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Economia

Engenheiros da Petrobras vão ao Ministério Público pela saída de Parente

A Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET) entrou com pedido junto ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro em que solicita o impedimento de Pedro Parente na presidência da Petrobras; o documento foi protocolado pelo vice-presidente da Associação, Fernando Siqueira; na representação, ele aponta atos lesivos à Petrobras quando Parente era o presidente do Conselho de Administração da estatal, e também alerta sobre os riscos da venda do campo de Carcará, da BR Distribuidora, da Transpetro e da malha de gasodutos do sudeste; em artigo, o presidente da entidade, Felipe Coutinho, critica a política de venda de ativos da Petrobras; leia a íntegra

A Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET) entrou com pedido junto ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro em que solicita o impedimento de Pedro Parente na presidência da Petrobras; o documento foi protocolado pelo vice-presidente da Associação, Fernando Siqueira; na representação, ele aponta atos lesivos à Petrobras quando Parente era o presidente do Conselho de Administração da estatal, e também alerta sobre os riscos da venda do campo de Carcará, da BR Distribuidora, da Transpetro e da malha de gasodutos do sudeste; em artigo, o presidente da entidade, Felipe Coutinho, critica a política de venda de ativos da Petrobras; leia a íntegra (Foto: Gisele Federicce)
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247 - A Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET) entrou com pedido junto ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro em que solicita o impedimento de Pedro Parente na presidência da Petrobras.

O documento foi protocolado pelo vice-presidente da Associação, Fernando Siqueira. Segundo o MPF, a representação será analisada pelo procurador da República Antônio do Passo Cabral.

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Na representação, Siqueira aponta atos lesivos à Petrobras quando Parente era o presidente do Conselho de Administração da estatal, e também alerta sobre os riscos da venda do campo de Carcará, da BR Distribuidora, da Transpetro e da malha de gasodutos do sudeste.

Leia abaixo artigo de Felipe Coutinho, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), em coautoria com o economista e professor José Carlos de Assis, em que ele critica a política de venda de ativos da Petrobras:

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Existe alternativa para reduzir a dívida da Petrobrás sem vender seus ativos

Felipe Coutinho*
J. Carlos de Assis**

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A Petrobrás não precisa vender ativos para reduzir seu nível de endividamento. Ao contrário, na medida em que vende ativos ela reduz sua capacidade de pagamento da dívida no médio prazo e desestrutura sua cadeia produtiva, em prejuízo à geração futura de caixa, além de assumir riscos empresariais desnecessários. A avaliação resumida abaixo (tabela), mostra o equívoco dessa escolha política e empresarial de alienação de ativos, e revela que ela é desnecessária. A alternativa proposta preserva a integridade corporativa e sua capacidade de investir na medida do desenvolvimento nacional e em suporte a ele. Enquanto garante a sustentação financeira, tanto pela redução da dívida, quanto pela preservação da geração de caixa a médio prazo.

O desinvestimento – ou seja, a venda de ativos operacionais, muitos deles altamente lucrativos - prevê acumular 19,5 bilhões de US$ no biênio 2017/18. Resultaria numa redução antecipada da dívida, com a alavancagem - relação dívida líquida/geração de caixa após dividendos - caindo de 4,5 para 2,5 até 2018. A meta de redução da alavancagem e seu prazo são arbitrários, embora possam ser apresentadas de forma dogmática. Trata-se de uma decisão de natureza política e empresarial que é frequentemente elevada à condição de verdade científica ou algo similar a uma revelação divina.

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Na alternativa estudada a partir de parâmetros públicos da Petrobrás, sem vender um único ativo, a alavancagem poderia cair de 4,5 para 3,1 em 2018, indicador inteiramente razoável. A amortização anual da dívida, com recursos de parte da geração de caixa, resultaria na redução da alavancagem para 2,5 em meados de 2021. O estudo é conservador na medida em que não contabiliza a geração de caixa adicional pela preservação dos ativos rentáveis que se pretende vender até 2018.

