CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Sudeste

Mussi, deputado bolsonarista, promove festas em plena pandemia

Deputado federal Guilherme Mussi (PP-SP) já foi processado por vizinhos em São Paulo por excesso de festas, barulho e perturbação do sossego, o que acontece mesmo durante o isolamento social

Guilherme Mussi (Foto: Lucio Bernardo Jr. /Ag. Câmara | Reprodução)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Dayane Santos, 247 - O deputado federal Guilherme Mussi (PP-SP), que já foi apontado como um dos mais faltosos do Congresso, possivelmente em razão das festas que costuma promover, não perdeu o hábito nem em plena pandemia. Mesmo com as recomendações sanitárias sobre o isolamento social, Mussi, que faz parte da base de apoio de Jair Bolsonaro, tem promovido festas onde mora, em São Paulo, o que levou seus vizinhos a processá-lo.

As denúncias contra Mussi são motivadas pelo excesso de festas, barulho e perturbação do sossego dos moradores próximos do condomínio Panorama, na Vila Conceição. De acordo com o processo, o deputado cometeu "reiteradamente diversas infrações às normas vigentes no Condomínio Autor, uma vez que tem por hábito dar festas em seu apartamento, bem como ouvir música em alto volume durante a madrugada, o que, evidentemente, causa perturbação e desconforto aos demais vizinhos".

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Em dezembro de 2018, Guilherme Mussi foi condenado neste processo e a liminar determinou que ele parasse imediatamente de perturbar o sossego dos vizinhos. Além disso, foi obrigado a pagar R$ 71.000,00 (setenta e um mil reais) de multa condominial pelo transtorno aos vizinhos.

Mussi é filho de Carlos Henrique da Silva Ferreira, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e acionista majoritário da Indústria Brasileira de Artigos Refratários S/A, que possui mineração em Brumado, na Bahia, e fábricas em Poá e Suzano, na Grande São Paulo, na região do Alto Tietê.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Conhecido por sua vida social agitada, Mussi, que está em seu terceiro mandato como deputado federal, foi casado com Rebeca Abravel, filha de Silvio Santos, e com Luciana Tranchesi, filha de Eliana Tranchesi, dona da marca de luxos Daslu.

O empresário ainda é sócio em dezenas de empresas que, conjuntamente, apresentam o capital social no valor total de R$ 4 bilhões. Eleito com mais de 134 mil votos, declarou um patrimônio de R$ 100 mil.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Depois das reclamações e multas por perturbação do sossego no condomínio Panorama, o parlamentar se mudou para um imóvel na Rua Canadá, no bairro de Pinheiros. A condenação não serviu como medida educativa, e ele voltou a perturbar seus vizinhos, inclusive durante a pandemia do coronavírus.

Uma das moradoras, vizinha de muro do deputado, é a que mais tem sofrido com o barulho. Maria da Glória Vianna, de 69 anos, que mora no local há mais de 20 anos, conta que logo que o vizinho parlamentar se mudou, chegou a ir de madrugada até a sua porta para pedir que reduzissem o som.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

“Quando pedi para chamar o proprietário, o porteiro, visivelmente constrangido, disse que a pessoa não podia ser incomodada”, conta a moradora, que é psicanalista e atende clientes em sua residência.

“Tenho um paciente que atendo às 7h10 da manhã, horário que as festas terminam. Tentei ter uma boa relação, afinal é meu vizinho”, acrescenta.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

No dia 7 de maio, no ápice do isolamento social recomendado pelas autoridades como forma de combater a disseminação do novo coronavírus em São Paulo - epicentro da pandemia no país - foi realizada uma grande festa na residência do deputado federal do PP, com som alto durante toda a madrugada.

A polícia foi chamada, mas diferentemente do que ocorre nas festas realizadas nas periferias da cidade em que são lançadas bombas e a violência policial contra jovens corre solta, o proprietário e promotor da festa foi chamado, mas se recusou a se apresentar e ainda aumentou o volume do som.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Sobre esse comportamento de indiferença aos cidadãos e à lei, Maria da Glória faz uma comparação com o período da ditadura militar. “Eu vivi os anos duros de 1964. Esperava que conseguiria deixar algo melhor para as outras gerações. Esperava outro tipo de postura de um parlamentar”, salienta.

No dia 23 do mesmo mês, foi realizada outra festa, que além do som alto e da algazarra dos convidados, incluiu a contratação até de um buffet. A festa só foi encerrada por volta das 6 da manhã do dia seguinte.

A polícia foi novamente acionada, mas Guilherme Mussi mais uma vez não atendeu aos policiais. Um novo boletim de ocorrência foi registrado, porém diante dos abusos recorrentes e da demonstração de indiferença, a moradora decidiu notificar extrajudicialmente o deputado. Guilherme Mussi ignorou o apelo e voltou a organizar festas, com aglomerações de pessoas.

A última foi no dia 23 de junho com a presença de diversos convidados e música extremamente alta durante a madrugada. Os vizinhos voltaram a chamar a polícia e um novo BO foi registrado. 

Vídeos feitos no dia da festa por vizinhos mostram que o som alto supera os 70 decibéis. Por lei, em zonas residenciais o limite de ruído permitido é de 50 decibéis (o equivalente a um choro de bebê) entre 7h e 22h. Das 22h às 7h, o limite cai para 45 decibéis. Em zonas mistas, são permitidos até 65 decibéis (compatíveis com o latido forte de um cachorro) durante o dia e entre 45 e 55 decibéis das 22h às 7h.

Em uma das gravações, é possível ouvir uma das convidadas avisar que “é estritamente proibido o uso de aparelhos celulares ou de publicação em redes sociais”, evidenciando que se trata de “festa clandestina”.

Uma das câmeras dos vizinhos registra a chegada de pelos menos seis pessoas no local, todos sem máscara ou qualquer outro tipo de proteção contra o coronavírus.

No dia seguinte, mais festa e mais aglomeração indevida com barulho excessivo. Novo boletim de ocorrência registrado.

Procurados, os advogados João Pedro Fragoso e André Furegate de Carvalho, que cuidam dos processos relacionados às denúncias, lamentaram a situação e afirmaram que estão “tomando as providências judiciais cíveis e criminais cabíveis para garantir a saúde, o sossego e a segurança de Maria da Glória".

O 247 entrou em contato com a assessoria do deputado Guilherme Mussi, que não se posicionou até o fechamento desta reportagem.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO