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Pedro Paulo Rocha

Tranzcineasta, Performer, Filósofo, Diretor e Criador do Teatro Hacker e do Komite Zero, além de poeta, escritor, compositor, artista visual, ativista e Esquizoanalista

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A revolução molecular contra o ciclo vicioso do fascismo

Precisamos de um outro tipo de contágio social para quebrar o ciclo vicioso da direita. Sem uma imaginação de ruptura seremos presas do jogo

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por Pedro Paulo Rocha 

Estamos rodando em círculo. 

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Xingar o Bolsonaro não tem efeito nenhum.

Bolsonaro é isso, é aquilo...

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Gritar, cuspir na cara, falar " verdades " ...é tudo tão inócuo.

Tentar fazer diagnósticos psiquiátricos...

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Aquela frase de efeito e lacradora são meras decorações . 

Ter ódio dos bolsominios também não muda nada! 

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Tentar inferiorizar, humilhar, rebaixar, desclassificar...

Ridicularizá -lo é tão sem efeito quanto as análises acadêmicas sobre o fenômeno da direita. 

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O Ciclo Vicioso é que nada que fazemos tem realidade além do nosso prazer de linguagem.

Nossa tática se limitou em uma masturbação de linguagem sem efeito de  gozo real  de transformação da  realidade.

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Perdemos totalmente a volúpia de mudança.

Verdade? Mentira? Não importa!

A urna não existe para eles! É tudo uma farsa!! 

O efeito das palavras  tem mais corpo do que seria uma verdade ou uma mentira. 

Tentar argumentar?

Kkkkkkkkkkk 

Eles responderão com uma grande gargalhada !

Chamar de burro?

Eles te darão um murro! Um tiro!!!

Nós somos os personagens, eles os roteiristas! 

As palavras dançam sem uma realidade.

E Não foi sempre assim ?

A violência vem do passado ?

Do futuro ? do agora ?

Quem tem as armas ? De quem é o monopólio da violência ? 

Os militares vão perder a oportunidade de entrar para história novamente pela força ? 

Será preciso apenas de força?

O tempo perdeu novamente a linearidade.

Os militares já voltaram! O viva Ustra do presidente arrombou as portas para a volta real do fantasma torturador. 

O medo e o violência nos atingem de todas as formas e lados. Para alguns como fato real, para outros como notícia. Não existe futuro mais. Tudo já aconteceu, ou quase tudo deve acontecer ou pode acontecer. 

É explícito no improvável, estranha estratégia declarada da direita. E nós entre o esperado e a falsa surpresa. Assim fomos perdendo o corpo de atuação e de imaginação porque nos fizeram de peça de um roteiro já escrito. Estamos no palco deles. De longe miram com armas cada movimento nosso. Preso no cercadinho que criaram para nós. 

Bolsonaro não é um imbecil ou um louco como parte da esquerda quis caricaturar.

Existe uma estratégia Real, os lances são dados todos os dias.  

O bolsonarismo está dentro e fora do Estado de forma organizada e dispersa ao mesmo tempo para ampliar a ruptura de sua revolução fascista. 

A virtualidade é parte do Real. O simulacro Fascista produz realidade, contexto, tensões. 

Sem uma reação fora dessa narrativa imposta pelo fascismo as coisas só vão piorar  em uma inércia geral de nossa parte.

É preciso deter o Bolsonaro urgentemente! 

Contra eles não vão adiantar apenas campanhas publicitárias com bandeirolas e slogans. 

Se o voto não for mais a  única arma, quais são as outras ? 

O livro?

O lápis?

As ideias de ruptura estão mais nos corpos do que nos livros. 

Quem lê no Brasil ?

É preciso muito mais corpo, mais ainda !

Os intelectuais não saem dos castelos da teoria. 

Enquanto a esquerda perdia tempo em chamar de burro o opositor ... ejaculando superioridade…eles foram avançando, avançando…

Ficamos nos três pontinhos esperando o novo lance do teatro facista.

bolsonaro-arte

Não existem Recursos de linguagem no Bolsonarismo. Eles desfazem a ideia de uma linguagem formal  para provocar uma diferença de ação. 

A violência é a forma mais concreta dessa ação. 

O problema não é se é verdade, se existe  pensamento ou a  linguagem. 

O fulminante é a  ação enquanto violência que eles contagiam.

A operação é sempre um ato de desfazer nossa linguagem gerando acontecimentos  já anunciados que surgem com essa aparência de imprevisível  surpresa. E já somos atingidos de fora, não mais que de repente, programado e avisado. 

- " Não acredito que isso aconteceu" ... mas já tinha acontecido faz tempo - o que nos ataca é a repetição vista como surpresa , de novo,  mais uma vez 

Uma sequência de golpes que se dá sem pausa 

É estranho que essa repetição surja nonsense se são os mesmos absurdos. 

Parece que precisamos esquecer para suportar e não desviarmos das balas.

Enquanto ficamos na questão da linguagem e da narrativa estamos sem corpo e  ato. A desconstrução da direita  faz com que nossa linguagem caia na impotência. 

A Narrativa  perde  seu sentido e função porque ficou refém do seu ciclo vicioso em querer dar uma linguagem e uma função ao que é esquizo, desviante. Ao desfazer o que funcionava e nos obrigando a reproduzir o inútil, a direita nos deixa rodando no vazio como um motor imóvel cego.

