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Renata Barbosa

Renata Barbosa é cientista política

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COVID-19: Gripezinha, novelinha, ou panelaço?

Até o momento, são apenas 65 mil respiradores mecânicos (não sabemos da quantidade de novos aparelhos que serão implementados), e em alguns hospitais de São Paulo já faltam insumos; como álcool gel, máscaras e luvas

(Foto: AMANDA PEROBELLI/REUTERS)
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Após assistir a atuação do Ministério da Saúde todas as noites na televisão, acreditamos que estaremos salvos e que o governo nos protegerá da terrível pandemia. Afinal, o coronavírus tomou o lugar dos protagonistas das novelas e, como em toda boa trama, já estamos acostumados a ver as mocinhas tendo um final feliz e os vilões morrendo em acidentes trágicos. Contudo, percebi que somos nós, sociedade civil, responsáveis pela defesa da própria vida.

Isso porque contávamos com uma ocupação de 78% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) antes da chegada da COVID-19, sendo que metade do número dos leitos do País encontra-se no sistema privado de saúde (que representa o acesso de 25% da população). Até agora, são esperados 540 novos leitos, o que somaria 55.641 mil ao total.

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A OMS recomenda que existam de 1 a 3 leitos para cada 10.000 indivíduos e o SUS conta com aproximadamente 1.3. Porém, diante da severa crise epidêmica, não poderemos contabilizar esses números para 10.000 habitantes. Entretanto, para obter uma dimensão a nível comparativo, utilizaremos o exemplo da China, onde 5% da população necessitou de leitos de UTI.

Isso corresponderia a aproximadamente 0.0053 leitos por pessoa, se aplicarmos essa porcentagem de 5% para os 22% de leitos disponíveis no Brasil. Esse número cairia ainda mais para o sistema público de saúde, já que 75% da população que necessita do SUS dividiria essas cifras, resultando em 0.000917 de leitos de UTI por pessoa. (Já adicionados os 540 novos leitos).

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Além disso, o governo dispôs de apenas R$ 8 bilhões direcionados à saúde pública, enquanto a Europa e os EUA estão assinando cheques em branco que ultrapassam dezenas de bilhões de dólares. Lembrando que neste ano, os recursos financeiros endereçados ao SUS caíram de R$147 bilhões, no ano passado, para R$136 bilhões. Ou seja, uma diferença de R$11 bilhões que não foi reposta, mesmo diante da severidade da contaminação.

É importante notar que o pacote no valor de cerca de R$ 88 bilhões, recentemente lançado pelo governo para os estados e municípios são estímulos econômicos, como resposta às consequências da epidemia. Dessa quantia, aproximadamente R$ 11 bilhões cobrem a área de saúde no intuito de zerar as taxas de alíquota de importação para ítens médico-hospitalares, desonerar IPI para bens necessários e a transferência do saldo DPVAT para o SUS. Essas medidas são de ordem burocrática acerca de impostos, o que necessariamente não implica que haverá mais leitos ou melhorias na infra- estrutura, equipamentos ou de profissionais.

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Até o momento, são apenas 65 mil respiradores mecânicos (não sabemos da quantidade de novos aparelhos que serão implementados), e em alguns hospitais de São Paulo já faltam insumos; como álcool gel, máscaras e luvas.

Um estudo recente, realizado pelo Imperial College em Londres, apontou que a COVID-19 é comparado ao H1N1 influenza pandêmica de 1918, para a qual a estimativa é de que 1/3 da população mundial (500 milhões de pessoas na época) foram contaminadas, resultando em 50 milhões de mortes. É importante compreender que a propagação do coronavírus é tão rápida, que 146 países já apresentaram mortalidades. O estudo também apontou que, sem o mais restrito isolamento social, 81% das populações dos EUA e do Reino Unido seriam contaminadas.

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Após a divulgação desses dados alarmantes, o primeiro ministro britânico, Boris Johnson, declarou imediatamente a supressão no País, com o fechamento de escolas, pubs e restaurantes.

Isso porque o coronavirus é um Non-Pharmaceutical Intervention (termo em inglês que denomina uma patologia para a qual ainda não existe um tratamento medicamentoso e nem vacina, que levaria de 12 a 18 meses para ser desenvolvida). A injeção de recursos públicos para a prevenção, controle e resposta ao coronavirus é primordial para reverter o crescimento epidêmico e garantir a sobrevivência da população.

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Assim, é vital que pressionemos o governo brasileiro, pois a velocidade de contágio da COVID-19 exige medidas urgentes de contenção e tratamento. Não podemos, jamais, dar mais tempo ao vírus; uma vez que a prevenção no Brasil já foi tardia.

As ações determinadas até o momento contam com baixa realocação de recursos financeiros para a saúde pública, pouca estrutura, falta de equipamentos e profissionais de saúde disponíveis, para um pico da epidemia a curto prazo. Afinal, não adiantaria nada possuir o plano mais caro de saúde se o SUS não estiver adequadamente amparado.

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Não nos esqueçamos de que os protagonistas somos nós, povo, e que novelas são obras de ficção, onde qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

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