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Miguel Paiva

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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A guerra do vírus

"A guerra do coronavírus acabou colocando de lado as verdadeiras guerras do mundo em que vivemos. Disputas de territórios, controle de riquezas, guerras santas e mesmo briga de vizinho deu espaço a uma luta muito mais simples. A luta pela vida", diz o colunista Miguel Paiva, sobre o desafio diante da pandemia

MIguel Paiva (Foto: Reprodução)
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O mundo praticamente parou. Parece que numa atitude meio mágica e desesperada estamos todos lutando juntos pela sobrevivência, tentando salvar a nossa vida, o que em tempos normais, sem pandemia, não vale um tostão furado. A vida é uma consequência que pode ser negociada, tirada, controlada e oprimida sem nenhum pudor. O que faz agora o mundo ter esse comportamento preservacionista de uma coisa que vale tão pouco?

Como o coronavírus na sua proliferação não vê muito classe ou gênero passa a assustar muito. Por causa disso ele acaba sendo manipulado pelas classes mais altas que se defendem colocando as classes subalternas como filtro ou escudo nesse avanço. Os mais ricos estão sendo atacados e sofrendo consequências cruéis no exercício de sua condição de classe dominante. Trouxeram o vírus de fora e agora, sendo vítimas se dividem em quem tem realmente medo e quem prefere colocar seus empregados no front dessa guerra. Como nas guerras clássicas os generais ficam no alto do morro vendo a batalha e dando ordens.

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A guerra do coronavírus acabou colocando de lado as verdadeiras guerras do mundo em que vivemos. Disputas de territórios, controle de riquezas, guerras santas e mesmo briga de vizinho deu espaço a uma luta muito mais simples. A luta pela vida.

Talvez estejamos chegando também à essência mais primária da luta de classes. Quem tem os meios de produção acaba tendo mais força de pressão sobre o capital de trabalho. E eles têm também os carros para promoverem carreatas acintosas e desumanas. Aqui no Brasil, onde os trabalhadores informais crescem a olhos vistos, a luta fica ainda mais cruel. Não tendo patrão não tem nem o desemprego formal. Ele mesmo se coloca no olho da rua...êpa, que rua? Na rua não dá mais pra ir.

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Mas o mundo precisa repensar todos esses aspectos. Do mundo menos poluído que vem se sobressaindo desta paralisação, das guerras interrompidas, das relações de trabalho sendo repensadas e da nossa ocupação do dia a dia sendo revista. Estamos sendo forçados a mudar nossas vidas, apesar dos motivos trágicos, para uma vida melhor. Muita gordura pode ser cortada desse nosso "Brazilian way of life". Pensar mais no próprio corpo, tão frágil e vulnerável. Pensar no próximo, sobretudo aquele que trabalha para você. Pensar no seu bairro, na sua cidade, no seu país como uma joia rara a ser preservada.

Conseguiremos sobreviver sem esse lado sombrio da vida? Conseguiremos trocar afetos, saudades, lembranças mesmo sem os artifícios da vida moderna? Seremos mais solidários, mais fraternos, mais conscientes de que a vida é uma mera contingência e que devemos fazer deste tempo que convivemos aqui na terra o melhor possível? Será que ainda dá para acreditar em deus depois disso tudo? Que deus será esse tão impotente, tão indefeso, tão incapaz de resolver os questões que assolam o planeta? Será que os deuses de todas as religiões estão reunidos não sei aonde tentando passar uma palavra comum de fé? Mesmo para os que acreditam que deus seja uma energia, onde está essa energia agora que todos estamos passando pelo mesmo problema? Se querem chamar de deus, tudo bem. Mas esse deus tem que começar a fazer repensar em cada um de nós os novos tempos. 

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Nada será como antes amanhã, já dizia o poeta. Mesmo que o vírus passe, a experiência inédita ficará. Devemos depois disso tudo falar a mesma língua, ter os mesmos desejos e as mesmas ambições para que as soluções, aprendendo com o vírus, levem todos em consideração. Será possível ou é ingenuidade política minha?

Nada valerá se um vírus ridículo e minúsculo nos redimensiona ao menor significado. Agora temos que mostrar que, além de animais irracionais, somos pessoas capazes de enfrentar juntos o mesmo problema. E se o Bolsonaro estiver atrapalhando vamos tirá-lo. É simples. Vamos pras ruas...ih, rua de novo? 

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