<p><b>247 - </b>A Justiça da Argentina autorizou a extradição de cinco brasileiros condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A decisão foi tomada pelo juiz Daniel Eduardo Rafecas, do Tribunal Criminal nº 3 de Buenos Aires.</p>
<p>De acordo com o <a href="https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/12/03/agu-pede-que-gilmar-mendes-reconsidere-decisao-que-restringe-a-pgr-pedidos-de-impeachment-contra-ministros-do-stf.ghtml">G1</a>, o julgamento foi aberto após solicitação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, responsável pelas ações penais relacionadas aos ataques às sedes dos Três Poderes. Os brasileiros, que fugiram para a Argentina logo após as ordens de prisão, ainda podem recorrer da decisão do magistrado.</p>
<h2>Foragidos buscavam evitar prisões decretadas pelo STF</h2>
<p>As investigações conduzidas pela Polícia Federal identificaram que dezenas de condenados cruzaram a fronteira e pediram refúgio ao governo argentino como estratégia para escapar das ordens judiciais emitidas pelo STF. Os cinco julgados por Rafecas - Rodrigo de Freitas Moro Ramalho; Joelton Gusmão de Oliveira; Joel Borges Correia; &nbsp;Wellington Luiz Firmino; e Ana Paula de Souza - fazem parte do grupo de 61 brasileiros que deixaram o país após os episódios de 8 de janeiro.&nbsp;</p>
<p>A entrada no território argentino e a solicitação de refúgio geraram uma série de trâmites legais, culminando no processo de extradição analisado pelo Tribunal Criminal nº 3 de Buenos Aires.</p>
<h2>Governo argentino disse que não haveria “pactos de impunidade”</h2>
<p>No ano passado, Rafecas concedeu entrevista à GloboNews afirmando que todos os foragidos detidos na Argentina passariam por julgamentos formais antes de qualquer decisão de extradição. Em 2024, o porta-voz do governo argentino, Manuel Adorni, reforçou a posição oficial do país, afirmando que não existiam “pactos de impunidade” e que Buenos Aires respeitaria “cada decisão judicial”.</p>
<p>Apesar da proximidade política entre o presidente argentino Javier Milei e Jair Bolsonaro (PL), também investigado no inquérito dos atos golpistas, o governo manteve o discurso de que cumpriria integralmente os trâmites legais e decisões judiciais.</p>
<h2>Pedido de extradição já havia sido feito pelo STF</h2>
<p>O ministro Alexandre de Moraes havia solicitado a extradição dos foragidos no ano anterior, no âmbito das ações penais relativas ao ataque aos Três Poderes. A decisão de Rafecas alinha-se à cooperação jurídica internacional mantida entre Brasil e Argentina.</p>
<p>Mesmo com a sentença autorizando a entrega dos condenados, a defesa dos brasileiros ainda pode apresentar recursos dentro dos prazos previstos pela legislação argentina, o que pode prolongar o processo até o retorno definitivo dos acusados ao Brasil.</p>

Paulo Emilio

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América Latina

Argentina decide extraditar brasileiros condenados pelos atos golpistas de 8/1

<p><b>247 -</b> O presidente Javier Milei disse que a economia da Argentina cresceu 5%, mas os dados oficiais contam uma outra história e o desmentem gravemente. Além disso, as condições de vida de boa parte da população se fragiliza à medida que as medidas neoliberais de Milei se aprofundam.&nbsp;</p>
<p>O consumo caiu e inúmeras empresas fecharam. Os economistas que realmente buscam descobrir de onde Milei tirou a cifra falam em "contabilidade criativa", de acordo com o jornalista Fabián Restivo, da <b>teleSUR</b>.&nbsp;</p>
<p>Ele detalha os dados reais no vídeo, em que diz: "A cifra vem do movimento econômico, ou seja, a dívida que entra é contabilizada". <b>Assista:&nbsp;</b></p>
<div class="embed-block"><blockquote class="twitter-tweet"><p lang="pt" dir="ltr">Javier Milei disse que a Argentina cresceu 5%, mas os dados oficiais contam uma outra história e o desmentem gravemente.<br/><br/>A reportagem é do jornalista Fabián Restivo, da <a href="https://twitter.com/teleSURtv?ref_src=twsrc%5Etfw">@teleSURtv</a>. <a href="https://t.co/3uKi2ig8fz">pic.twitter.com/3uKi2ig8fz</a></p>&mdash; Brasil 247 (@brasil247) <a href="https://twitter.com/brasil247/status/1996023065273401648?ref_src=twsrc%5Etfw">December 3, 2025</a></blockquote> <script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script></div>
<p>O Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) da Argentina informou na terça-feira (2) que a atividade econômica do país registrou um crescimento anual de 5% em setembro e uma alta mensal de 0,5% na comparação com dados dessazonalizados.</p>
<p>O próprio mercado financeiro argentino vinha expressando preocupações sobre uma recessão técnica no terceiro trimestre. Os dados divulgados pegaram todos de surpresa.&nbsp;</p>

Redação Brasil 247

O presidente da Argentina, Javier Milei, em Buenos Aires - 26/10/2025 

Milei diz que a Argentina cresceu 5%, mas economistas veem sinais de "contabilidade criativa"

<p><b>247 – </b>O governo de Javier Milei oficializou a privatização de quatro grandes usinas hidrelétricas localizadas na Patagônia, no que representa a primeira venda de ativos estratégicos desde o início de seu mandato. As informações foram publicadas originalmente pela Sputnik Brasil.</p>
<p>A iniciativa, celebrada pela Casa Rosada como um marco no programa de desestatizações, envolve propostas que somam aproximadamente US$ 685 milhões (R$ 3,6 bilhões) para as usinas Alicurá, Piedra del Águila, El Chocón-Arroyito e Cerros Colorados, situadas nas províncias de Neuquén e Río Negro.</p>
<h2>Complexo de Comahue: energia, regulação de rios e receita estatal</h2>
<p>Essas hidrelétricas, conhecidas como Barragens de Comahue, foram construídas entre o fim dos anos 1960 e os anos 1990 e formam um dos mais relevantes complexos de energia da América do Sul. Só em 2023, a energia hidrelétrica respondeu por quase 25% da capacidade instalada da Argentina.</p>
<p>Além da função energética, os reservatórios regulam os rios Limay e Neuquén, abastecem regiões metropolitanas e sustentam polos industriais. A operação eficiente e de baixo custo sempre permitiu ao Estado moderar tarifas e financiar subsídios — fator que torna o ativo ainda mais estratégico no contexto de forte instabilidade cambial e de reservas líquidas negativas.</p>
<p>Em um cenário de vencimentos da dívida que ultrapassam US$ 7 bilhões no primeiro trimestre de 2026, o governo considera a venda uma maneira rápida de obter dólares diante da ausência do financiamento externo prometido.</p>
<h2>Ofertas locais superam multinacionais que dominavam o setor desde os anos 1990</h2>
<p>As melhores propostas vieram de operadoras argentinas, como Central Puerto, MSU e Grupo Edison, superando empresas multinacionais que controlavam os ativos desde o período de privatizações do governo Menem.</p>
<p>O ministro da Economia, Luis Caputo, comemorou o resultado:<br/>
 "Isso reafirma o interesse do setor privado em investir na Argentina quando as regras são claras."</p>
<h2>Alertas institucionais: vazio regulatório, banco privado avaliando ativos e TCU paralisado</h2>
<p>A decisão, porém, desencadeou fortes críticas no Congresso e em órgãos de controle.</p>
<p>A Comissão Bicameral de Privatização alertou que o governo não definiu qual será a autoridade reguladora das novas concessionárias — ponto considerado essencial para evitar concentração de poder e disputas futuras em redes de energia, transporte e infraestrutura.</p>
<p>Outro foco de preocupação é o mecanismo de avaliação dos ativos. O Tribunal de Avaliação, responsável legal por supervisionar o processo, declarou-se impedido em várias etapas, transferindo a avaliação para um banco privado, o que foi classificado por parlamentares da oposição como risco à integridade patrimonial do Estado.</p>
<p>A isso se soma a paralisação do Tribunal de Contas da União argentino, com o mandato de seis dos sete auditores expirado desde abril. Sem funcionamento regular do órgão, não há possibilidade de revisão técnica posterior das privatizações. O Congresso já discute produzir seu próprio relatório caso o Executivo continue sem prestar esclarecimentos.</p>
<h2>Governo amplia plano de privatizações para outras barragens e setores de infraestrutura</h2>
<p>A Casa Rosada também deu início aos procedimentos para privatizar outras sete barragens com concessões próximas do vencimento, além de empresas ferroviárias, rodoviárias e de energia. Todas essas iniciativas estão contempladas na chamada lei omnibus, aprovada em 2024 com amplo poder concedido ao Executivo.</p>
<p>Milei argumenta que a venda de ativos estatais é essencial para “atrair investimentos” e “estabilizar a macroeconomia” em 2026.</p>

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Milei acelera privatização de hidrelétricas na Patagônia e cede ativos estratégicos em meio à crise cambial

<p><b>Lincoln Chaves, repórter da EBC - </b>O título do Flamengo, conquistado neste sábado (29) no Estádio Monumental de U, em Lima (Peru), sobre o Palmeiras, colocou o Brasil no topo do ranking de conquistas da Libertadores ao lado da Argentina. Os dois países acumulam 25 troféus do mais importante torneio interclubes da América do Sul.</p>
<p>O Brasil volta a ocupar o posto depois de 61 anos. Em 1963, quando o Santos ganhou a Libertadores pela segunda vez, o futebol brasileiro se igualou ao Uruguai, vencedor em 1960 e 1961 com o Peñarol. Em 1964 e 1965, graças ao Independiente, a Argentina também foi a duas conquistas.</p>
<p>Em 1966, o Peñarol foi tricampeão e recolocou o Uruguai, de forma isolada, no topo de países com mais títulos, tirando o Brasil da ponta. A liderança charrua, porém, durou somente até 1968, quando o Estudiantes levantou a quarta taça dos argentinos - a terceira, que os igualou aos uruguaios, veio em 1967, com o Racing.</p>
<p>De lá para cá, os hermanos mantiveram, sozinhos, o status de país com mais Libertadores. Nos últimos anos, porém, a diferença para os argentinos, construída nos anos 1960 e 1970, foi caindo drasticamente. Desde 2019, apenas clubes brasileiros levantaram o troféu. São sete títulos em sequência, um recorde no torneio.</p>
<p>Os maiores campeões da Libertadores ainda são argentinos. O Independiente lidera a estatística, com sete títulos, seguido pelo Boca Juniors, com seis, e o intruso uruguaio Peñarol, com cinco. Ainda há River Plate e Estudiantes com os mesmos quatro títulos que o Flamengo igualou neste sábado.</p>
<p>Em número de campeões, o Brasil lidera com folga. São 12 clubes diferentes a terem erguido a taça, com o Rubro-Negro assumindo o posto de maior vencedor do país com o título em Lima. Na Argentina, são oito equipes. Apenas Peru, Bolívia e Venezuela nunca tiveram um time que conquistou a América, sendo que somente os peruanos já estiveram em finais. Em 1972, o Universitário foi derrotado pelo Independiente, enquanto em 1997 o Sporting Cristal foi vice para o Cruzeiro.</p>
<p>Considerando as cidades, Buenos Aires é a mais laureada, com as 13 conquistas de Boca Juniors, River Plate, Argentinos Juniors, San Lorenzo e Vélez Sarsfield. A também argentina Avellaneda aparece na sequência, com oito taças (sete do Independiente e uma do Racing). Graças ao tetra do Flamengo, o Rio de Janeiro se igualou a São Paulo, ambas com sete títulos - Fluminense, Vasco e Botafogo têm um troféu cada.</p>

Troféu da Libertadores no Estádio Monumental, em Lima, no Peru

Esporte

Brasil iguala Argentina no topo da Libertadores, com 25 títulos

<p><a href="https://operamundi.uol.com.br/america-latina/milei-nomeia-filho-de-torturador-da-ditadura-como-novo-ministro-de-defesa/"><b>Opera Mundi</b></a><b> -</b> O <a href="https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/governo-milei-gera-perda-de-276-mil-empregos-e-fechamento-de-19-mil-empresas-revela-estudo/">presidente da Argentina, Javier Milei</a>, oficializou neste sábado (22/11) duas mudanças no seu governo: a chegada de Alejandra Monteoliva ao Ministério da Segurança Pública, em substituição de Patricia Bullrich (<a href="https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/partido-de-milei-supreende-e-vence-legislativas-na-argentina/">que assumiu cargo no Senado</a>) e a de Carlos Alberto Presti no Ministério de Defesa, em lugar de Luis Petri (eleito deputado em 26 de outubro).</p>
<p>A revelação dos novos ministros causou polêmica sobretudo pelo nome de Presti, tenente-general que é filho de Carlos Roque Presti, militar que comandou o 7º Regimento de Infantaria em La Plata durante a última ditadura civil-militar argentina (1976-1983).</p>
<p>Durante o regime ditatorial, Roque Presti foi responsável pelas operações de repressão na chamada Área Operacional 113, onde teria liderado dinâmicas de tortura e assassinato de opositores.</p>
<p>Como a maioria dos comandantes militares argentinos, Presti pai foi processado pelos crimes que cometeu, mais especificamente por seu envolvimento na morte de 44 pessoas, mas morreu sem receber uma sentença definitiva.</p>
<p>Já Presti filho, antes de ser ministro de Defesa, foi comandante da 4ª Brigada Aerotransportada e diretor da Academia Militar, e também participou da missão de paz no Haiti nos Anos 2000.</p>
<h2>Primeira vez pós-ditadura</h2>
<p>Ao nomear Presti, Milei ressaltou que esta é a primeira vez desde o retorno da democracia na Argentina (em 1983) que um militar ocupa o Ministério da Defesa. Isso ocorreu quando Luis Petri, que ocupava o cargo até então, foi eleito para a Câmara dos Deputados.</p>
<p>Em declaração após a nomeação, o mandatário descreveu o novo ministro como “uma pessoa com uma carreira militar impecável, que tenha alcançado o mais alto posto, estará à frente do Ministério da Defesa Nacional e das Forças Armadas”.</p>
<p>“É dever da liderança política atuar para transformar o país e colocar fim à demonização das Forças Armadas promovida pelos governos de esquerda”, acrescentou Milei.</p>
<p>Já o caso do Ministério da Segurança Pública, Monteoliva assumiu o cargo após ser subsecretária de Bullrich desde dezembro de 2023, razão pela qual era considerada a substituta natural para a pasta.</p>

Milei nomeia filho de torturador da ditadura como novo ministro de Defesa

<p><b>247 – </b>Uma comissão da Câmara dos Deputados da Argentina concluiu que o presidente Javier Milei utilizou sua posição institucional para promover a criptomoeda Libra ($LIBRA), resultando em prejuízos de milhões de dólares a investidores ao redor do mundo. As informações foram publicadas pelo portal RT Brasil e pelo site argentino <i>Ámbito</i>, citados no início do relatório divulgado pelos parlamentares.</p>
<p>Segundo a investigação, o mandatário argentino e seus associados facilitaram um esquema que teria utilizado a imagem presidencial para impulsionar artificialmente a demanda pela criptomoeda. No relatório entregue aos tribunais, os deputados afirmam que quase 80% dos investidores sofreram perdas financeiras, enquanto um grupo reduzido obteve lucros milionários.</p>
<h3>Relatório aponta uso da imagem presidencial e violação de princípios éticos</h3>
<p>O presidente da comissão investigadora, Maximiliano Ferraro, explicou que uma análise técnica das blockchains permitiu identificar <b>“transferências financeiras que coincidem com datas e valores indicados nas investigações”</b>, indicando movimentações suspeitas antes e depois de anúncios públicos do governo.</p>
<p>De acordo com o documento, Milei teria violado a Lei de Ética Pública ao promover a criptomoeda sem mecanismos de controle e com aparente coordenação de atores privilegiados do mercado. O relatório afirma que a promoção presidencial da $LIBRA <b>“não foi um caso isolado”</b> e que houve <b>“decisão deliberada”</b> para contornar instâncias institucionais.</p>
<p>Os parlamentares também citam a declaração do ex-chefe de gabinete Guillermo Francos, que reconheceu que o governo <b>não avaliou previamente</b> o conteúdo da mensagem publicada por Milei nas redes sociais — mensagem que desencadeou uma corrida de compradores e a subsequente valorização temporária do ativo.</p>
<h3>Lucros concentrados e perdas generalizadas</h3>
<p>A investigação aponta que um pequeno número de investidores teria comprado a criptomoeda antes do anúncio oficial e vendido quando o volume de compras aumentou após a publicação presidencial. Conforme o relatório:</p>
<ul>
  <li>&nbsp;<b>79,93% dos investidores perderam dinheiro</b>.</li>
  <li>&nbsp;<b>36 pessoas lucraram mais de 1 milhão de dólares</b> (cerca de R$ 5,3 milhões).</li>
  <li>&nbsp;<b>Outros 210 investidores ganharam mais de 100 mil dólares</b> (aproximadamente R$ 534 mil).</li>
</ul>
<p>A comissão identificou ainda supostos pagamentos e transferências ligados ao operador financeiro Mauricio Novelli, apontado como articulador do acordo entre Milei e o desenvolvedor da criptomoeda, o americano Hayden Davis.</p>
<h3>Parlamentares pedem que Congresso investigue o presidente</h3>
<p>Diante das conclusões, os membros da comissão exigem explicações públicas do presidente argentino e pedem que o Congresso abra uma investigação formal sobre o caso. Para os parlamentares, o episódio causou <b>“danos à reputação da Argentina”</b> e expôs fragilidades nos controles institucionais sobre a conduta do chefe de Estado.</p>
<p>A crise política se aprofunda enquanto o relatório avança nos tribunais, ampliando a pressão sobre o governo de Javier Milei em meio ao impacto internacional do caso.</p>

