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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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É hora de barrar o terror e o espanto, com votos

A colunista Denise Assis diz que 'os regimes opressivos se instalam, com ares de normalidade. Disfarçando como quem não quer nada, eles tomam nossos direitos'

Ato Fora Bolsonaro (Foto: Oliven Rai/Mídia Ninja)
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Por Denise Assis, para o 247

Os tempos estão sombrios. Há no ar algo mais que aviões de carreira. Não. Não falo de ameaça de golpe. Três tentativas de Bolsonaro já fracassaram: o 7 de setembro – abortado por falta de apoio do comando maior do Exército -; o aproveitamento da arruaça promovida por Roberto Jefferson, no último domingo (23/10), um “bom” pretexto para empastelar a eleição e, por último, o “relatório das inserções”, o chamado “H”, para cima do TSE, buscando um adiamento do pleito.

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Os episódios mencionados acima se complementam com algo muito mais grave ainda. A manobra radical desfechada pelo candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que tentou apagar da sua campanha as imagens do assassinato de Felipe Lima, de 27 anos, que desgraçadamente atravessou com sua moto o cenário onde Tarcísio e os seus correligionários buscavam o reforço para a narrativa de Bolsonaro, de que “em favelas só moram bandidos”. Armaram um tiroteio – os famosos “teatrinhos”, rotineiros na ditadura civil-militar (1964/1985) – matando com um tiro certeiro o rapaz que simplesmente trafegava próximo ao local onde estava o candidato.

São muitas as pessoas que não se lembram ou não viveram o período de plena atividade da repressão. Quando se faz menção ao período, a tendência é achar ou que exageramos, ou tem-se a impressão errônea de que havia o tempo todo comboios de militares pelas ruas, oprimindo a população.

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Não era assim. Havia no ar um clima de normalidade. Os cinemas, os teatros, funcionavam (com programação que usava o máximo de metáforas para burlar a censura, ou o humor escrachado, para não ferir as imposições dos poderosos e ir parar no pau-de-arara). 

O Congresso funcionava, embora tenha sido fechado quatro vezes (na decretação do Institucional nº 2 - AI-2; em 20 de outubro de 1966, para conter uma onda “contrarrevolucionaria” – foi o pretexto dado por Castelo; em 13 de dezembro de 1968, quando Costa e Silva baixou o AI-5 e, por fim, em 1977, por Geisel, no “pacote de abril).

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Tal como agora – quando os votos dos deputados são comprados pelo “orçamento secreto” -, na época funcionava do mesmo jeito, com troca de favores e o comércio de consciências -, embora com mais discrição. Havia uma oposição, mas tragada como nos tempos atuais, pelo bloco adesista. 

Toda a introdução é para reforçar para o distinto público que, sim, vivemos tempos de exceção. Para repisar que não estamos na democracia plena e que é assim que os regimes opressivos se instalam, com ares de normalidade. Assoviando, disfarçando como quem não quer nada, eles vão tomando os nossos direitos. A Justiça em tempos de ditadura costuma funcionar ao lado do poder, como foi o STF daquela época.

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Sorte a nossa, que o STE tem agido com correção e lisura, impedindo manipulações como tentaram nos ludibriar dois ministros de Estado: Fábios a serviço de farsas: o ministro das Comunicações, Fábio Farias, e seu secretário executivo, Fábio Wajngarten, alegando prejuízo do candidato à reeleição, nas inserções de rádio.

Mas o mais grave disso tudo são as mortes mal explicadas, os crimes omitidos, a desfaçatez – a mesma dos torturadores dos anos de chumbo. A tentar negar, como fez Tarcísio no debate com o seu adversário, Fernando Haddad, que tenha colocado em Paraisópolis um agente da ABIN (o equivalente ao SNI de então), disposto a matar pela sua campanha. E, o que assombra pela semelhança com as atividades dos porões: reativar a prática dos “teatrinhos”, para mascarar a morte de inocentes, salvando a própria pele. É possível que tenha feito naufragar a candidatura, que já nasceu torta pelo domicílio. Tarcísio não conhecia Paraisópolis. Tarcísio não conhece o estado que quer governar. Conhece, porém, e muito, as estratégias do apagamento. 

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No domingo, temos a obrigação de varrer para sempre as práticas do arbítrio. Ele não avisa quando chega. Quem assistiu ao filme “Argentina 1985”, pôde constatar o espanto com que os argentinos foram colhidos com as revelações dos abusos da ditadura naquele país. Não foi diferente aqui, com o retorno dos exilados, a contar as suas desditas pelos calabouços do Estado. Chega de espantos. Temos chance de barrar esse terror no domingo! Às urnas!

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