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Coronavirus

Brasil fica no fim da fila para receber doses da vacina de Oxford produzidas na Índia

Para Daniela Alves, professora de relações internacionais do Ibmec-São Paulo, embora o discurso do governo aponte para uma solução rápida do caso, o Brasil pode sim "ficar no fim da fila" para receber as doses da Índia

(Foto: REUTERS/Dado Ruvic)
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Sputnik – Apesar de declarações otimistas do governo, o Brasil pode "ficar no fim da fila" para receber as doses da vacina de Oxford produzida no laboratório Serum, na Índia, disse especialista à Sputnik Brasil.

Após pedido da Fiocruz, o governo brasileiro negociou a compra de dois milhões de doses do imunizante desenvolvido pela universidade de Oxford e o laboratório britânico AstraZeneca. Lotes da vacina são produzidos na farmacêutica indiana. 

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Um voo chegou a ser disponibilizado pela companhia Azul para trazer a carga da Índia. No entanto, o governo indiano informou que a vacina ainda não podia ser disponibilizada ao Brasil. 

Apesar da recusa, o governo brasileiro vem afirmando que a importação do imunizante não deve demorar. Na sexta-feira (15), o presidente Jair Bolsonaro disse que o voo iria atrasar "dois ou três dias".

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Nesta segunda-feira (18), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou, segundo o jornal O Globo, que "todos os dias nós temos tido reuniões diplomáticas com a Índia", mas que o "fuso horário é muito complicado". De acordo com o general, o aval para a importação "deverá ser resolvido nos próximos dias dessa semana".

Para Daniela Alves, professora de relações internacionais do Ibmec-São Paulo, embora o discurso do governo aponte para uma solução rápida do caso, o Brasil pode sim "ficar no fim da fila" para receber as doses da Índia. 

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Demanda interna e Covax

A especialista ressalta que, apesar da Índia ser "o maior fabricante de vacinas do mundo", "muitos países estão tentando garantir doses da vacina" de Oxford produzidas na nação asiática. 

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"Além do Brasil, países como Marrocos, Arábia Saudita, Mianmar, Bangladesh e África do Sul estão buscando acesso à vacina da Índia", disse Alves.

Outro problema apontado pela professora do Ibmec é que a "demanda interna" da Índia "é enorme, o governo vai precisar vacinar uma população de 1,3 bilhão".

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"Além disso, o laboratório indiano também faz parte das instalações da Covax, que é uma parceria global lançada pela Organização Mundial da Saúde para garantir que as pessoas em todo o mundo tenham acesso à vacina da COVID-19", explicou a mestre em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).  

Prazos em dúvida

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O governo brasileiro conta com a importação para aumentar o seu estoque de doses disponíveis para imunizar a população. No domingo (17), após semanas de espera, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial das vacinas de Oxford e CoronaVac. A Fiocruz fez o pedido para ter doses prontas para imunizar a população, e não depender da compra dos insumos para produzir a vacina. 

Em função do atraso, Bolsonaro chegou a solicitar diretamente ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, a liberação do lote. No entanto, segundo o jornal Times of India, o governo local prefere dar prioridade ao fornecimento da vacina para países vizinhos, como Butão, Bangladesh, Nepal, Mianmar, Sri Lanka e Afeganistão. 

"Em um primeiro momento, essas conversas com o primeiro-ministro parece que tiveram resultados, mas esses atrasos, a falta de uma resposta objetiva, colocam em dúvida os prazos anunciados pelo governo brasileiro", disse a especialista. 

Consórcios internacionais

Por outro lado, Alves ressaltou que "também há parcerias" do Brasil "com outros países em negociação". Ele cita ainda a própria Covax, uma "ação internacional com objetivo de promover a produção e um acesso global a um imunizante contra a COVID-19". 

"A questão que fica é se os políticos, a ciência, os empresários e o público em geral vão conseguir se organizar de forma a fornecer uma vacina de qualidade e a preços acessíveis, e logisticamente viável, para todos os 7,8 bilhões de habitantes do mundo. Nós teremos a oportunidade de presenciar neste ano, claramente, se os consórcios internacionais de cooperação para garantir a cobertura internacional de vacinas vão funcionar ou se tornar o maior fracasso das últimas décadas", sentenciou Daniela Alves.

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