Argentina investiga Milei por fraude com criptomoeda e prejuízo global a investidores

<p><b>247 -</b> Uma comissão de investigação da Câmara dos Deputados da Argentina concluiu que o presidente Javier Milei teria praticado atos “compatíveis com uma suposta fraude” ao divulgar a criptomoeda $LIBRA nas redes sociais. A informação foi publicada inicialmente pela<a href="https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/11/milei-cometeu-suposta-fraude-com-criptomoeda-decide-comissao-de-investigacao-na-argentina.shtml?utm_source=twitter&amp;=social&amp;utm_campaign=twfolha"> Folha de S.Paulo,</a> que teve acesso ao relatório enviado ao Congresso argentino.</p>
<p>O documento, produzido por um colegiado dominado pela oposição ao governo, atribui a Milei e à irmã dele, Karina Milei — secretária-geral da Presidência — a “responsabilidade política” pelos prejuízos causados a investidores argentinos e estrangeiros. A comissão finalizou a primeira etapa dos trabalhos e remeteu suas conclusões ao Parlamento, que deverá analisar se o presidente incorreu em “má conduta no exercício de suas funções”.</p>
<p>A grave acusação teve início em fevereiro, quando Milei publicou em sua conta na rede X (antigo Twitter) uma mensagem citando a criptomoeda $LIBRA, desconhecida até então. A simples menção fez o ativo disparar e, em seguida, despencar, gerando perdas milionárias. Após a repercussão negativa, o presidente se defendeu dizendo que não promoveu o projeto. “Sou um otimista tecnológico fanático e quero que a Argentina se torne um polo de tecnologia”, afirmou. Em outra declaração, acrescentou: “Por querer ajudar um argentino, levei uma bofetada”.</p>
<p>A comissão recebeu dezenas de denúncias relacionadas ao episódio, algumas delas apresentadas também nos Estados Unidos. O conjunto das queixas foi centralizado em uma juíza e em um promotor, responsáveis por conduzir a investigação criminal paralela. O relatório parlamentar, segundo o colegiado, já foi encaminhado à Justiça.Os parlamentares informaram ainda que não conseguiram ouvir Milei nem sua irmã, que não compareceram às convocações formais. A ausência dos dois limitou parte da apuração, mas não impediu a conclusão do relatório, que agora depende de deliberação legislativa para eventuais desdobramentos.</p>
<p>A continuidade do caso no Congresso, no entanto, é incerta. A partir de 10 de dezembro, a nova composição legislativa — mais favorável ao governo após as eleições de outubro — tende a reduzir o ímpeto de uma investigação política aprofundada.Enquanto o futuro do processo permanece indefinido, o episódio adiciona mais um capítulo à disputa entre o Executivo e a oposição na Argentina, em meio ao primeiro ano de mandato de Javier Milei e ao cenário econômico e institucional já marcado por tensões.</p>

Laís Gouveia

O presidente da Argentina, Javier Milei, em Madri, Espanha - 21/06/2024

Milei cometeu suposta fraude com criptomoeda, decide comissão de investigação na Argentina

<p><b>247 - </b>Um tribnunal de Buenos Aires pediu na terça-feira (18) o confisco dos bens da ex-presidente argentina Cristina Kirchner, juntamente com os de outros condenados no âmbito do "Caso Vialidad", informou o jonrla <a href="https://www.pagina12.com.ar/2025/11/19/causa-vialidad-ordenan-decomisar-los-bienes-de-cristina-kirchner/"><b>Página 12</b></a>.&nbsp;</p>
<p>Entre os bens confiscados estão um imóvel em nome da ex-presidente e um conjunto de bens transferidos a seus filhos, Máximo e Florencia Kirchner.</p>
<p>O procurador do caso Diego Luciani disse no final de outubro que estava travando uma “luta” para assegurar o confisco dos bens da ex-presidente. “O confisco está confirmado. A única coisa que falta é executar. Temos um confisco equivalente a mais de 500 milhões de dólares. É algo muito claro: é preciso ir atrás dos bens”, declarou o representante do Ministério Público, de acordo com a reportagem.&nbsp;</p>
<p>O caso acusa Kirchner e 86 outras ex-autoridades de participarem de uma suposta rede que recebia subornos de empresários em troca de contratos de obras públicas durante seu governo. Ela nega as acusações.</p>
<p>O julgamento deverá se estender até o final do ano, de acordo com a Reuters.&nbsp;</p>

