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Carla Teixeira

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História Membro do Conselho Editorial da Revista Temporalidades - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

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À direita, UJS racha o movimento estudantil nacional

"As críticas foram contundentes e o desdito não pôde ser evitado. Ainda bem! O Movimento Estudantil nacional segue firme, forte e vivo em todos os níveis na construção da coesão – com o povo, à esquerda - pelo Fora Bolsonaro e o retorno da democracia plena no Brasil"

Movimento estudantil pede união do campo progressista contra a direita e o fascismo nas eleições (Foto: Vangli Figueiredo/UBES)
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O ato pelo “Fora Bolsonaro”, no dia 12 de setembro, marca a primeira manifestação de grupos da direita e da extrema-direita que recentemente se colocaram na oposição ao governo. Após apoiarem o golpe contra a presidente Dilma, em 2016, a prisão de Lula e a eleição ilegítima de Bolsonaro, o MBL (Movimento Brasil Livre) e o “Vem pra rua” ganharam o apoio de figuras como Ciro Gomes (PDT), João Amoêdo (NOVO), artistas, políticos e personalidades que darão corpo às manifestações sob o mote “nem Lula, nem Bolsonaro”. Resumindo: dia 12 é a tentativa da raquítica “terceira via” buscar seu lugar ao sol das ruas sob a proteção de uma aparente “frente ampla” contra o neofascismo que ajudou a retirar do esgoto (vale lembrar, como exemplo, que o MBL é o pai da “Escola Sem Partido”, cujos integrantes invadiram escolas para filmar professores e constrange-los no ofício docente).

Logo a polêmica se instalou no campo popular: ir ou não aos atos? Fortalecer a frente ampla com setores golpistas, conservadores e reacionários ou marcar posição convocando manifestações próprias? O movimento estudantil, historicamente presente nas principais lutas contra o avanço autoritário e o desmonte do estado brasileiro, procurou equacionar as discordâncias, priorizando o diálogo entre as forças políticas na busca pelo consenso e a unidade. A UNE (União Nacional dos Estudantes), a ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos) e a UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) se posicionaram, inicialmente, de forma confusa e ambígua. As três entidades são presididas por integrantes da União da Juventude Socialista (UJS), fundada em 1984, organização juvenil do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Adeptos da estratégia de luta baseada na frente ampla, a UJS conta maioria nas três principais entidades estudantis do país. Vamos à cronologia dos acontecimentos para entender o que houve.

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No dia 10, os perfis da UNE e da ANPG, no Instagram, postaram uma foto das suas presidentas em companhia de Ciro Gomes - cujo repúdio no campo da esquerda (devido às suas críticas passionais e virulentas contra Lula e seus eleitores) aumenta na mesma proporção de sua rejeição e da diminuição das suas intenções de votos nas pesquisas eleitorais para 2022. Logo começaram as críticas, que podem ser constatadas nas redes sociais: “Parabéns pelo reboquismo”; “a esquerda que a direita gosta” e “Tirem a administração das redes sociais das mãos da UJS. Assim eles queimam toda entidade” foram algumas das dezenas de manifestações de estranhamento registradas pelos seguidores. O dissenso exigiu muito diálogo, que entre os integrantes da UNE chegou a 5H de reunião, para fechar a nota conjunta que seria publicada sobre o posicionamento do movimento estudantil a respeito dos atos pelo “Fora Bolsonaro”.

No dia 11, às vésperas da manifestação da direita, as redes sociais da UNE, UBES e ANPG publicaram nota conjunta sob o título: “Estudantes às ruas pelo fora Bolsonaro”, cujo texto, no perfil da UNE, inicia afirmando que “Em nota e carta aberta ao Brasil a UNE, UBES e ANPG reafirmam a importância do fortalecimento e unidade na luta contra o Bolsonaro na defesa da educação e da democracia”. Propositalmente redigido de forma confusa pelos integrantes da UJS, que controlam as principais cadeiras e as redes sociais das entidades, apenas ao final do texto ficava claro que a convocação dizia respeito aos atos da esquerda, previstos para o dia 2 de outubro. Mas também reiterava que as lideranças das entidades estariam presentes no dia 12, fortalecendo a tática da frente ampla que não encontrou consenso no movimento estudantil e foi derrotada em plenárias das Executivas.

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Jornais da direita anunciaram que UNE, UBES E ANPG confirmavam presença e convocavam todos para os atos do dia 12. Então a vaca foi pro brejo e o pau “caiu a fôia”. As reações dos estudantes foram imediatas, com centenas de comentários: “Tomem vergonha na cara e deixem de forma explícita no post que a entidade decidiu por NÃO compor o ato dia 12”; “Deveriam ter deixado explicito que eram os atos do dia 02/10. Corrijam isso, comunicação!!!”; “Ujs, mas que desrespeito com a luta estudantil!”; ”Vcs estão convocando para amanhã ou não??? Melhor serem diretos”; “Ô UJS, se vcs querem se aliar com facho usem seu próprio nome e não o da UNE. Mas que palhaçada isso hein...”. Enquanto os militantes da UJS tentavam, nos comentários, rebater as acusações de peleguismo e direitismo, as entidades tiveram de vir à público reafirmar que não convocaram atos com a direita, apesar de suas lideranças terem confirmado presença. A polêmica e as críticas se estenderam e podem ser constatadas nos perfis das entidades, nas redes sociais.

É legítimo que cada pessoa ou grupo político tenha sua própria estratégia de luta. Mas é lamentável que indivíduos, em posição de poder, utilizem de argumentos capciosos em textos propositalmente confusos para fazer valer e impor a opinião de seu gueto partidário dentro de entidades heterogêneas e plurais que devem representar a diversidade das opiniões nacionais. As críticas foram contundentes e o desdito não pôde ser evitado. Ainda bem! O Movimento Estudantil nacional segue firme, forte e vivo em todos os níveis na construção da coesão – com o povo, à esquerda - pelo Fora Bolsonaro e o retorno da democracia plena no Brasil.

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