México quer contratar médicos cubanos para atender as regiões remotas do país

Agência Regional de Notícias - O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador (AMLO), defendeu nesta segunda-feira sua decisão de contratar cerca de 500 médicos cubanos para atender regiões remotas do país, diante da reprovação de associações setoriais que consideram essa medida discriminatória.

AMLO justificou a decisão dizendo que o México tem um déficit de aproximadamente 50.000 clínicos gerais e especialistas. Além disso, muitos profissionais relutam em ser designados para áreas remotas ou de difícil acesso do país. Como exemplo, o presidente mencionou que há falta de pediatras na zona rural.

"Não temos especialistas para trabalhar em hospitais, nas regiões mais pobres e remotas", assegurou em sua coletiva de imprensa diária no Palácio Nacional da Cidade do México.

López Obrador solicitou o contrato ao presidente cubano Miguel Díaz-Canel durante uma visita a Havana em 8 de maio, na qual também foi acordada a compra de vacinas pediátricas produzidas na ilha contra a covid-19.

Segundo o presidente mexicano, médicos cubanos serão enviados para regiões como Tlapa, município do estado de Guerrero, considerado um dos mais pobres do país.

"Estamos contratando todos os médicos, mas como sabemos que não teremos (profissionais) para cobrir toda a rede de centros de saúde, unidades médicas rurais, hospitais, por isso estamos fazendo esse convênio para trazer 500 médicos", disse.

As associações médicas mexicanas desaprovam a contratação desses médicos pelo governo, considerando que isso "rebaixa injustamente" os profissionais do país.

“Os médicos estrangeiros não têm as habilidades necessárias, não têm funções devidamente especificadas, não têm os requisitos estabelecidos pelas leis atuais”, afirmaram recentemente as Federações, Faculdades e Associações Médicas do México em comunicado.

AMLO rejeitou essas afirmações considerando que seus autores defendiam no passado um sistema de corrupção que tornava o estudo da medicina e o acesso à saúde privilégio de poucos.

"Agora, por que trazer médicos de Cuba? Respondemos, porque não temos médicos, porque o sistema de corrupção que esses médicos defendiam, que esses médicos assinam, deixou de investir na educação pública", acusou o presidente.