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Economia

Sardenberg vê Brasil como a grande decepção de 2012

Segundo o colunista do Globo, a combinação brasileira, com 1% de crescimento e 6% de inflação, foi pior que a média latino-americana, pior que os Brics, pior que os Estados Unidos, pior que a Alemanha

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247 - O ano de 2012 para a economia brasileira, foi, na visão do jornalista Carlos Alberto Sardenberg, colunista do Globo, simplesmente desastroso. Enquanto Dilma deu lições ao mundo, o Brasil teve uma colheita medíocre. Leia abaixo: 

2012 - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

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É certo que as previsões pessimistas ou simplesmente as previsões do pensamento mais à esquerda não se realizaram

O mundo não mergulhou na segunda recessão. Houve crescimento — baixo, é verdade, mas sempre algum ganho de produto e renda. E alguns países e regiões, como partes da Ásia e da América Latina, foram até bastante bem, com expansão acima dos 5%.Os Estados Unidos também não caíram numa segunda recessão. A maior economia do mundo fechou o ano com crescimento pouco acima de 2%. É menos do que o potencial americano, mas é o melhor resultado entre os maiores países ricos. A taxa de desemprego caiu e o governo começou a venda das ações de empresas e bancos que haviam sido estatizados. Estão sendo reprivatizados.

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Os Estados Unidos também não despencaram no abismo fiscal. Na última hora, Obama conseguiu um acordo com os republicanos, regulando aumento de impostos e corte de gastos públicos. É parcial, mas saiu, aliás confirmando o diagnóstico atribuído a Churchill: “Pode-se sempre confiar em que os americanos farão a coisa certa, uma vez esgotadas todas as outras possibilidades.”

A China não sofreu a temida aterrissagem forçada, nem sua estrutura política entrou em colapso. O crescimento econômico desacelerou e manteve-se entre 7,5% e 8% ao ano, talvez até mais saudável que o ritmo anterior. E iniciou-se uma completa troca de comando na direção do partido e do governo, operada de modo planejado e organizado. A nova liderança anuncia reformas na direção correta, de poupar menos, gastar mais e ampliar o consumo interno.

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A zona do euro não entrou em colapso. Nenhum país abandonou a moeda.

Espanha e Itália não afundaram na crise da dívida, nem na turbulência política. Ficaram mais pobres em 2012, é verdade, e é triste, mas chegaram ao fim do ano financiando suas dívidas a juros menores do que no início do período. Seguem as políticas de ajuste e reformas, que começam a produzir os primeiros resultados. Os governos conservadores desses dois países mantiveram suas posições.

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Já François Hollande, que se elegeu com o mote “abaixo a austeridade”, criou na França uma confusão de política econômica bem parecida com a brasileira. Designou um superempresário para fazer um diagnóstico da baixa competitividade francesa (como Dilma convidou Gerdau), aplicou uma ou outra das medidas sugeridas (como a redução do imposto sobre a folha de salários, de novo como Dilma), mas ao mesmo tempo desencadeou políticas intervencionistas que assustaram o empresariado e reduziram o nível de investimentos (de novo ...).

A Corte Constitucional francesa considerou inconstitucional o imposto de 75% sobre a renda superior a um milhão de euros anuais — que havia sido outro grande tema de campanha socialista. Antes disso, Gerard Depardieu já havia renunciado à cidadania francesa. Para ele, o governo Hollande “pensa que sucesso, criatividade e talento precisam ser punidos”.

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Ministros socialistas atacaram sua “falta de patriotismo e de solidariedade”. Depardieu respondeu com sua biografia: começou a trabalhar aos 14 anos como operário gráfico; em 45 anos, nos tempos mais recentes como ator e empresário, juntou uma bela fortuna; ao longo desse tempo, criou empregos e pagou 145 milhões de euros em impostos. Que querem mais? Mudou-se para a Bélgica, enquanto a popularidade de Hollande caía para 35%.

Já Angela Merkel segue firme em suas políticas e convicções. Dos grandes europeus, a Alemanha foi a única a apresentar algum crescimento no ano passado.

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Dirão: o jogo ainda não acabou, há muitas variáveis no ar. Sim, como sempre será. Mas é certo que as previsões pessimistas ou simplesmente as previsões do pensamento mais à esquerda não se realizaram. E não se realizaram pela ação política. Super-Mário, o presidente do BC Europeu, Mario Draghi, salvou o euro. La Merkel, acreditem ou não, manteve o euro e a União Europeia de pé, reclamou reformas que começam a ser implementadas em diversos países. O presidente do BC americano, Ben Bernanke, evitou um desastre global. Obama se reelegeu e, aos pouquinhos, vai arrumando a economia e as contas públicas.

Já no Brasil, foram as previsões otimistas que deram errado. A presidente Dilma passou o ano inteiro dando lições de crescimento nos fóruns internacionais. Atacou as políticas americana e europeia, culpou-as pelos problemas locais, e fez propaganda do modelo brasileiro-lulista. Para colher o quê? Crescimento de menos de 1% e inflação perto de 6% — combinação pior que a média latino-americana, pior que a média asiática, pior que a média mundial, pior que os Brics, pior que EUA e pior que Alemanha.

Tem uma poderosa carta na manga — o desemprego baixo, mas cuja força está sob ameaça.

2013? Fica para a próxima.

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