Enquanto perdemos a conexão fica exposta a carne viva a nossa  contradição entre palavras e ações. 

Aceleradamente passado e futuro se entrelaçam, sem nos deixar tempo de criação para uma nova ação que não seja a reação presa ao dispositivo do jogo que os fascistas comandam.

A eficácia desse jogo é concreta porque não tem a mínima importância o conteúdo do que pensamos sobre eles. Nos neutralizaram.  O importante é a manipulação que conseguem fazer da nossa reação. Um estilingue mirado inversamente contra nós mesmos, esticando, esticando, até que não conseguimos mais segurar a ponta do elástico com a pedra contra a cara. 

Não se combate ruptura institucional com a ilusão de um retorno de uma  normalidade institucional já dissolvida. 

É preciso romper com a linearidade também para impedir o avanço fascista. 

Essa ruptura da esquerda com o poder do capital parece esperar a destruição total das  condições dadas diante de um clímax criado pela direita. 

Se a esquerda não usar a tragédia Real como possibilidade nada mudará mais.

O filme sempre voltará ao seu começo sem fim e ao seu fim sem começo.

Nem mais a dissimulação triunfalista de uma ilusão publicitária terá seu encanto messiânico em nossas mentes. 

Será a morte total da esquerda no Brasil ? 

Corremos o risco da era do eterno hiper fascismo reinar por muito tempo ainda.  

O Bolsonaro destrói as ilusões narrativas da esquerda publicitária.

Enquanto passeamos no Jardim de plástico esperando o final feliz ele é um lança chamas que derrete tudo.

Ficamos sufocados com cheiro esse plástico derretido. 

O fantasma é mais real que o possível. 

A tendência no Limite força todos os limites. 

Nossa reação programada pela direita é a atualização da fantasia fascista. 

O medo torna Real o Espectro Fascista.

Fantasmas se combatem com fantasmas mas enquanto acontecimento nos corpos que começam a se mover. 

Precisamos de um outro tipo de contágio social para quebrar o ciclo vicioso da direita. Sem uma  imaginação de ruptura seremos presas do jogo.

Estamos acuados! 

Existe um pacto entre as forças políticas e econômicas além de nós.

Querem, como sempre, se aproveitar disso tudo para normalizar mais ainda  juridicamente a política de morte. 

O Estado ele mesmo clandestino formando uma rede de gabinetes secretos. Vermes famintos de poder  se multiplicam. 

Quando pensamos em reagir, as coisas já aconteceram. A desordem dos acontecimentos mudam tudo o tempo todo. Perde-se o campo de referência. 

As antigas estratégias parecem inócuas, previsíveis. 

A direita com sua máquina de gerar medo obriga a própria esquerda do poder a recuar, voltar as velhas alianças, fazer as conciliações com seus algozes. Sem saída, por um fio, somos lançados ao velho centro de poder. Os erros são repetidos em um cenário muito mais adverso. Certa ideia de esperança mais dissimulada conforta a paralisia geral. 

É preciso matar a esperança,  amiga do medo e da falsa possibilidade, para novas ondas de ação sair da mera reação. Sem antecipação. 

Parece que não temos muito o que fazer além de seguir a narrativa macro política. Porém são nos territórios sociais micro políticos  onde as tensões fundamentais não param de acontecer que é possível criar alternativas reais, cotidiana. 

São essas tensões entre micro e macro política que Félix Guattari chamava de Revolução Molecular.

É através da revolução molecular que toda a diferença não absorvida pelas máquinas molares  passam, contagiam, provocam.

Não se trata de abrir mão da disputa do Estado, muito pelo contrário. A revolução molecular é  provocar e  conectar as dispersões dissidentes espalhadas em diferentes grupos em uma superfície social capaz de deslocar o macro poder da ponta da pirâmide até explodi-la. Impedir  que as articulações molares  do poder não bloqueiem  os fluxos do desejo que se manifestam nos territórios. Fazer a TERRA entrar na política. Fazer o povo que falta  ocupar os vazios do poder. Puxar a política representativa para os territórios vivos do dia a dia. Desfazer e apontar os limites de uma  política da representação desconectada da realidade das pessoas. Comunicar,  ligar o que está fragmentado. Conectar os guetos. Não temer as críticas. Se deixar devorar pela fome de transformação que vem de baixo. Não barrar as dissidências dentro da esquerda mas abrir espaços de ruídos, de invenções. Não excluir os desejos coletivos que a representação política não alcança. Não reduzir a política a uma disputa de votos. Criar processos reais de participação. Ultrapassar os limites do partido, dos grupos de poder. Não bloquear os desejos que protestam porque não suportam mais a repetição do mesmo jogo. 

Basta de ilusões de uma esperança cristã aliada ao capitalismo da morte.

Diante dessa  velocidade fascista  que nos arrastam  e atropelam é preciso potencializar novas velocidades que os múltiplos movimentos moleculares já manifestam no dia a  dia. A maior resistência contra o fascismo vem dos corpos, 

das vidas, das experiências, das redes, dos coletivos, das alternativas que não podem esperar. Não há mais esperança porque existe uma paixão vital do desejo que não espera mais nada. Age e urge agir! 

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