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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Bolsonaro envergonha e prejudica o Brasil com os seus excessos

O jornalista Ribamar Fonseca afirma que, apesar do funcionamento das instituições, o país vive sob uma ditadura disfarçada. Ele acredita que os brasileiros que elegeram Bolsonaro começaram a despertar da "dose cavalar de mentiras a que foram submetidos". "Ainda bem, porque se o capitão permanecer no cargo até o final do mandato não vai sobrar nada do país. Nem vergonha", afirma

Bolsonaro pode cair sem ter governado? (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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O Brasil vive uma situação surreal, inimaginável até antes da eleição e posse do capitão Jair Bolsonaro. Todos os seus absurdos, incluindo agressões,  declarações incompatíveis com a dignidade do cargo, perseguições políticas  e medidas destruidoras do país são encaradas com naturalidade. Não há indignação. Ele não tem limites e não respeita ninguém, nem mesmo o cargo que ocupa.  Diz o que quer, ofende todo mundo, faz o que bem entende, curva-se submisso aos Estados Unidos, divide o poder com os filhos, ameaça a liberdade de expressão, despreza a imprensa e ainda assim consegue a aprovação de expressivo contingente de pessoas  que, pelo visto, estão satisfeitas com seu comportamento ditatorial e sua desastrosa administração. Além disso, estabeleceu um clima de medo que, surpreendentemente, tem causado censura e demissões até em empresas privadas, onde ninguém pode criticá-lo. Com uma política de ódio que tem dividido até famílias, estimulou a violência e o dedurismo, fazendo aflorar os piores instintos do ser humano. Como consequência,  muitos dos seus seguidores não hesitam em agredir, com palavras e  fisicamente,  quantos não rezarem por sua cartilha. Na verdade, apesar do funcionamento das instituições, vivemos uma ditadura disfarçada, onde policiais invadem reuniões pacíficas até de mulheres e se mobiliza a força nacional para intimidar manifestações de estudantes. E tudo isso com a complacência do Legislativo e do Judiciário que, aparentemente também com medo, preferem o silêncio.

O Legislativo e o Judiciário são justamente os dois poderes que poderiam por um fim nessa situação, interrompendo essa loucura que ameaça destruir o Brasil e entregar seus destroços para os americanos, mas os seus presidentes parecem comprometidos com o capitão, aprovando as suas iniciativas deletérias. O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, que volta e meia tenta mascarar sua submissão com declarações que sugerem independência, disse recentemente que Bolsonaro “é produto dos nossos erros”. E ainda assim o apoia, fazendo o que ele quer? Segundo um velho ditado “errar é humano mas persistir no erro é burrice”. Por que, então, Maia não tenta corrigir o seu erro? Ao contrário do que sugere, no entanto, não pretende admitir nenhum pedido de impeachment, nem colocar em pauta qualquer projeto que contraríe os interesses do capitão como, por exemplo, o que transforma em nepotismo a nomeação de parentes para ministérios ou embaixadas. Maia, aliás, foi o principal articulador da aprovação da reforma da Previdência, considerada lesiva aos interesses dos trabalhadores e, estranhamente, chora toda as vezes que fala da sua façanha. Até agora ninguém conseguiu descobrir o motivo do choro, mas há quem diga que se trata de remorso, porque ele sabe o mal que ajudou a fazer. No Senado não é muito diferente. O seu presidente, Davi Alcolumbre, além de assegurar a aprovação da reforma, que tem o tucano Tasso Jereissati como relator,  já teria prometido a homologação do nome de Eduardo Bolsonaro como embaixador do Brasil em Washington, uma vergonhosa submissão.  O capitão, portanto, não tem do que se preocupar com as duas casas do Congresso.  

