Esfaquear é a moda da era Bolsonaro

As cenas exibidas nessa sexta-feira, dia 1º, durante disputas para a presidência do Senado Federal deveriam ser classificadas como impróprias para menores de 18 anos. Ou melhor, menores e maiores. Foram cenas deprimentes, com traições evidentes, bate-boca selvagem, tresloucamento total. O candidato à reeleição pela enésima vez, Renan Calheiros, prevendo a derrota no voto aberto, ficou ensandecido. Chegou a citar Tancredo gritando "Canalha! Canalha!" quando Auro de Moura Andrade anunciou, na madrugada do dia 2 de abril de 1964, que João Goulart não era mais o presidente do Brasil.

Renan tinha sido obviamente traído por Bolsonaro, que não quer vê-lo na presidência do Senado, já que não poderá controlá-lo inteiramente. Para cumprir a missão, Bolsonaro usou aquele filho da Gália, conhecido por Ubelix, ou algo assim. Renam precisava desesperadamente do voto secreto para se reeleger presidente do Senado e garantir as futuras traições a Bolsonaro. Mas Bolsonaro parece que domina melhor a arte do esfaqueamento e tratou de esfaquear antes.

Renan, como previsto, foi derrotado facilmente pelo voto aberto. Mas como não é flor que se esfaqueie, agiu rápido e recorreu ao Supremo de Toffoli. Conseguiu, assim, que se faça nova eleição, dessa vez pelo voto secreto. Espera garantir os votos necessários para se reeleger presidente do Senado – graças às traições a seu favor...