Leonardo Sobreira

A ex-presidente argentina Cristina Kirchner na Cidade do México - 3/8/2024

Lawfare: judiciário argentino ordena confisco de bens de Cristina Kirchner

<p><b>247 – </b>A Argentina “virou um grande Porto Rico”. A avaliação é do sociólogo e analista internacional <b>Marcelo Zero</b>, durante entrevista concedida à jornalista <b>Andrea Trus</b>, no programa <b>Boa Noite 247</b>. O comentário foi feito a partir da divulgação de um <b>framework</b> — um arcabouço preliminar — do que pode se tornar um acordo de livre comércio entre o governo de Javier Milei e os Estados Unidos.</p>
<div class="embed-block"><iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/8VDDn5zPLWE?si=_pOcTCpqL-XIzYVy" title="YouTube video player" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></div>
<h2>A “Alca unilateral” de Milei</h2>
<p>Logo no início da conversa, Marcelo Zero afirmou que o acordo em gestação é profundamente desequilibrado. Segundo ele, Milei está “<b>fazendo uma espécie de Alca (Área de Livre Comércio das Américas) unilateral</b>”, já que “<b>a Argentina faz todas as concessões e os Estados Unidos não fazem nenhuma concessão significativa</b>”.</p>
<p>Zero destacou que o presidente <b>Donald Trump</b>, atual líder dos Estados Unidos, conduz uma política de forte protecionismo. Enquanto isso, a Argentina — em crise econômica prolongada e sem moeda forte — caminha na direção oposta, abrindo setores estratégicos da economia. “<b>Hoje em dia é simples loucura</b>, entendeu? É o que eu chamo de Alca unilateral”, afirmou.</p>
<h2>Tarifa dos EUA disparou sob Trump</h2>
<p>O analista lembrou que, desde o início do governo Trump, a tarifa média de importação dos EUA saltou de <b>1,5% para 18,6%</b>, um aumento “sem precedentes históricos”, comparável apenas ao protecionismo da Grande Depressão.</p>
<p>Nesse cenário, Zero considera “insano” que a Argentina decida abrir amplamente seu mercado:</p>
<blockquote>&nbsp;“Você tem uma economia frágil como a da Argentina, que está em crise há muito tempo, querendo abrir a sua economia num contexto em que a maior economia do mundo está se tornando extremamente protecionista e agressiva.”</blockquote>
<h2>Concessões unilaterais: indústria, agricultura e propriedade intelectual</h2>
<p>Ao comentar o texto do framework, Marcelo Zero listou suas principais preocupações:</p>
<h3>• Entrada irrestrita de produtos industriais dos EUA</h3>
<p>A Argentina promete dar preferências comerciais a ampla gama de produtos norte-americanos:</p>
<ul>
  <li>&nbsp;farmacêuticos</li>
  <li>&nbsp;químicos</li>
  <li>&nbsp;maquinário</li>
  <li>&nbsp;equipamentos de informática</li>
  <li>&nbsp;celulares, computadores e hardware</li>
  <li>&nbsp;veículos, caminhões, ônibus</li>
  <li>&nbsp;aparelhos médicos</li>
</ul>
<blockquote>“<b>Tudo isso entra</b>”, afirmou o analista.</blockquote>
<h3>• Impacto na agricultura</h3>
<p>Além da indústria, produtos agrícolas dos EUA — fortemente subsidiados — também receberiam acesso privilegiado ao mercado argentino. Segundo Zero, isso pode devastar o setor agrícola local:</p>
<blockquote>&nbsp;“Com esses subsídios, você não tem condições de competir na maior parte dos produtos.”</blockquote>
<h3>• Propriedade intelectual subordinada aos EUA</h3>
<p>O acordo estabelece que a Argentina adequará sua legislação interna à lei norte-americana de comércio, a famosa <b>Section 301</b>, modificando inclusive critérios de patentes e indicações geográficas:</p>
<blockquote>&nbsp;“A Argentina se comprometeu a fazer mudanças estruturais em sua legislação para alinhá-la à legislação norte-americana.”</blockquote>
<h3>• Comércio digital dominado por big techs</h3>
<p>O país também reconheceria os EUA como “jurisdição adequada” para o comércio digital, o que significa, segundo Zero:</p>
<blockquote>&nbsp;“A Argentina vai reconhecer os interesses das big techs norte-americanas.”</blockquote>
<h2>O que os Estados Unidos oferecem em troca</h2>
<p>Marcelo Zero aponta que os EUA só prometem remover tarifas sobre produtos naturais que não produzem — como café ou manga — e abrir mercado para alguns fármacos <b>sem patente</b>, o que não afeta a indústria americana.</p>
<blockquote>&nbsp;“Isso não significa absolutamente nada”, resumiu.</blockquote>
<h2>Terras raras e lítio na mira</h2>
<p>O acordo ainda facilitaria o acesso dos EUA a setores estratégicos da nova economia, como:</p>
<ul>
  <li>&nbsp;<b>terras raras</b>, com reservas nas províncias de San Juan e La Rioja</li>
  <li>&nbsp;<b>lítio</b>, área em que a Argentina pode se tornar o terceiro maior produtor mundial</li>
</ul>
<p>Segundo Zero, isso representa a entrega de recursos vitais para a transição energética global.</p>
<h2>A ameaça ao Mercosul e ao Brasil</h2>
<p>A iniciativa de Milei também viola o Tratado de Assunção, que criou o Mercosul como união aduaneira. Países do bloco só podem negociar acordos comerciais em conjunto. Para Zero:</p>
<blockquote>&nbsp;“A Argentina tá dando uma banana para o Mercosul.”</blockquote>
<p>O impacto mais forte seria sobre o Brasil, cuja indústria depende fortemente das exportações para a região:</p>
<ul>
  <li>&nbsp;<b>93%</b> das exportações brasileiras para o Mercosul são industriais</li>
  <li>&nbsp;o Brasil exporta <b>50 bilhões de dólares</b> para a América Latina, mais do que para a União Europeia (<b>48 bilhões</b>) e bem acima dos EUA (<b>40 bilhões</b>)</li>
</ul>
<blockquote>&nbsp;“A indústria brasileira vai ficar vendida”, alertou.</blockquote>
<h2>Risco de “corralito 2”</h2>
<p>Com a abertura unilateral e a expectativa de forte déficit comercial com os EUA, Zero alerta para possível colapso cambial:</p>
<blockquote>&nbsp;“A Argentina pode realmente perder a sua indústria e agravar a escassez de dólares. Aí você pode ter que fazer um novo corralito.”</blockquote>
<p>Ele lembra que Trump tem sustentado Milei com empréstimos de curto prazo:</p>
<ul>
  <li>&nbsp;20 bilhões de dólares já liberados</li>
  <li>&nbsp;promessa de mais 20 bilhões</li>
</ul>
<p>Mas isso tem limite, segundo o analista.</p>
<h2>Estratégia dos EUA: cerco geopolítico ao Brasil</h2>
<p>Marcelo Zero afirmou que existe uma movimentação coordenada para isolar o Brasil na América do Sul, combinando:</p>
<ul>
  <li>&nbsp;ofensiva comercial</li>
  <li>&nbsp;ataques políticos sob o pretexto do “narcoterrorismo”</li>
  <li>&nbsp;estímulo a governos ultraliberais e alinhados a Washington</li>
</ul>
<blockquote>&nbsp;“Isso pode afetar o nosso futuro e as próximas eleições.”</blockquote>
<h2>O que o Brasil pode fazer</h2>
<p>Questionado sobre soluções, Zero disse que o governo brasileiro terá de agir dentro do Mercosul, alertando para a ilegalidade da iniciativa argentina. Caso Milei avance, a Argentina poderá até sair do bloco — mas, mesmo assim, deverá cumprir prazos e obrigações previstos no Tratado de Assunção.</p>
<p>Ele conclui destacando a importância estratégica da integração sul-americana para a economia brasileira, citando números que demonstram a relevância das exportações industriais para a América Latina.</p>
<div class="embed-block"><iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/xxNtIZNfZ1I?si=DlATLjgaKGbuQxzM" title="YouTube video player" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></div>