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No Judiciário o ritmo é semelhante, apesar da ameaça do filho do Presidente de fechar o Supremo apenas com “um cabo e um soldado” – ou talvez  por isso mesmo – e das  críticas do próprio  Bolsonaro, segundo o qual “a Justiça se mete em tudo”.  O presidente da Corte Suprema, ministro Dias Tóffoli, que está sempre presente e sorridente em todos os convescotes promovidos pelo Presidente da República, teria confirmado, segundo a revista Veja, que participou de um acordo para manter Lula na prisão e evitar a queda de Bolsonaro, preocupado com uma possível crise institucional. Interessante que não tiveram essa mesma preocupação quando a presidenta Dilma foi destituída. O fato é que, como parte do acordo, Tóffoli adiou o julgamento da questão da prisão após condenação em segunda instância, o que beneficiaria o ex-presidente, e suspendeu todas as investigações sobre o senador Flavio Bolsonaro, o que certamente levou o Presidente a afirmar que “o Tóffoli é nosso”.  Bolsonaro parece ter o domínio dos três poderes. O próprio Tóffoli, aliás, confirmou, em recente evento de banqueiros,  seu apoio explícito ao capitão, entre outras coisas dizendo que o Supremo “tem que respeitar o resultado das urnas” mas, deixou claro, “o resultado de 2018”, porque o de 2014 não foi respeitado pela Corte. E, surpreendentemente, defendeu a desidratação da Constituição.  Com essa posição em relação à Carta Magna o presidente da Suprema Corte fere, profundamente, a nossa democracia. Diante disso, o que podemos esperar de nossa Justiça? 

O fato é que o presidente Bolsonaro, que vê no cocô uma alternativa para preservar o meio ambiente, tem consciência da sua ascendência sobre o Supremo – ou pelo menos sobre o seu presidente – razão pela qual declarou recentemente, em tom de chacota, que vai “começar a namorar o ministro Luiz Fux”, porque ele será o próximo presidente da Corte. Fux, homem de confiança da Lava-Jato, assume o cargo em setembro próximo, o que parece ser uma garantia de que o governo do capitão também não terá problemas no STF, onde já conseguiu a suspensão das investigações sobre o seu filho senador. Na verdade, com Fux no comando do Supremo  não deverá haver mudanças no  comportamento da Corte de caudatária do Executivo, o que vem acontecendo desde a gestão da ministra Carmen Lucia. E se Dallagnol ainda estiver na coordenação da Lava-Jato, o que parece pouco provável, a força-tarefa certamente será fortalecida pelo homem da sua confiança. A propósito, de onde vem  a força que segura o  procurador no cargo, pois parece muito estranha a sua permanência na coordenação da operação depois de conhecido o seu comportamento criminoso, após a divulgação dos seus diálogos secretos. Por que tanta demora em puni-lo?  A PGR Raquel Dodge já disse que ele é “inamovível”, mas nem ela é “imexível”, porque agora em setembro, quando termina  o seu mandato,  deverá ser substituída. Dallagnol, apesar das revelações do The Intercepet,  parece muito seguro de si, como se não temesse nenhuma punição. Será que ele é a surpresa que Bolsonaro preparou para a PGR? Neste Brasil surreal tudo é possível. 

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Surgiu, porém, uma esperança de que essa situação possa mudar em breve: a vitória de Alberto Fernandez-Cristina Kirschner nas eleições primárias da Argentina é um sinal de que as fake News, que levaram Trump, Macri e Bolsonaro ao poder, está perdendo força.  O povo argentino deu uma demonstração de que não se deixa mais enganar pelas mentiras que invadiram as redes sociais, promovendo uma verdadeira lavagem cerebral nos fracos de juízo que levaram a extrema direita ao poder naquele país vizinho e também nos Estados Unidos e no Brasil.  Há uma antiga máxima atribuída a Confúcio, segundo a qual “é possível enganar parte da população o tempo todo. É possível enganar toda a população durante algum tempo. Mas ninguém consegue enganar toda a população todo o tempo”.  Os brasileiros que, iludidos pela mídia e as fake News, levaram o capitão ao Planalto parece que começaram a despertar da dose cavalar de mentiras a que foram submetidos. Ainda bem, porque se o capitão permanecer no cargo até o final do mandato não vai sobrar nada do país. Nem vergonha.
 

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