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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Ditadura é isso aí

"É difícil enfrentar essa ditadura disfarçada de democracia. E há poucos recursos. O mais citado, cada vez mais, é o impeachment. Mas, do jeito que o governo está armado, não mudaria muita coisa se Bolsonaro fosse cassado", avalia o jornalista Alex Solnik

O poder militar no governo Bolsonaro. (Foto: Fernando Frazão/Agencia Brasil)
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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia

Há muita gente preocupada em saber se Bolsonaro vai dar um golpe de estado. Se vai haver intervenção militar. Eu não estou preocupado mais. A ditadura já está aí.

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Essa manifestação organizada pelo Planalto – A marcha do foda-se – para o dia 15 não é um ultimatum ao Congresso e ao STF. É uma prensa. É o balão de ensaio de um novo método de governo. Uma ameaça de cassação branca.

Deputados que não se alinham ao governo são trucidados nas redes sociais – em grupo ou separadamente. Não são cassados nem presos, como nas ditaduras tradicionais, mas são destruídos politicamente. Dificilmente se reelegem.

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É esse o método bolsonarista de cassar parlamentares.

Agora, pedir intervenção militar é pleonasmo, porque eles já estão no governo.

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Bolsonaro não precisa fechar o Congresso para se firmar como ditador. Basta controlá-lo.

Enquanto ele não tem a presidência da Casa, se relaciona com deputados na base da truculência, da ameaça, da intimidação. Nos casos em que não consegue cooptá-los, é claro.

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Toda ditadura se sustenta num bom respaldo militar. E isso Bolsonaro tem de sobra. Nenhum presidente civil fez o que ele fez pelos militares, de alto a baixo. Até na reforma da Previdência. Mais de 100 altos cargos federais são ocupados por eles. Generais comandam os ministérios mais importantes. Voltaram ao poder sem golpe.

Eles não vão largar esse osso, haja o que houver. Faça Bolsonaro o que fizer. Ruim com ele, pior sem ele – devem pensar eles nos momentos em que ele se excede. E engolem o sapo.

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Há quem diga e garanta que os generais de hoje não são como os de ontem; seriam democratas até debaixo d’água. Outros dizem, no entanto, que apoiam a maioria das ideias do presidente, tais como a ameaça comunista se o PT ganhar as próximas eleições.

Traduzindo: os generais seriam, em tese, democratas, mas, na prática, rejeitam a alternância no poder, que é a essência da democracia.

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É difícil enfrentar essa ditadura disfarçada de democracia. E há poucos recursos. O mais citado, cada vez mais, é o impeachment. Mas, do jeito que o governo está armado, não mudaria muita coisa se Bolsonaro fosse cassado.

Mourão assumiria em seu lugar – e ele é tão tosco, truculento e antidemocrático quanto o presidente. O governo não cairia se Bolsonaro caísse; os ministros generais continuariam em seus lugares; tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Quanto ao STF, também não precisa ser fechado “com um soldado e um cabo”. Até meados do próximo ano, Bolsonaro terá nomeado dois novos ministros. Terá maioria de um voto que hoje não tem.

Controlado o Congresso e o STF resta controlar as eleições. Toda ditadura vem para ficar um bom tempo. Quatro anos é pouco.

Desacreditá-las – como Bolsonaro fez ontem, alegando ter havido fraude em 2018 – é o primeiro passo para convencer a população de que na próxima, em 2022, ele poderá ser “roubado” de novo.

Se a eleição é fraudulenta, e a fraude é contra ele, por que não acabar com ela de vez e deixar que ele prossiga, impedindo o PT de ganhar?

Nessa hora veremos se os generais do governo são bolsonaristas ou democratas.  

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