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Cultura

Ralph Lauren e a "inveja do tênis"

"Uns vinte anos atrás, pensei o seguinte: o que movia parte pelo menos das lutas sociais era o desejo de consumo, e mesmo de luxo — e não necessariamente as 'causas morais', como moradia, saúde, educação etc", diz o ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro; segundo ele, esse fenômeno se expressou na vitória de João Doria Júnior, em São Paulo

"Uns vinte anos atrás, pensei o seguinte: o que movia parte pelo menos das lutas sociais era o desejo de consumo, e mesmo de luxo — e não necessariamente as 'causas morais', como moradia, saúde, educação etc", diz o ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro; segundo ele, esse fenômeno se expressou na vitória de João Doria Júnior, em São Paulo (Foto: Leonardo Attuch)
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Por Renato Janine Ribeiro, em seu Facebook

Uns vinte anos atrás, pensei o seguinte: o que movia parte pelo menos das lutas sociais era o desejo de consumo, e mesmo de luxo — e não necessariamente as "causas morais", como moradia, saúde, educação etc.

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Isso, sobretudo entre os mais jovens.

Na época havia muitos relatos até de assassinatos cometidos por menores de idade por causa de um tênis de grife.

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Cunhei então a expressão “inveja do tênis”, para isso.

Pouco antes, em 1994, FHC tinha feito sua campanha mostrando os dedos da mão, e cada um deles com um tema: saúde, educação, trabalho, não lembro todos. Tudo isso é moral. Mas numa sociedade de consumo o desejo se volta para objetos que não são morais.

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Muito se entende por aí.

Os ‘rolezinhos’ do começo de 2015, lembram? A moçada da periferia ia ao shopping, não à escola.

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Um jornalista do El País, Juan Arias, lastimou que os protestos pela boa educação não fossem nem uma sombra da Parada Gay. Por quê? Porque o desejo mobiliza. Causas morais, infelizmente, menos.

Daí tirei outras conclusões, que fui publicando, como, por exemplo, que a democracia é o regime do desejo, que o PT foi em seu tempo de ascensão capaz de mobilizar um sem-número de desejos, que as lutas sociais são em seu cerne um modo de ter mais para ser mais (resumo de maneira brutal isso tudo).

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Estou completando agora um livro de filosofia política que reúne estes artigos e muitos mais.

Estas questões da relação entre desejo e política, contudo, continuam ainda um tanto subtratadas. Até porque muita gente faz política no modo da indignação. Indignação precisa de pretextos morais. Quando você passa ao desejo — e é óbvio que não basta desejar para algo ser bom, o desejo sendo amoral — você não pode mais usar a moral como pretexto. Se quiser ser moral (ou ético, aqui não é preciso distinguir), terá que lidar com o desejo de outra maneira.

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Estes dias e em dias que não são estes, vi comentários aqui na Internet de pessoas que estão antenadas no mesmo ponto, embora não conheça todas pessoalmente.

São Esther SolanoJuliana FratiniRosana Pinheiro-Machado e Valeria Brandini (não vi posts da Valeria sobre isso, mas sei que o consumo é um assunto que ela estuda).

Vou postar o que li delas a respeito.

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