeda de platina no valor de 1 trilhão de dólares, para que o Tesouro Nacional dos EUA aumente os gastos do governo. O Federal Reserve pretende injetar dinheiro novo no sistema capitalista para assim sustentá-lo.

Após os três últimos crashes - 2000, 2008 e 2020 – o Federal Reserve entendeu que o capitalismo precisa de incentivos econômicos para se sustentar. Aproximam-se de adotar uma política da Teoria Monetária. Teoria essa, que a pouco tempo atrás rejeitaram.

A desigualdade social nos EUA causada pelo neoliberalismo aumenta ainda mais. Ela vem alimentando uma crescente pobreza e uma maior ainda divisão social.

Cisões, rusgas e as hostilidades internas históricas prosperam e se tornam cada vez mais aparentes, como ficou evidente na última eleição entre Biden e Trump.

Soma-se a isso, a tentativa da elite em recuperar as perdas de lucratividade dos dois últimos anos nas costas dos trabalhadores – assim como no Brasil -, e causando o aumento da inflação. A demanda reprimida, causada pela pandemia, sustentará por um certo período o aumento inflacionário, que por consequência, acirrará a desigualdade social. Cada crash tem sido mais gravoso e um próximo poderá desafiar a sobrevivência do sistema capitalista.

As tentativas de políticas econômicas para conter a China revelaram-se infrutíferas. Há uma divisão interna quanto a elas, a indústria militar aprova uma maior ofensiva contra o gigante asiático, porém, as grandes empresas investiram bilhões na China, vincularam suas cadeias de produção ao país. Não pretendem perder o imenso mercado consumidor chinês que cresce cada vez mais rápido. A Câmera do Comércio dos EUA foi contra as guerras tarifárias e comercias à China, durante o governo Trump, manifesta-se contrária ao que chama de um programa exagerado de Biden contra a China.

A dependência do Petrodólar e a retirada da Petrobras do controle estatal brasileiro 

A economia dos EUA se mantém pelo dólar ser a moeda fiduciária mundial e pelo petróleo ser negociado em dólar - Petrodólar. Desde que o Petrodólar foi instituído em 1971, a moeda estadunidense vem monopolizando os acordos internacionais. Entretanto, vários países buscam uma saída para fugir desse controle do Império. 

O economista James Rickards disse: “Os EUA controlam os sistemas de pagamentos em dólares e, com a ajuda de aliados europeus, podem excluir adversários do sistema de pagamentos internacional chamado Swift.”

Por essa razão, Rússia, China e outros países não alinhados ao Império vêm trabalhando em um sistema de substituição ao Switf estadunidense.

É uma questão de tempo a troca do petrodólar pelo petroyuan - moeda chinesa - ou por uma cesta de moedas. Desde 2016, a Rússia se tornou o maior exportador de petróleo à China, os pagamentos são feitos em yuan.

A integração eurasiana, do Nord Stream 2 ao Turk Stream, já se prepara para fazer essa transição de moeda. Um dos objetivos da criação do BRICS foi justamente sair da dependência do dólar.

Lula contou a conversa que teve Obama, em quanto ambos ainda eram presidentes, em entrevista ao Brasil 247: “Os Estados Unidos tinham muito medo porque quando eu discutia esse negócio da moeda o Obama me telefonou dizendo: ‘vocês estão querendo criar uma moeda, um novo euro?’. Eu disse: ‘não, estou querendo apenas me livrar do dólar. Estou querendo apenas não ser dependente’”.

Fica bem claro as razões externas para o golpe de estado no Brasil e o desmonte da Petrobras. Para os EUA, o importante não é ter para si o petróleo brasileiro, o que os interessa e retirar o poder de controle do monopólio das mãos do Estado brasileiro. Assim, impede-se que o Brasil possa negociar o petróleo em outras moedas ou ter a capacidade de interferir no valor do barril de petróleo no mercado mundial. 

Aqueles que acreditam que o uso do ouro-negro como matriz energética ou no discurso de uma economia verde de Biden, estão permitindo que seus desejos ofusquem a realidade. Não há interesse em perder o poder geopolítico, estratégico, econômico e muito menos, acelerar a mudança no status quo. 

Na segunda parte desde artigo a ser publicado, falar-se-á sobre a importância da América Latina como reserva estratégica do Império Decadente, o Brasil como pedra angular nesse projeto e o governo Biden avançando sobre os países não alinhados aos interesses estadunidenses em toda América Latina.

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