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Brasil

Dorrit, em O Globo, sobre Bolsonaro: "lugar de maníaco é no manicômio, não na Presidência. Que venha 2022!"

Em seu artigo dominical no jornal carioca a jornalista e documentarista Dorrit Harazim diz que Jair Bolsonaro tem desprezo pelo povo e pela dor do outro

Reprodução | Reuters
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247 – Em sua coluna publicada no jornal O Globo neste domingo a jornalista Dorrit Harazim, que também é roteirista e documentarista, relembra um episódio ocorrido durante a 1ª Guerra Mundial, no Natal de 1914, numa trincheira fria e enlameada da Bélgica, para acentuar a crueldade, a vilania, a perversidade e a desumanidade do atual presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

Dorrit relembra que o capitão britânico Bruce Bairnsfather, capitão do Exército que depois viria a se tornar um celebrado cartunista europeu, descreveu em suas memórias a noite de Natal do primeiro ano daquela grande guerra. Bairnsfather “e seus companheiros do Primeiro Regimento Real passavam dias e noites agachados, num ciclo interminável de insônia e medo, biscoitos azedos e cigarros inutilizados pela chuva”, descreveu Dorrit, para depois reproduzir o que escreveu o capitão inglês: “Lá estávamos, naquela cavidade de argila, a léguas e léguas de casa... sem a menor chance de poder sair dali exceto de ambulância”, disse ele. E a jornalista completa: “Mais provável que fossem mortos.”

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“Perto das 22h do dia 24, Bairnsfather percebeu um ruído novo no campo de batalha de Ploegsteert, vindo dos boches (como os Aliados chamavam os inimigos alemães)”, segue a documentarista em seu texto para O Globo. “Afinou o ouvido e percebeu, em meio a sombras noturnas, um murmurar de vozes. Seus companheiros também estranharam. Perceberam então tratar-se de cantorias — os temidos soldados do Exército alemão, também entrincheirados e invisíveis, entoavam canções de Natal! Os britânicos decidiram cantar de volta. E subitamente ouviram alguém do lado inimigo gritando algo confuso, em inglês carregado de sotaque germânico. “Venham para cá”, dizia o boche. Um dos sargentos britânicos respondeu: “Nos encontramos a meio do caminho”.”

A partir dali, e por uma noite de Natal, a 1ª Grande Guerra parou num cessa-fogo de celebração entre soldados adversários, depois desumanizados de novo em meio ao conflito que matou estimadas 21 milhões de pessoas.

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“Recrutas encharcados dos dois lados começaram a emergir de suas trincheiras e a se olhar como o que eram: apenas homens, homens jovens longe de casa mandados para a guerra”, descreve ela. E segue: “houve apertos de mão, oferecimento de tabaco e vinho (as provisões dos alemães eram bem melhores que as dos Aliados), e as cantorias bilíngues se estenderam noite adentro. Em troca de cigarros, os ingleses cortavam o cabelo dos alemães. “Naquele dia não disparamos um só tiro, parecia um sonho.”

Segundo Dorrit, a longa digressão sobre um episódio ocorrido há quase cem anos tem o propósito, em seu texto, de lembrar ao Brasil que nós, brasileiros, “já fomos mlehores”. E sacramenta: “E que precisamos sair da trincheira do medo não para uma trégua que seria tão pouco duradoura como a de 1914, mas para votar por um Brasil menos indecente em 2022.”

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A jornalista e documentarista, que é detentora de um dos melhores textos da imprensa brasileira, encerra assim sua primeira coluna do ano em O Globo: “O Brasil já teve um leque bastante improvável de chefes de nação — inclusive a galeria militar cujo programa de manutenção no poder incluiu matar seus adversários políticos. Ainda assim, Jair Bolsonaro consegue ser único — seu ostensivo desprezo pelo povo que governa, pela dor do outro, é maníaco. E lugar de maníaco é no manicômio, não na Presidência da República. Que venha 2022.”

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