Presidentes dos EUA, Donald Trump,  e  da Argentina, Javier Milei, se reúnem na Casa Branca

Entrevistas

Milei entrega soberania econômica da Argentina aos EUA, alerta Marcelo Zero

<p><b>247 – </b>O presidente argentino Javier Milei colocou a Lei de Glaciares no centro de sua estratégia econômica e diplomática. Segundo reportagem publicada pelo teleSUR, a modificação da legislação é tratada pelo governo como condição para consolidar um acordo com os Estados Unidos, com o objetivo de transformar a mineração em um pilar econômico para a Argentina.</p>
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<p>A notícia, cuja fonte original é <i>El Destape</i> e o portal <i>No a la Mina</i>, destaca que a iniciativa reacendeu o conflito entre a promessa de geração de empregos e crescimento e o risco de danos ambientais em regiões de extrema fragilidade.</p>
<h2>Presidente ataca ambientalistas e chama críticas de “atitude bem primitiva”</h2>
<p>Ao defender o projeto, Milei afirmou que a reforma permitiria gerar cerca de um milhão de empregos e criar uma base financeira robusta para novos negócios no país. No entanto, adotou um discurso agressivo contra organizações ambientais que rejeitam a proposta.</p>
<p>O presidente declarou literalmente: <b>“Preferem que a gente morra de fome, mas não querem tocar em nada, com uma atitude bem primitiva”</b>, direcionando o ataque a ambientalistas que alertam para os impactos irreversíveis da mineração próxima aos glaciares.</p>
<h2>Projeto transfere às províncias o poder de definir áreas sensíveis</h2>
<p>A proposta enviada ao Congresso prevê que caberá às províncias determinar o perímetro da zona periglacial — espaço onde podem ser autorizadas atividades de mineração. Essa área, somada aos glaciares, representa cerca de 1% do território argentino, mas tem importância crucial para a segurança hídrica do país.</p>
<p>Especialistas alertam que a alteração pode provocar <b>redução dos caudais dos rios</b>, <b>diminuição do tamanho dos glaciares</b> e <b>degradação do permafrost</b>, comprometendo diretamente a disponibilidade de água para consumo humano, agricultura e indústria.</p>
<h2>Controvérsia e divisão política crescem em torno da proposta</h2>
<p>A disputa em torno da mudança da Lei de Glaciares expõe a tensão entre a busca por expansão econômica e a necessidade de preservar áreas estratégicas para o equilíbrio ambiental. Setores políticos, empresariais e sociais se dividem entre a promessa de investimentos e empregos e a preocupação com danos permanentes aos ecossistemas.</p>
<h2>Assinatura de acordo com os EUA aumenta pressão sobre o Congresso</h2>
<p>Enquanto o debate avança, Argentina e Estados Unidos assinaram um acordo de comércio e investimentos, ampliando a relevância das negociações bilaterais justamente no momento em que o Congresso discute a possibilidade de enfraquecimento da proteção dos glaciares.</p>
<p>A convergência entre reformas internas e compromissos internacionais coloca o país diante de uma encruzilhada estratégica, na qual <b>proteção ambiental</b> e <b>interesses do setor minerador</b> se chocam como prioridades opostas.</p>

O presidente dos EUA, Donald Trump, recebe o presidente da Argentina, Javier Milei, na Casa Branca em Washington, DC, EUA, em 14 de outubro de 2025

