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Economia

Venda da Eletrobrás vai encarecer conta de luz e ampliar o uso de fontes poluentes de energia

Lei que permite a privatização da Eletrobras é um monumento à insensatez

Logo da Eletrobras em painel na bolsa de Nova York 9/04/2019 REUTERS/Brendan McDermid (Foto: Brendan McDermid)
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Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual – A privatização da Eletrobras, liberada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) na quarta-feira (18), é abordada na mídia nacional de maneira superficial, como mera questão de mercado. Mesmo se a pauta é o preço final que será pago pelo consumidor após a desestatização, as reportagens televisivas comentam o tema de maneira envergonhada, jogando para o médio e longo prazo “possíveis” efeitos negativos no bolso dos brasileiros.

Mas, para Maurício Tolmasquim, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia entre 2003 e 2005, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), é importante destacar dois pontos no processo. “Primeiro, que a privatização era desnecessária. Não era preciso privatizar para atrair investimentos. Segundo, o impacto será grande sobre o consumidor”, prevê.

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Em 2012, várias hidrelétricas estavam com as concessões para vencer e o governo de Dilma Rousseff as renovou. Como as plantas operacionais já estavam amortizadas, a proposta do governo, aceita pela estatal, foi vender energia pelo preço de custo, mais uma taxa de lucro. “Agora, com a privatização, quem comprar (a empresa ou empresas do sistema Eletrobras) vai vender (a energia gerada) pelo valor de mercado”, explica Tolmasquim. Ele estima que no mercado o valor é cerca de três vezes o preço de custo, acrescidos da taxa de lucro, que é determinada pela própria empresa.

Além de acenar com o encarecimento da conta de luz dos brasileiros, a lei que permite a privatização da Eletrobras é um monumento à insensatez. Entre os chamados jabutis da legislação, fruto da  atuação de lobbies poderosos, um deles obriga  a inserção de 8 mil MW em termelétricas a gás no Sistema Interligado Nacional (SIN) entre os anos de 2026 e 2030.

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No jargão político, jabuti define a inserção de norma alheia ao tema principal em um projeto de lei ou medida provisória enviada ao Legislativo pelo Executivo. O termo surgiu por analogia ao ditado popular “jabuti não sobe em árvore”, usado para expressar fatos que não acontecem de forma natural.

Custos estratosféricos

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As termelétricas são um meio de produção de energia alternativo onde há escassez de outras fontes. O Brasil é um país rico em recursos hídricos, o que desaconselha tal exigência. Pior que isso, a maneira como a Eletrobras está sendo privatizada permite prever que as termelétricas a gás serão instaladas em regiões que não o produzem (Centro-oeste, Norte e norte de Minas), o que vai obrigar a construção de gasodutos caríssimos, estimados em R$ 100 bilhões de reais.

A operação dessas térmicas, explica Tolmasquim, estima-se que custem mais R$ 52 bilhões. Fora o custo de construir as próprias térmicas, mais R$ 18 bilhões. “Além disso, como essas usinas estão longe do grande mercado consumidor, teria que construir grandes linhas de transmissão. É um escândalo.”

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Danos ao meio ambiente

Os problemas não param por aí. Em nota técnica sobre os impactos ambientais decorrentes da inserção de termelétricas a gás natural, o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) esclarece que os problemas são preocupantes. “Além de representar custos adicionais em relação a outras opções energéticas menos custosas para o atendimento dos maiores centros de carga do país, o investimento em gasodutos está comprometido em uma fonte energética que tornará mais distante a necessária descarbonização da matriz elétrica brasileira. O mesmo pode se dizer das emissões diretas decorrentes da operação dessas usinas”, afirma a nota.

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A proposta que virou lei, em decorrência da aprovação da Medida Provisória 1.031, privilegia um modelo poluente em detrimento de fontes renováveis, como eólica e solar.  E é, portanto,  “conflitante com o cenário global de transição energética e especialmente com o atual cenário de risco de racionamento”, aponta o Iema.

Os absurdos se sucedem. A previsão legal é que essas usinas vão operar em tempo integral. Mesmo quando houver muita água nos reservatórios ou muita energia eólica ou solar, elas têm que continuar a gerar a energia térmica, cara e poluente. Tudo para atender interesses econômicos nas regiões.

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