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Brasil

A dor e a delícia do ativismo gráfico

Desbocadas, irônicas e até irresponsáveis, imagens que pipocaram na internet contam o lado quente dos protestos

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Queimar a bandeira do Brasil em público é crime? Com a palavra, os advogados. O ato de rebeldia pode ser visto abaixo:

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Outras imagens ainda mais chocantes circularam pela internet no mês passado. Olho pra elas com sentimentos lancinantes de culpa. Algumas provocam riso. Outras deixam a gente preocupado. São ideias sinistras e perigosas. Pois é justamente no editorial do site DangerousMinds, ou Mentes Perigosas, que estão as palavras mágicas sobre os sites realmente legais da internet:

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"Nós não estamos endossando tudo o que você vai encontrar aqui, estamos apenas dizendo: aqui está! Achamos que os seres humanos são muito estranhos e totalmente hilários. Gostamos muito do estranho e do inexplicável!"

Confesso, também gosto. E é por isso que mostro aqui algumas imagens que beiram o estranho e o inexplicável. Elas animam o debate sobre os limites da liberdade de expressão e sobre o conceito de Segurança Nacional, tão usado por ditadores que querem manter a ordem e o controle.

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A Copa vai acontecer e oxalá seja linda, mas é inegável que tem muita gente revoltada com o assunto. Elas ergueram cartazes e faixas, como a que aparece abaixo, exposta na rua de uma metrópole:

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É uma mensagem simples e direta. Eu diria até concisa. Durante a Copa das Confederações alguns tentaram levá-la até a porta dos estádios, mas foram barrados pela polícia. Será que ano que vem vai ser a mesma coisa? Isso não é uma firula jurídica, mas um problema real e concreto.

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Pode um cidadão brasileiro circular livremente pelo Brasil, por exemplo na frente de um estádio, e erguer um cartaz criticando quem quer que seja? Admito que é uma atitude deselegante, mas será ilegal? Diz aí, ó Supremo. Perto do tema "protestos na Copa", a questão a "marcha da maconha" parece assunto de Introdução ao Direito. "Protestos na Copa"é pra quem é fera em Direito Constitucional e Direito Internacional. Quero ver o que eles falam.

Muito se falou também em vandalismo. E não foram poucos que chegaram a defendê-lo, como Ricardo Boechat, que declarou: "Eu sou a favor de arranhar carro de autoridade, eu sou a favor do quebra-quebra, o caralho." Desde de que o quebra-quebra não seja nas bandas onde ele mora, suponho.

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De qualquer forma, Boechat expressou uma fúria que estava entalada na garganta de muitos. O sentimento é que o Brasil tinha que tomar um susto, um chute na bunda (ideia de FIFA, por sinal). Era urgente que os políticos levantassem o rabo pra resolver um monte de problemas graves e cortar na carne um monte de privilégios. Pra algo se mexer, tem que ser empurrado. É o princípio da inercia, também conhecido como primeira lei de Newton.

A ideia foi expressa na imagem que vai abaixo, que faz uma relação algo anacrônica, mas muito divertida, entre a Revolução Francesa e as manifestações no Brasil de 2013. Um pacifista ingênuo tenta dissuadir os manifestantes enfurecidos: "Sem vandalizar a bastilha, galera! Bora fazer uma petição online!" Imagina se ele fosse ouvido. A França seria até hoje uma monarquia.

A julgar por uma recente capa da Carta Capital, o brasileiro parece que finalmente descobriu o fogo. A sensação é que pode haver incêndio. Na capa da Época, um vulto em branco veste a faixa presidencial: "A estadista sumiu", decretam. Só há uma certeza: o povo, unido, é gente pra caralho. Quem melhor resumiu tudo isso foi o cartunista Gomez na imagem que vai abaixo:

O desenho traduz a angústia de quem literalmente está sendo submerso. Junto com a onda que veio dar um caldo nos políticos há todo tipo de sujeira (as vísceras expostas do capitalismo) e seres estranhos que vem do fundo do oceano. Alguns deles tem sofisticadas técnicas de camuflagem e já cursaram Introdução ao Caldo com outros ativistas de outras caudalosas e violentas correntes submarinas. Não se vai pra uma manifestação, por exemplo, de bermuda e chinelo. Deve-se ir, pelo menos, desse jeito:

Mas se as manifestações são pacíficas, pra que isso? Ah, talvez não sejam TÃO pacíficas, afinal de contas....

É real a chance de um peixe grande ser pego. A farra do helicóptero pode – e vai, espero – derrubar o governador do Rio de Janeiro. Mas se você pedir educadamente ele vai continuar lá, sentado. Tem que fazer barulho. Ao mesmo tempo, não se pode apanhar calado da polícia que está lá pra protegê-lo. Como estamos falando do Rio, aposto um braço como a imagem abaixo foi feita por um carioca típico, naquele tipo de humor proibidão que nos causa perplexidade:

Apologia do crime? Terrorismo? Ou simplesmente humor negro? Ela circulou livremente por blogs e redes sociais nas últimas semanas. É de uma irresponsabilidade tremenda, bota minhoca na cabeça dos jovens, fala a língua deles. Mas as ideias devem circular livremente. As boas e as más. As inócuas e as perigosas. É um direito.

Fico imaginando que um "analista de informação" da ABIN deve olhar uma imagem dessas e ficar, bem, analisando. Sabem como é, coçando o queixo. E é bom coçar mesmo, pois deve prever como minimizar o dano quando o primeiro oficial for jogado aos tubarões pelo motim dos marinheiros.

Acuado, o governo jogou a batata quente pro povo. Diz que vai fazer um referendo. Ou um plebiscito. Mas qual a diferença, mesmo?

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