Indústria capenga
Diversos artigos já foram escritos, e muitas impressões já foram tomadas, mas ao que parece o governo federal teima, de forma ignorante, em não fundamentar uma política de inovação, crescimento e valorização do setor industrial
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Mais um resultado da pífia política industrial brasileira foi divulgado nesta semana. Queda de 2,5% em fevereiro da produção industrial quando se comparado a janeiro/2013. Quando comparado com fevereiro do último ano, a queda chega a 3,2%.
As bases industriais brasileiras estão reiteradamente capengas. Diversos artigos já foram escritos, e muitas impressões já foram tomadas, mas ao que parece o governo federal teima, de forma ignorante, em não fundamentar uma política de inovação, crescimento e valorização do setor industrial.
Não há um plano de incentivo à base industrial, e sim uma desoneração para combater o custo de produção, via folha de pagamento. Porém, em alguns casos, chegou-se a majorar as bases tributárias. De outro modo, o custo não é o único problema da estrutura industrial brasileira.
Sabemos que o Brasil possui "vocação" para o setor agrícola, o que não desqualifica nem impede que o governo estabeleça uma agroindústria, com agregação de valor e maturação das relações comerciais. É o primeiro passo para acrescentar capilaridade ao setor industrial.
Não podemos simplesmente nos acomodar e aceitar a pecha de celeiro mundial. Precisamos incorporar uma visão de valor, de cadeia produtiva, de fortalecimento industrial, que passa também por um aprimoramento dos produtos agrícolas e de forma geral na conscientização dos produtores em alocar recursos na expansão agrícola para a fronteira agroindustrial.
Citei tal exemplo apenas para ilustrar que não precisamos sufocar a agricultura em prol da indústria. Os dois devem e precisam se desenvolver juntos.
Destarte, setores tradicionais da indústria, que afora o automotivo, padecem de elos fortes de crescimento e melhoramento produtivo. Não somos apenas compostos pela cadeia automobilística. Isenção de IPI para carros novos e outras amenidades não refletem e não são políticas de governo para o setor industrial. Não podemos considerar medidas como estas como política de desenvolvimento industrial. Precisa ser mais amplo, mais complexo e mais convergente.
Respeito e reconheço a importância da cadeia automotiva, mas precisamos cobrar do governo uma visão macro para o problema da desindustrialização. Não questiono mais os argumentos se estamos ou não nos desindustrializando. A resposta é veemente: SIM! Perdemos espaços de produção para ações de importações.
Logo, questiono até que ponto o governo permitirá esse arrombo de nossas bases industriais. Destaco que não defendo prejudicar as atividades agrícolas em detrimento do setor industrial, mas sim, criar ferramentas de modernizar a agricultura, aportá-la na era industrial e desenvolver as outras áreas do setor fabril, agregador de valor.
Infelizmente, o que vem sendo demonstrado pelo governo é sua preocupação na costura de apoios para se disputar as próximas eleições. Isso não é demérito somente do atual governo, foi e infelizmente tende a seguir este caminho de loteamento com os outros, e esta passividade popular em aceitar tal situação tem que ser rompida.
A criação da Secretaria com status ministerial das Micro e Pequenas Empresas é louvável em sua concepção e em seu objeto de trabalho, mas extremamente duvidosa sobre a estrutura que deverá ser criada e na forma de loteamento político que poderá ser tomado.
Os 66 cargos ali solicitados para tomar conta da burocracia não será capaz obviamente de quebrar a maquina pública, mas será que realmente precisaríamos de criar toda esta nova estrutura para tocar o projeto? Não poderíamos otimizar as ações dentro de outras pastas?
Retornando ao setor industrial, os dados do IBGE comprovam um nível de atividade preocupante, com queda na confiança futura, cenário de inflação incomodando o empresariado na tomada de decisões e o presidente do Banco Central sendo fiador das possíveis movimentações da taxa básica da economia.
Se Tombini estiver correto, o cenário futuro tende a se retrair no ímpeto inflacionário, e o empresariado ficará de olho nas linhas de crédito e outras disponibilidades. O governo arrefeceu sua confiança com o setor industrial, e tal relação precisa ser recomposta.
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