CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Brasil

Esquerda precisa repensar seu papel pedagógico, diz Daniela Mussi

Coordenadora da Rede Emancipa defende a educação popular como instrumento de diálogo com as classes trabalhadoras

Daniela Mussi (Foto: Reprodução)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quarta-feira (30/06), o jornalista Breno Altman entrevistou Daniela Mussi, coordenadora da Rede Emancipa, de educação popular, e cientista política.

De acordo com ela, educação popular é política, vai além da mera formação escolar, sendo um instrumento de luta e de transformação. Por isso, Mussi lamentou que a esquerda não valorize a educação o suficiente.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

“A discussão política é rebaixadíssima, está focada na pequena política, mais imediata. E educação popular é maratona”, disse.

Para ela, a esquerda precisa repensar seu papel pedagógico de formação da classe trabalhadora, pois está falhando em se conectar com a população jovem e perdendo essa disputa para a direita, “que está nas redes, está criando formações no mundo digital”. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

A cientista política relaciona diretamente a derrota histórica em que a esquerda brasileira se encontra às falhas na função pedagógica dos movimentos organizados progressistas.

“Educação precisa voltar a ser uma preocupação permanente, antes e depois de virar governo. Porque estar na oposição é confortável. É preciso, então, pensar maneiras de transformar esse conforto da oposição em desconforto do governo para transformar a administração pública”, reforçou.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Em um eventual novo governo de esquerda, Mussi citou algumas das políticas públicas ideais para transformar a educação no Brasil: “Se a gente conseguisse abrir as escolas públicas para cursinhos populares de fim de semana, qualquer cursinho, já seria uma conquista gigantesca. Se a gente conseguisse mudar a forma de ingresso na universidade pública, repensando o vestibular, seria outra conquista gigantesca”.

Políticas educacionais do ciclo petista

Pensando em um futuro governo de esquerda, Mussi analisou as políticas educacionais de Lula e Dilma. Por um lado, elogiou-as por democratizar o acesso ao ensino superior por meio das cotas e do próprio Sistema de Seleção Unificada (SISU), além de torná-lo mais inclusivo.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Ela ressaltou, no entanto, que não bastava democratizar o acesso, segue sendo necessário criar condições para que os jovens estudem: “O SISU foi muito importante para permitir que se ocupassem as vagas ociosas das universidades. Mas, vamos supor que um estudante do Grajaú [zona sul de São Paulo] passe na Universidade de Pelotas. Como ele vai conseguir ir estudar lá? Na maioria das vezes não consegue”.

Por outro lado, “foram governos que não confrontaram o poder do capital privado no ensino superior. Pelo contrário, permitiram que ele se ampliasse”.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

De acordo com a cientista política, a criação de políticas como o Financiamento Estudantil (Fies) ou o Programa Universidade para Todos (Prouni) gerou efeitos de despolitização e rejeição ao Partido dos Trabalhadores: “Como você dialoga com um estudante que entrou na universidade pelo FIES, não conseguiu concluir o curso, perdeu o emprego e agora odeia o PT porque enxerga um governo que só fez com que ele se endividasse. Esse tipo de coisa dificulta o trabalho de educação popular”.

Educação popular

Coordenadora da Rede Emancipa, uma rede de cursinhos preparatórios para o vestibular, mas que atualmente vai além disso, Mussi falou sobre a eficácia real da educação popular como o primeiro instrumento de ascensão social para jovens periféricos que finalmente podem chegar ao ensino superior.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

“O vestibular é um filtro que constrói desigualdade na sua própria existência. Então ao mesmo tempo que temos conquistas grandiosas com alunos que aprovam no vestibular, a grande maioria dos alunos não conquista isso. Cada vitória vira um ponto de partida para fortalecer a luta de quem não entrou. A gente tem alunos que não passam no vestibular e continuam no cursinho. Essa é para nós a vitória verdadeira”, contou.

Assim, mais do que educação popular, é necessário revolucionar a forma de acesso à universidade, de acordo com a cientista política.

Inscreva-se no canal de cortes da TV 247 e saiba mais:

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO