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América Latina

Meta de Lula, integração pode reduzir turbulências na América do Sul, apontam especialistas

Integração regional é aposta em democracia e desenvolvimento na região

Marcelo Fernández e Lula (Foto: Ricardo Stuckert)
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Sputnik - Em seu primeiro discurso e nos atos iniciais de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou que está disposto a aprofundar o processo de integração entre os países da América do Sul em seu terceiro mandato. Mas como aprofundar a relação diante de um cenário de tanta turbulência?

Especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil apontam que a conjuntura caótica que abala o subcontinente sul-americano não é uma novidade e, ao invés de atrapalhar os planos ecoados por Lula, deve servir como um impulso a mais para que esse passo seja dado. A integração, segundo os analistas, pode inclusive reduzir as turbulências.

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No discurso de posse, o presidente falou sobre a retomada da integração sul-americana a partir do Mercosul e da revitalização da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL). O novo governo também se mobilizou para retornar à Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e garantiu a viagem do presidente à Argentina para participar da cúpula.

"O discurso do Lula deixa muito claro que o Brasil vai olhar com atenção para o entorno regional e a integração voltará a ser um prioridade", aponta Paulo Velasco, professor de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

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Para Pablo Fontes, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), está claro que a integração regional será um prioridade no governo Lula.

"Tenho certeza que a integração regional será uma prioridade no governo Lula. As próprias manifestações do governo Lula já dão a direção para o projeto de integração regional. Não apenas pela própria fala do Lula em seu discurso de posse, bem como pelas delegações que chegaram ao Brasil. Muitas do continente africano, mas também, e principalmente, da América Latina. Já há um esforço, uma direção. [...] Há um movimento de fazer com que a integração regional passe por um processo de reconstrução e, principalmente, tenha destaque relevante, seja pelo Mercosul, seja pela reconstrução da UNASUL ou pela propria CELAC", indicou o professor da UFRJ.

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Tanto Fontes quanto Velasco acreditam que as instabilidades em Peru, Bolívia, Argentina e até mesmo no Brasil não atrapalham os planos reafirmados por Lula.

"A América Latina tem vivido, na verdade, um cenário bastante caótico nos últimos anos. Se a gente pega de 2019 para cá, tem sido um quadro de turbulência, de convulsão social, Chile, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Venezuela… Além disso, instabilidades econômicas bastante profundas na Argentina. É uma região marcada por desconcertos, instabilidade, convulsão social. [...] [Por isso], é importante que os Estados da região deem as mãos", pontuou Velasco.

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No último domingo (8), um grupo de apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiu os prédios dos Três Poderes em Brasília e deixou um rastro de destruição. O episódio rendeu manifestações de solidariedade de diversas autoridades mundiais, reforçando a liderança de Lula, segundo especialistas. Ao mesmo tempo, no Peru, a repressão promovida pelo governo de Dina Boluarte — que assumiu após a derrubada do ex-presidente Pedro Castillo — já deixou um saldo de pelo menos 47 mortos (18 apenas no dia 10 de janeiro) e alerta a comunidade internacional. Na Bolívia, opositores do governo Luis Arce realizaram protestos violentos no fim de 2022 e o líder da oposição, Luis Fernando Camacho, terminou preso, aumentando as tensões.

"Ainda que esteja havendo algumas turbulências no Brasil por parte de grupos de extrema-direita fascistóides que tentam, por meio de financiamento, tentar implodir o processo democrático no Brasil, tendo a achar que a integração será um dos principais vetores desse governo. Não apenas a integração regional latino-americana, mas os mecanismos de cooperação internacional, sobretudo com países africanos", afirma Fontes.

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"O fato de o Brasil ter recebido manifestações [de solidariedade] de diversos países vizinhos, mas também de países europeus, dos EUA, da Ucrânia, da Rússia e da China, manifesta o apoio à democracia e a importância que o Brasil tem e possui não apenas na integração regional, mas como um dos países de mediação e negociação no sistema internacional", completou.

Velasco tem a mesma opinião: "Com relação à turbulência política, não acredito que atrapalhe os planos de uma integração. O Brasil tem um peso gigantesco na região, é o país de maior envergadura, é natural que qualquer turbulência ou instabilidade reverbere na região, mas não acredito que atrapalhe".

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Os dois especialistas também enxergam que o impulso à integração pode ajudar na resolução de crises e arrefecimento das turbulências que sacodem os países. Fontes enxerga, inclusive, que o Brasil de Lula pode atuar como mediador de conflitos em razão do perfil pacificador e conciliador do presidente brasileiro.

"Isso pode diminuir em termos de latência com a participação do Brasil. Não apenas no sentido de mediação e negociação entre os países, onde o Brasil é excelente — tem um trabalho historicamente muito bem executado pelo Itamaraty. Além disso, o Brasil tem um presidente que gosta de lançar o Brasil cada vez mais no sistema internacional e é um presidente que exerce uma diplomacia presidencial", aponta o professor da UFRJ.

"Diferente do que ocorreu durante os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, a gente tem um outro enquadramento regional, onde um direcionamento de centro-esquerda tem muito mais projeção na região. Mas mesmo que não fosse o caso, a figura de Lula é uma figura de pacificação e apaziguamento e desenvolvimento na região", completou.

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