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Brasil

Lula defende regulação de redes e diz que país colhe o que plantou com ataques a escolas: "criança repercute o que ouve em casa"

"Quando uma criança acha que uma arma é a solução, por que ela acha? Viu na Bíblia? Viu no livro escolar? Não. Ela ouviu dentro de casa", apontou o presidente

Geraldo Alckmin, Lula e Rodrigo Pacheco (Foto: Ricardo Stuckert)
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247 - O presidente Lula (PT) se reuniu nesta terça-feira (18) com autoridades para discutir o combate à violência nas escolas e afirmou que o Brasil neste momento colhe o que plantou durante tantos anos, com discursos de ódio sendo repetidos na política e nas redes sociais.

Ele defendeu, assim como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a regulação das redes sociais e repetiu a frase dita pelo magistrado, de que o que não pode ser tolerado no mundo real também não pode ser aceito no mundo virtual. O presidente ainda chamou atenção para a necessidade de envolvimento das famílias e das igrejas no processo educacional das crianças e adolescentes. 

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Ele reconheceu que “estamos diante de um fato que pouco de nós conhecemos” e que ainda não há orientações claras sobre o que fazer para cessar os ataques às escolas. “A violência existe desde que a gente nasceu, a periferia desse país é tomada de violência todo dia e morre muita criança e menor na periferia. O fato novo é que invadiram um lugar que, para nós, é tido como lugar de segurança. Toda mãe quando leva o filho para uma escola ela tem certeza que o filho está seguro. Isso ruiu. Ruiu porque temos um instrumento avassalador - não é o celular que é ruim, ele é ótimo. Agora, as redes - que nós não deveríamos de rede social, deveríamos chamar de rede digital; e tem a rede digital do bem e rede digital do mal. E há uma predominância da rede digital do mal. As pessoas gostam de mentira, de fake news. É só ver como foi a última eleição nesse país, como é que foi nos Estados Unidos, como foi a eleição de 2018. Há uma predominância na tentativa de divulgar o falso, a mentira. Nós plantamos jabuticaba e não vamos colher jaca, muito menos maçã. A gente vai colher o que a gente plantou, e estamos colhendo o que a gente plantou. É só ver os discursos que são feitos por esse país afora, que há uma predominância da pregação da violência. Quantos vocês já foram ofendidos em bares e restaurantes?”.

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Assim como Moraes, Lula apontou que as big techs seguem lucrando com a violência nas redes e afirmou que não será dinheiro ou força bruta que resolverão a questão da segurança das escolas. “As plataformas, grandes empresas que ganham dinheiro com a divulgação da violência, estão cada vez mais ricas. Alguns são os empresários mais ricos do planeta Terra. E continuam divulgando qualquer mentira, não tem critério. Por isso eu resumiria essa reunião na frase do Alexandre de Moraes: as pessoas não podem fazer na rede digital aquilo que é proibido na sociedade. Não é possível que eu possa pregar o ódio na rede digital, que eu possa ficar fazendo propaganda de arma, ensinando criança a atirar. É isso que a gente vê todo santo dia. E a verdade é que uma criança de seis, sete, oito ou nove anos repercute na escola o que ouve dentro de casa. Então não vamos resolver esse problema só com dinheiro, elevando o muro da escola, colocando detector de metais. Fico imaginando as crianças sendo revistadas nas escolas, como seria patético para os pais, para o prefeito, para o governador, para o presidente da República e para as instituições deste país uma criança de oito anos ter que mostrar a mochila”.

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“Vou confessar uma coisa que penso já muito tempo: ou nós temos coragem de discutir a diferença entre liberdade de expressão e cretinice, ou nós não vamos chegar muito à frente. Ou nós levamos em conta a necessidade de educar os pais - porque a família tem que estar envolvida nesse processo”, completou.

O presidente também repreendeu a violência em ambientes privados e informais, que para ele, são a essência da violência que se apresenta às claras na sociedade. “O que nós precisamos é ter em conta que a humanidade está mudando de padrão de comportamento e que nós, como governantes, temos a responsabilidade de tentar não permitir que a sociedade deixe de ser uma sociedade dotada de humanismo, que o ódio prevaleça sobre o bem. Todos sabemos o que falamos todo dia, o que falamos tomando uma cerveja com o amigo, o que nós falamos nos nossos discursos. Então estamos colhendo isso”. 

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“Quando uma criança acha que uma arma é a solução, uma criança de oito ou nove anos, por que ela acha? Ela viu na Bíblia? Não. Ela viu no livro escolar? Não. Ela ouviu do pai ou da mãe dentro de casa”, apontou Lula. “E é por isso que a gente precisa ter em conta de que sem a participação dos pais a gente não recupera um processo educacional correto nas nossas escolas. Não vamos transformar nossas escolas em uma prisão de segurança máxima que não tem solução. Nem tem dinheiro para isso e nem é politicamente, humanamente, socialmente correto. Se a gente tentar fazer isso, a gente está dando a demonstração de que não servimos para muita coisa, porque nós não sabemos resolver o problema real. O problema está no processo educacional dentro da própria família”.

O presidente também fez um apelo pelo acompanhamento da saúde mental das crianças, submetidas a um ambiente já violento e reforçado por meio de jogos de video-game. “Temos que pensar em analisar a saúde mental dessas crianças dentro da escola. Por que a criança não pode ser seguida pelos médicos quando começa a entrar na escola, para ver o comportamento dela? Temos que esperar ter um crime para poder ver isso? Essa é uma tarefa que envolve a Saúde municipal, estadual e federal, que envolve todas as polícias - e quero agradecer ao trabalho que as polícias estão fazendo junto com o nosso Ministério da Justiça. É preciso envolver todo mundo, ninguém pode ficar fora, nem o pastor mais sectário que a gente tenha tem que ficar fora desse processo. Ele tem filho e tem que educar o filho dele. Eu tenho filho, tenho netos e tenho que educar meus netos. Nós somos os primeiros culpados, temos que pensar ‘o que eu ensino para o meu filho dentro de casa?’. Quando meu filho tem quatro anos e chora o que eu faço para ele? Eu dou logo um tablet para ele, ensino logo um joguinho. Não tem jogo, não tem ‘game’ falando de amor, de educação. É ‘game’ ensinando a molecada a matar, e cada vez muito mais mortes que na Segunda Guerra Mundial. É meu filho e o filho de cada um de vocês, é meu neto e o neto de cada um de vocês. Duvido que tenha um moleque de dez ou doze anos que não esteja habituado a passar boa parte do tempo jogando essas porcarias. E hoje a molecada joga com gente de outro país, passam noites jogando. E tudo isso resulta nessa violência no meio de crianças. Nós estamos profundamente chocados pelo que aconteceu em Blumenau, mas a gente tem que estar consciente de que isso acontece fora da escola todo dia. É que fora da escola a primeira coisa que falam é que foi bandido, aí a sociedade se conforma. Mas morre muita criança inocente na periferia desse país”

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