Milei pode mudar lei de glaciares para ampliar entreguismo aos Estados Unidos

<p><b>247 –&nbsp;</b>A política comercial adotada pelo presidente argentino Javier Milei acaba de dar mais um passo no desmonte da estrutura produtiva do país. A avaliação é do articulista <b>Juan Garriga</b>, do jornal <b>Página/12</b>, cuja análise revela que o acordo anunciado com os Estados Unidos replica um modelo pensado para economias muito menores e com baixa industrialização — algo que, segundo ele, corresponde a “um punhal no coração” da indústria argentina.</p>
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<p>No texto publicado pelo Página/12, Garriga destaca que o entendimento segue o mesmo esquema oferecido por Washington a Equador, El Salvador e Guatemala: os norte-americanos <b>mantêm os aranceles gerais</b> impostos este ano, <b>concedem exceções apenas em itens que não produzem</b> e, em troca, <b>exigem abertura profunda</b> de setores estratégicos argentinos. Não há, segundo o articulista, qualquer benefício diferenciado ao aliado Javier Milei — a Argentina é tratada como parte de um pacote genérico de países que “entregam muito e recebem pouco”.</p>
<h2>Abertura sem contrapartidas e perda de soberania regulatória</h2>
<p>O ponto mais sensível apontado pelo Página/12 é o <b>alto nível de assimetria</b>. Enquanto Washington assegura a manutenção de seus mecanismos de proteção comercial, exige da Argentina compromissos em áreas sensíveis como <b>normas sanitárias, trabalhistas, ambientais, digitais e de propriedade intelectual</b>. Tudo sem especificar de forma clara quais vantagens concretas o país sul-americano receberá em troca.</p>
<p>O quadro se agrava, observa Garriga, porque o acordo <b>impõe a adoção de normas e certificações dos Estados Unidos</b> para alimentos, medicamentos, dispositivos médicos, veículos e produtos agrícolas — substituindo órgãos como <b>ANMAT, SENASA e INAL</b> e reduzindo a autonomia regulatória argentina. “Sob o pretexto de ‘padrões internacionais’, o país ficaria obrigado a aplicar normativas externas que ignoram suas prioridades produtivas e sanitárias”, escreve.</p>
<p>A Casa Branca, por sua vez, <b>não abre mão de sua própria estrutura regulatória</b>, preservando totalmente sua soberania.</p>
<h2>Argentina nivelada por baixo e inserida na disputa geopolítica</h2>
<p>Outro ponto enfatizado é que o modelo aplicado não considera as diferenças estruturais entre os países. Equador, El Salvador e Guatemala têm economias primarizadas e exportam bens que <b>não competem com a indústria norte-americana</b>. Já a Argentina atua justamente em setores onde existem disputas diretas — <b>agro, siderurgia, alumínio, química e farmacêutica</b>.</p>
<p>A ausência de estudos de impacto e de análise setorial coloca o país em risco, afirma o articulista. Além disso, o acordo busca <b>transformar a Argentina em um mercado aberto para produtos norte-americanos</b> ao mesmo tempo em que restringe a entrada de bens provenientes de “economias não mercantis”, expressão usada para <b>limitar a competição chinesa</b>. Dessa forma, o país acaba inserido passivamente na guerra comercial global.</p>
<h2>Reações da indústria, do campo e da política</h2>
<p>As primeiras reações já surgem em diversos setores. Na indústria farmacêutica, o diretor executivo da Cilfa, <b>Eduardo Franciosi</b>, afirmou que o setor apoia acordos equilibrados, mas ressaltou que o anúncio traz apenas orientações amplas: <b>“Até que se conheça o texto final será difícil prever os impactos”</b>, disse, destacando a incerteza diante de possíveis pressões sobre patentes e produção de genéricos.</p>
<p>No agronegócio, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires valorizou iniciativas de inserção internacional, enquanto a Sociedade Rural declarou apoio preliminar, mas advertiu que aguarda os detalhes finais para medir os efeitos sobre a cadeia agroindustrial.</p>
<p>No plano político, as críticas são mais contundentes. O ex-diretor de Aduanas <b>Guillermo Michel</b> afirmou que “à Argentina chegou a fatura após o apoio norte-americano à campanha de Milei”. Já o ex-embaixador na China <b>Sabino Vaca Narvaja</b> foi categórico: <b>“Se você perde a normativa interna, é uma cessão de soberania enorme. É uma lei de bases adequada aos Estados Unidos.” </b>Segundo ele, o acordo replica a lógica da reforma estrutural interna, mas aplicada ao comércio exterior.</p>
<p>O economista <b>Claudio Loser</b>, ex-diretor do FMI, avaliou que não se trata formalmente de um tratado de livre-comércio, embora seja “o mais parecido” possível sem romper o Mercosul. Ainda assim, implica <b>obrigações significativas</b> sem criar mecanismos institucionais equivalentes.</p>
<p>A crítica mais dura vem do economista <b>Jorge Carrera</b>, para quem chamar o anúncio de “acordo” é um “abuso da linguagem”: <b>“O que se assinou foi uma imposição unilateral: a Argentina aceita as exigências tradicionais e novas dos Estados Unidos para facilitar importações desde lá e melhorar sua posição competitiva frente à Ásia e à Europa.”</b></p>
<h2>Consequências geopolíticas e o risco para outras negociações</h2>
<p>Carrera alerta que o texto final pode conter cláusulas ainda mais onerosas e que, por ora, o que existe é um <b>convênio de facilitação de importações norte-americanas</b>, somado à limitação de importações de terceiros países. Ele questiona como a Argentina argumentará suas demandas na negociação Mercosur–União Europeia após aceitar condições tão assimétricas.</p>
<p>Para Garriga, a mensagem enviada ao mundo é clara: o governo argentino está disposto a firmar acordos <b>com mínima reciprocidade</b>, mesmo em temas centrais de sua economia.</p>
<h2>Um gesto político que cobra seu preço</h2>
<p>A análise publicada no Página/12 conclui que o acordo funciona como <b>segunda etapa do apoio geopolítico recebido por Milei</b>, após a intervenção do presidente Donald Trump durante sua campanha e do uso do swap bilateral. Agora, esse apoio se converte em um esquema comercial que <b>aprofunda a dependência</b>, reduz a autonomia regulatória e pressiona ainda mais a já fragilizada indústria nacional.</p>
<p>Segundo o articulista Juan Garriga, a soma desses elementos permite compreender <b>“como Milei assassinou a indústria argentina”</b> — não por um ato isolado, mas por um alinhamento automático e sem contrapartidas com os interesses de Washington.</p>