A Petrobrás tem pujante receita operacional, proporcional ao porte de uma empresa que é a maior do Brasil e da América Latina. Apenas usando parte da geração de caixa, na mesma proporção alocada em seu plano atual, a companhia pode ir amortizando sua dívida e trazê-la para um nível razoável, sem afetar a distribuição de dividendos e os investimentos previstos. A venda de ativos produz exatamente o oposto, no médio prazo. Reduziria a capacidade futura de geração de caixa da empresa, pois os ativos que se pretende privatizar como BR Distribuidora, Liquigás, Termoelétricas e Transpetro são altamente lucrativos.

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O plano da Petrobrás tem viés de curtíssimo prazo e obtusamente financeiro. Ignora a essência de uma empresa integrada de energia que usa a verticalização em cadeia para equilibrar suas receitas, compensando a inevitável variação do preço do petróleo, de seus derivados e da energia elétrica, característica essencial para minimizar os riscos empresariais. Na medida em que a Petrobrás seja fatiada, o agente privado tende a buscar o lucro máximo por negócio, majorando os custos ao consumidor, o que restringe o crescimento do mercado interno cujo dinamismo é muito importante para a geração de valor pela Petrobrás.

A alternativa apresentada evita a saída integral das áreas de produção de biocombustíveis e fertilizantes, distribuição de GLP e petroquímica. Além de preservar as reservas de petróleo e os ativos do refino que são alvos das parcerias mediante desinvestimento. Basta alterar a alavancagem projetada para 2018 de 2,5 para 3,1 e ajustar o prazo da meta de 2,5 na alavancagem, de 2018 para meados de 2021.

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Dispomos de alternativa técnica viável que encontra barreiras de natureza ideológica cuja influência na política empresarial da Petrobrás não é recente. A gestão Dilma-Bendine apresentou um Plano de Negócios similar ao atual. Previa vendas de ativos da ordem de 57 bilhões de US$ até 2020, cerca de um terço do patrimônio da Petrobrás. A atual gestão Temer-Parente planeja privatizar 34,6 bilhões de US$ até 2021, sendo 15,1 bi até 2016 e 19,5 bi até 2018.

É exemplar o que ocorre a infraestrutura de gasodutos. Atividade tipicamente monopolista, as redes de gasoduto do Sudeste e do Nordeste, incorporam um enorme investimento histórico da Petrobrás, estão integradas à empresa pela própria natureza do serviço que prestam. Não obstante, a rede Sudeste, a mais lucrativa, foi vendida a um fundo canadense que atuará como intermediário privado monopolista. Isso sem a constituição prévia da ordem reguladora, condição essencial para a operação de monopólios privados em qualquer economia capitalista.

Entretanto, nada é mais simbólico do que a desintegração do Cenpes, o Centro de Pesquisas da Petrobrás. O Cenpes é fundamental para os avanços tecnológicos da companhia, responsável por resultados reconhecidos internacionalmente. Na recente reestruturação da Petrobrás o Cenpes foi desmembrado, com o fim do reconhecido modelo de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia básica (PD&E) que vigorava há 40 anos. O modelo articulava a relação entre a pesquisa nas universidades, a experiência operacional da companhia e os fornecedores de bens e serviços. A Engenharia Básica do Cenpes foi extinta e seus profissionais transferidos à área de projeto e empreendimento. A reestruturação revela que o imperativo do curto prazo permeia toda a corporação e não se limita à estratégia financeira.

A mídia oligopolista repete "não há alternativas, é necessário privatizar para lidar com o endividamento da Petrobrás". Assim se constrói o senso comum que não corresponde à realidade, mas serve aos interesses de poucos. Além de alertar para as consequências deletérias da privatização para a Petrobras e para a maioria dos brasileiros, apresentamos alternativa viável para a sustentação financeira, preservando a integridade corporativa, sua capacidade de gerar valor, investir e garantir a segurança energética brasileira.

* Engenheiro químico, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)
** Economista e professor

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