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Regina Abrahão

Sindicalista, feminista, funcionária pública do RS

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Vacina para todos os brasileiros!

O que não pode continuar é este genocídio a que o povo brasileiro está submetido. Apesar da doença matar muito mais os pobres, ricos também estão morrendo. Hoje, 5 de novembro, já são seis milhões e meio de contaminados e mais de 170 mil mortes. O brasileiro está morrendo por causa da birra ideológica e do desprezo da cúpula que governa o país.

(Foto: REUTERS/Dado Ruvic)
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Cinco de dezembro de 2020, sábado, dia em que a Rússia iniciou a imunização em massa contra a COVID com a vacina Sputnik V, lá criada e desenvolvida. Oito de dezembro, o Reino Unido inicia seu programa utilizando as vacinas produzidas pela americana Pfizer e alemã BioNTech. Ainda em dezembro Portugal inicia a imunização que atingirá 10% de sua população na etapa inicial. Também França, Itália, Espanha, EUA e dezenas de países já estão organizados para receber as vacinas já registradas. México, Chile, Peru, Equador e Costa Rica juntos adquiriram 59 milhões de doses da vacina da Pfizer que começam a ser usadas em janeiro. Brasil? Talvez ao final do primeiro trimestre. Voltamos ao nível de país subdesenvolvido ao lado das mais precárias economias do planeta.

No final de novembro o Ministério da Saúde começou a tratar do assunto, definiu os grupos prioritários. Quanto à aquisição do produto, 100 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, produzida pela AstraZeneca em conjunto com a FioCruz em agosto (são necessárias duas doses para imunização). Em São Paulo o Instituto Butantã, em conjunto com a empresa chinesa Sinovac, terá produzido, no início de janeiro, 46 milhões de doses, e o governador anuncia que em 15 de janeiro começa seu programa de imunização independente do registro na ANVISA.

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Países de diferentes graus de desenvolvimento e riqueza optaram por proteger sua população e iniciaram os processos de imunização. Para isto planejaram a logística necessária. Compraram ou produziram seringas e demais insumos necessários. Determinaram critérios para definir quais os grupos prioritários, capacitaram trabalhadores para a execução. Designaram recursos humanos para executar as ações necessárias. Destinaram verbas para este fim e estabeleceram contratos com várias empresas. A compra diversificada é importante não só para garantir o acesso amplo ao produto, mas também pelas características que melhor possam atender à diferença entre os grupos-alvo.

O Brasil não planejou uma campanha de imunização. O General especialista em logística não aplicou seus conhecimentos, aderiu ao discurso do ódio.  Não se preparou, não adquiriu produtos suficientes, desprezou ofertas. O presidente transformou o debate técnico em disputa ideológica. Como por hábito, minimizou a gigantesca contaminação e óbitos. Manteve tal conduta desde o início da pandemia indicando um militar totalmente alheio aos assuntos da saúde no ministério. Sequer manteve a neutralidade quanto à única forma até então eficaz de prevenção; ao contrário, desaconselhou o uso de máscaras, ignorou medidas simples como a higienização das mãos e superfícies. E procedeu não apenas dando exemplo, mas negando publicamente os riscos da doença e das condutas adequadas.

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Uma das opções, a Coronavac, sequer é citada pelo governo e ministério. Justamente aquela que pode ser armazenada nos equipamentos já disponíveis e que elimina a necessidade de seringas. A vacina da Moderna, oferecida ao governo, não tem sido considerada. O motivo seria a inexistência de equipamentos para sua conservação. Não, não procede. Várias universidades e laboratórios privados possuem, e numa emergência sanitária, só a falta de vontade política explica o não uso destes. A proposta de um consórcio de governadores estaduais, autorizada pelo general-ministro para a compra da Coronavac foi desautorizada um dia depois de anunciada, o registro desta vacina está nas mãos da ANVISA. Mas a agência teve sua direção recentemente trocada por outra de maior alinhamento ideológico.

As dificuldades na execução de um programa de vacinação também não procedem. O SUS tem expertise em campanhas de imunização. Mesmo sucateado, sem investimentos e na mira de privatização o SUS pode cumprir mais esta tarefa. Novamente, ignorar esta capacidade tem viés ideológico. E para o transporte do material, temos um contingente militar grande o suficiente para tal. Finalmente teriam função no país.

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O que não pode continuar é este genocídio a que o povo brasileiro está submetido. Apesar da doença matar muito mais os pobres, ricos também estão morrendo. Hoje, 5 de novembro, já são seis milhões e meio de contaminados e mais de 170 mil mortes. O brasileiro está morrendo por causa da birra ideológica e do desprezo da cúpula que governa o país.

Então não existe outra explicação para o mesmo governo que privilegia a economia ao invés da saúde de seu povo não executar uma ampla campanha de vacinação! Com prioridades, com prazos, mas executado.  Mesmo que não seja minha motivação, enquanto houver pandemia a economia não se reerguerá. As aglomerações, tão ao gosto do presidente, continuarão produzindo contaminações, que sobrecarregarão ainda mais o sistema de saúde. A vacina poderia iniciar inclusive a tão sonhada recuperação econômica. Ao contrário, o caos social que se anuncia estará instalado. E aos cidadãos de bem, não há plano de saúde ou benção divina que enfrente o que está por vir. 

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Obviamente uma grande concentração nas portas do palácio não está sendo conjecturada. Mas temos a obrigação moral de fazer crescer esta pauta. A vacina é um direito de todos e uma obrigação do governo. 

Nossa intervenção nesta conjuntura é limitada, nunca vivemos uma pandemia antes. Não temos a fórmula, só a necessidade de agir. Crie memes, um filtro para suas fotos, reclame em suas redes. Converse com seus dirigentes sindicais, partidários, leve o assunto aos grupos onde você se organiza e debate. Comprometa os parlamentares que você ajudou a eleger. Quando o abaixo-assinado pedindo vacina chegar em você, assine e compartilhe. Fale, reclame, explique aos indecisos, aos que não entenderam ainda o que está acontecendo. Obvio, não perca tempo com os convictos, de alinhamento ideológico irreversível. Estes sentirão seu erro quando estiverem esperando na fila de um leito. 

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Porque, afinal, não é só uma gripezinha, e se nada fizermos, podemos não estar aqui para a necessária autocrítica.

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