Entenda como Milei assassinou a indústria argentina

<p><b>247 - </b>A avaliação publicada pelo <a href="https://www.pagina12.com.ar/">Página12 </a>nesta sexta-feira (14) sobre o avanço do novo Marco de Comércio Recíproco e Investimento entre Argentina e Estados Unidos retrata um cenário de crescente dependência de Buenos Aires em relação a Washington. Para o jornal, 'Argentina vive seu momento de maior subordinação aos EUA', diante do alcance e da profundidade das concessões feitas pelo governo de Javier Milei.</p>
<p>O Página12 destaca que o anúncio do entendimento foi feito unilateralmente pelo governo norte-americano, enquanto o chanceler argentino, Pablo Quirno, se reunia em Washington com o secretário de Estado Marco Rubio. A nota oficial divulgada pelos Estados Unidos descreveu o pacto como um instrumento para “fortalecer e equilibrar” a relação econômica entre os dois países — caracterização que, segundo o diário argentino, contrasta com o conteúdo do acordo, amplamente favorável aos interesses de Washington.</p>
<p>O presidente Javier Milei celebrou o avanço das negociações com a administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em um evento conservador realizado em Corrientes, afirmou em tom irônico: “Parece que as viagens estiveram rendendo um pouquinho, não?”. Para Milei, a negociação inaugura “um novo século de ouro” para a Argentina, baseado nos setores de mineração, energia e alimentos, além de embasar um conjunto de reformas trabalhistas, tributárias e penais que ele define como as mais profundas “da história argentina”.</p>
<p>A Casa Branca confirmou o andamento do acordo por meio de um comunicado oficial no qual declarou que “o presidente Donald Trump e o presidente Javier Milei reafirmam a aliança estratégica entre Estados Unidos e Argentina, baseada em valores democráticos compartilhados e em uma visão comum de livre empresa, iniciativa privada e mercados abertos”. A mensagem foi divulgada poucas horas após o primeiro anúncio de Washington.</p>
<p>O chanceler Pablo Quirno também comemorou o avanço, afirmando nas redes sociais que o entendimento “marca o início de uma etapa superior na relação bilateral”. Porém, como assinala o Página12, evitou detalhar os custos internos e o impacto potencial sobre cadeias produtivas já fragilizadas pelo cenário de competição internacional.</p>
<h2>Abertura desequilibrada</h2>
<p>O eixo central do acordo é a abertura recíproca dos mercados. A Argentina concederá extensas preferências tarifárias a exportações norte-americanas de alto valor agregado — como medicamentos, dispositivos médicos, veículos, equipamentos tecnológicos e maquinário industrial. Em contrapartida, os Estados Unidos eliminarão tarifas sobre “certos recursos naturais não disponíveis” em seu território e alguns medicamentos sem patente.</p>
<p>O Página12 aponta que a assimetria é nítida: enquanto Buenos Aires abre setores onde competem indústrias altamente sofisticadas e subsidiadas, Washington oferece concessões que não afetam sua estrutura produtiva. Além disso, a menção à possível consideração do acordo em medidas vinculares à Seção 232 — usadas para restringir importações por motivos de segurança nacional — tem caráter mais político do que econômico.</p>
<p>Outro ponto sensível é a derrubada de barreiras não tarifárias. A Argentina se compromete a eliminar licenças de importação, formalidades consulares e, gradualmente, a taxa estatística para produtos norte-americanos. Também aceitará que esses bens ingressem com base em padrões dos Estados Unidos ou normas internacionais, sem exigências adicionais. Para o jornal, isso implica renúncia significativa de autonomia regulatória em áreas estratégicas como segurança automotiva, dispositivos médicos e fármacos.</p>
<h2>Pressões sobre propriedade intelectual e impacto no agro</h2>
<p>Seguindo demandas históricas de Washington, a Argentina revisará critérios de patentabilidade, acelerará processos de concessão de patentes, ajustará regras de indicações geográficas e fortalecerá o combate à pirataria, inclusive em meios digitais — pontos criticados pelo Página12, que vê avanço direto da agenda regulatória norte-americana sobre o país.</p>
<p>No setor agropecuário, o acordo prevê a entrada de gado vivo dos Estados Unidos, a liberação de carne de aves em até um ano, o fim de restrições ao uso de termos queijeiros e a simplificação de trâmites para carne bovina, suína, menudências e lácteos. O jornal alerta que essas medidas podem reduzir drasticamente a competitividade de pequenas e médias indústrias alimentares argentinas, pressionadas por uma cadeia agroindustrial norte-americana marcada por alto nível de subsídios e tecnologia.</p>
<h2>Minerais estratégicos, normas ambientais, trabalho e dados</h2>
<p>A Argentina também ratificou obrigações trabalhistas internacionais e adotará proibição à importação de bens produzidos com trabalho forçado. Em matéria ambiental, comprometeu-se a combater a extração ilegal de madeira e aplicar integralmente o acordo da OMC sobre subsídios à pesca.</p>
<p>Outro ponto crucial é a cooperação em minerais críticos — como lítio e cobre — considerados estratégicos para a segurança energética dos Estados Unidos. Para o Página12, isso coloca sob supervisão externa um dos setores nos quais a Argentina possui maior relevância global.</p>
<p>No campo digital, Buenos Aires reconhecerá os Estados Unidos como jurisdição adequada para transferência de dados pessoais e aceitará assinaturas eletrônicas validadas por legislação norte-americana. A medida, segundo o jornal, amplia a influência de Washington sobre fluxos de informação sensível e pode gerar choques com normas mais rigorosas, como as europeias.</p>
<h2>Consequências estruturais</h2>
<p>Embora o governo argentino apresente o acordo como marco histórico, o Página12 sustenta que os principais benefícios imediatos recaem sobre a economia norte-americana: maior acesso a setores industriais e tecnológicos argentinos, ampliação de influência regulatória, abertura reforçada do mercado de alimentos e posição dominante em cadeias estratégicas de valor.</p>
<p>Para a Argentina, possíveis vantagens — como previsibilidade jurídica e eventual atração de investimentos — dependerão da implementação futura das medidas. Segundo o jornal, o risco é que o país aprofunde uma dependência política e econômica que já se manifesta, de forma explícita, no diagnóstico que marcou a capa desta sexta-feira: “Argentina vive seu momento de maior subordinação aos EUA”.</p>

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