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Regina Abrahão

Sindicalista, feminista, funcionária pública do RS

9 artigos

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Quem causa a guerra e quem quer a paz

(Foto: Reuters)
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Acompanhando os debates sobre a questão Rússia/Ucrânia tenho notado, em redes sociais, o surgimento de pacifistas que exigem o imediato fim da guerra. Muitas vezes os argumentos são emocionais: a morte de bebês, mulheres e velhinhos, dor dos ucranianos. Bandeira? Paz. Só isto, paz. Em tempo, não falo de quem defende efetivamente a paz e identifica causas e agentes da guerra por conhecer história e geopolítica da região.  

Para os pacifistas das redes quem não se autodeclara “contra a guerra” é inimigo, acabou aí o diálogo.  Falar em soberania russa virou estalinismo dos fãs de Putin, o czar expansionista. É uma verdadeira patrulha anti-Rússia, para quem inexistem ameaças nos mísseis estadunidenses plantados nas fronteiras russas. 

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Devem desconhecer que após o fim da União Soviética houve um acordo entre Rússia e EUA, pondo fim ao Pacto de Varsóvia e a OTAN. O pacto foi dissolvido, mas a OTAN não foi extinta e sim ampliada, chegando cada vez mais perto da Rússia, com seus mísseis e tropas.  Esta guerra de hoje é entre Rússia e Ucrânia ou seria amanhã entre Rússia e toda a OTAN. Se fosse assim, comoveria os pacifistas? Creio que não. Por qual motivo? Muitos, mas um deles pode ser o mais óbvio.

O anticomunismo! 

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Centenário e entranhado na nossa sociedade, como qualquer outro preconceito, que permeia da direita mais extremada à esquerda mais revolucionária. Não é à toa que esta palavra assusta tanto e é tão usado pela direita. Este preconceito talvez nem perceptível, penso eu. A ninguém da esquerda agrada saber-se portador de algum preconceito. Mas existe, sim, preconceito em nosso meio, inclusive nos ferrenhos fãs da revolução de 1917. Muitos ainda enxergam uma Rússia comunista, o que não é nada real. Odeiam a ideia da volta da URSS, risco inexistente. Houve problemas na extinta URSS? Sim. O ocidente é profícuo em lembrar e inflar estes problemas.

Só que Putin não é comunista. Putin, suas falas, seus métodos e ações são de direita! Putin não é nazista, não é fascista, não é comunista, é só um presidente nacionalista de direita, num país capitalista, enfrentando o expansionismo estadunidense que ameaça a soberania da Rússia. 

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A visita de Bolsonaro a Putin pouco antes do início do conflito em nada altera suas causas. E o argumento “se Bolsonaro está a favor serei contra” é muito infantil.

As consequências deste enfrentamento vão variar da falta temporária de adubos a uma crise mundial, quero muito a primeira opção. O arsenal russo assusta a Europa e EUA, tanto que até agora as represálias foram sansões. Guerra mundial? Difícil, mas possível. A exigência de Putin é simples, não quer bases militares nas fronteiras. Para que a Ucrânia precisa de bases militares com aparato nuclear na fronteira com a Rússia? A Ucrânia diz querer negociar, por que não negocia? Por pressão estadunidense, que quer guerra. Os EUA precisam de guerras. Por quê?

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Por vários motivos. Primeiro, pela manutenção de sua hegemonia mundial; para vender armas; para depois de arrasar, reconstruir o país, lucrando fortunas pelo trabalho. Para resolver um de seus grandes problemas, negros, latinos, imigrantes, jovens muito pobres. Por fim, pela forte tradição expansionista, bem conhecida no mundo. EUA e OTAN, a verdadeira ameaça, ignorada pelos pacifistas indignados. 

A Ucrânia tem um governo de extrema direita, sofreu um golpe parecido com o armado em 2016 no Brasil. Destituiu um presidente legalmente eleito, que não concordou em implantar bases militares da OTAN em seu território. Na Ucrânia existe um partido nazista, mas é proibido existir partidos comunistas. Desde 2014 milhares de ucranianos identificados com a esquerda foram mortos, desapareceram ou fugiram. Sindicalistas e outros militantes foram massacrados e queimados. Quem está morrendo são os nazistas? Não sabemos. Mas a derrota da Ucrânia será também uma derrota ao nazismo. E caso ocorra a quebra da hegemonia estadunidense, o mundo será, inconteste, um mundo melhor. 

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Este texto é em defesa da guerra?

Não. Este texto é contra a guerra, é para identificar os reais autores e motivos do conflito. A responsabilidade do confronto é da OTAN, leia-se EUA! Biden e seus asseclas europeus é que devem ser responsabilizados, cobrados, xingados. Copio aqui uma frase de Daniel Sebastiani: A guerra não é pela hegemonia, é contra a hegemonia! 

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Toda guerra é nefasta, detestável e qualquer democrata deve, sim, se manifestar a favor da paz. A favor das medidas necessárias para garantir a paz. Sem fazer defesas vazias de uma paz idílica, sem identificar causas e motivos destas guerras. Raivosamente, em defesa da paz.

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