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Carlos Reis R. Sousa

Professor de Filosofia do Instituto Federal do Maranhão, mestre em Filosofia Contemporânea e autor do livro Diálogo e Direito

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De fato, Detonautas, Bolsonaro e PT estão em dois extremos

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Solitária, isolada e fora da constelação dos mais de 30 partidos da política brasileira, a estrela do PT aparece no plano de fundo da foto do vocalista da banda de rock Detonautas, Tico Santa Cruz (de terno e gravata),  no clipe da música Político de Estimação, lançado nesta sexta-feira 11. Da mesma forma, a imagem de duas armas com fundo verde-amarelo surge no vídeoclipe para representar o bolsonarismo.  

Assim como o artista goza da prerrogativa da liberdade de criação, o espectador goza do direito de retirar da obra de arte um sentido muito particular que às vezes contrasta com as intenções do artista ao cria-la. A escolha das duas imagens do clipe já permite de cara, no universo civilizado, que o Partido dos Trabalhadores arranque na frente do Bolsonarismo: num extremo o brilho de uma estrela vermelha e no outro, armas. Ou seja, na metáfora que compara arma a estrela, a Educação, à Ética e a Civilidade preferem a estrela.

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Portanto, quando descolamos de possíveis intenções políticas do artista (se existirem), numa interpretação livre do clipe, o paradoxo das imagens é perfeito para explicar a ‘longitude’ do PT em relação a qualquer ponto da linha do bolsonarismo. Na  história real do Brasil tal distanciamento é facilmente medido. O Partido dos Trabalhadores sempre valorizou a luta contra a desigualdade social, contra a miséria, a fome e a exclusão social. Já o Bolsonarismo exalta a tortura, a ditadura e a idolatria às armas de fogo; além disso, se contrapõe à luta de combate ao racismo e à destruição ambiental,  à luta de combate à homofobia e à misogenia, além de pregar a expulsão de inimigos do país. Dessa forma, PT e bolsonarismo estão em dois extremos muito distantes.  

A direita neoliberal tenta enlatar a narrativa da equivalência entre petismo/lulismo e bolsonarismo para oferecer em 2022 um pseudo-remédio contra o extremismo. É bom relembrar que nas eleições presidenciais de 2018 Alckmin buscou vender esse soro caseiro, tentando misturar sal e açúcar, petismo e bolsonarismo. Mas, a população não engoliu esse fast-food indigesto e vazio de calorias políticas, dando ao tucano uma votação pífia. Em 2020 a direita neoliberal retoma o mote do PSDB, na esperança de voltar à Presidência da República.

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 Sobre a música Político de Estimação é necessário afirmar o caráter educativo da letra composta por Tico Santa Cruz. De fato, precisamos combater o fanatismo, a idolatria política. Porém, num contexto marcado pela demonização ao PT, a colocação da imagem do partido junto à imagem do bolsonarismo, por alguém que tem a simpatia da esquerda, é no mínimo precipitada, uma vez que pode reforçar o Discurso Soro Caseiro da Direita Dem-oniana e cia. Mas como Deus escreve certo por linhas tortas, eu prefiro a interpretação às avessas do clipe, de olhar Lula e Bolsonaro como açúcar e sal. Assim, podemos dar ao PT e a Bolsonaro o lugar que cada um merece na História, e, de quebra, salvar as boas intenções da banda ao lançar esta música.  

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