CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Pedro Maciel avatar

Pedro Maciel

Advogado, sócio da Maciel Neto Advocacia, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007

531 artigos

blog

Fiasco eleitoral à vista

As manifestações em comemoração ao 1º de Maio representam vergonhoso fiasco, de público e crítica e antecipam o que vai acontecer em todo o estado de São Paulo

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

A burocracia assemelha-se a todas as castas dirigentes pelo fato de se encontrar sempre pronta a cerrar os olhos perante os mais grosseiros erros dos seus chefes em política geral se, em contrapartida, estes lhe forem absolutamente fiéis na defesa dos seus privilégios.” (Leon Trotsky, in A Revolução Traída, p. 269, Edições Antídoto, Lisboa, PORTUGAL).

As manifestações em comemoração ao 1º de Maio, data fundamental para os trabalhadores, representam vergonhoso fiasco, de público e crítica e antecipam o que vai acontecer em todo o estado de São Paulo.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Troquei impressões sobre o fato com o companheiro Demétrio Villagra, dirigente sindical cassado pelo ditadura, fundador do SindPetro, do PT e da CUT; Demétrio foi vice-prefeito de Campinas em circunstâncias delicadas, pois foi colocado no mesmo balaio de malfeitos do então prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT); mas Demétrio foi absolvido de todas as acusações que o MP apresentou; concordamos que quando se governa sem interação orgânica com a sociedade e se busca excessiva conciliação as coisas não terminam bem.

Sabemos que Lula não é, nem nunca foi, um radical de esquerda (e o país não precisa de um nesse momento); mas, “o nó” é que os movimentos sindicais, sociais e políticos estão excessivamente institucionalizados, esperam que Lula resolva tudo, que ele seja o coordenador de tudo, não é essa a tarefa de Lula (que nessa sua terceira passagem pelo Planalto vê-se obrigado a trabalhar pela desmobilização dos movimentos, para garantir alguma paz institucional).

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Tendo em perspectiva essa realidade não podemos culpar Lula pelo fiasco do 1º de Maio, os responsáveis são os dirigentes, que, salvo o MST, envelheceram, engordaram e aburguesaram; não fosse verdade os movimentos e seus líderes estariam mobilizando as suas bases, num necessário esforço e contraposição às lideranças de extrema-direita que mantém os adeptos mobilizados o tempo todo, desde 2013.

Os que se apresentam como líderes hoje não passam de burocratas medíocres, incapazes de “fazer política” e, repito, não tem nenhuma conexão orgânica com a sociedade e vivem em bolhas que os afasta cada vez mais da realidade; essa eleição será lembrada como o maior fiasco para os partidos de esquerda desde a redemocratização.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O único partido, do centro para a esquerda, que, a meu juízo, mantém conexão orgânica com a sociedade e com a realidade é o PSB, pois realizou sua autorreforma. Todos os demais partidos acreditam que uma foto do Lula ao lado de seus candidatos encobrirá a incompetência da organização e a falta de militância e garantirá as eleições.

Faço essa afirmação porque o PSB no seu XV Congresso, que ocorreu em 2022, aprovou por unanimidade o novo Manifesto e o novo Programa do PSB, o que aproximou o partido e os dirigentes da sociedade e das demais verdadeiras; tratou-se de processo democrático e histórico, protagonizado pela militância do partido socialista.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Um pouco de História – Nossos dirigentes deveriam aprender com erros e acertos do passado.

A revolução russa de 1.917, por exemplo, foi o maior acontecimento da história no século XX, pois o capitalismo, sua lógica, seus principais operadores e seus estafetas foram abalados com a possibilidade de novos sistemas, econômico e político, serem implantados em todo o mundo, com a participação direta da classe trabalhadora.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

A Rússia, depois a URSS, poderia ter sido um Estado operário saído de uma revolução campesina e proletária, que aboliu o regime capitalista e instaurou formas de propriedade coletiva e planificação da economia, mas perdeu-se na burocratização do poder.

A burocratização foi um processo que comprometeu a legitimidade da revolução.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

É verdade que a revolução socialista teve início na Rússia atrasada e não na Alemanha, Inglaterra ou França, mais desenvolvidas em termos capitalistas, o que tornou-se um problema para seus dirigentes; não havia uma classe operária consolidada, articulada e organizada e os dirigentes revolucionários decidiram substituir a classe trabalhadora, tarefa que passou para a burocracia partidária. O PCUS passou a ser uma espécie de tutor da classe trabalhadora, o que determinou distanciamento dos dirigentes e do partido, em relação aos verdadeiros desejos e aspirações da sociedade, um distanciamento conduziu a URSS de volta ao capitalismo.

Acredito que a extrema-direita no Brasil só emergiu do chorume porque as lideranças democráticas e de esquerda se distanciaram da realidade.

Na antiga URSS dirigentes tornaram-se porta-vozes da burocracia e de seus interesses; negaram à classe que diziam representar, o direito à efetiva participação no poder e na construção do Estado socialista e levando aquele que deveria ser um Estado operário de volta ao capitalismo.

Acredito que o distanciamento da classe trabalhadora e a burocracia do PCUS lançou as sementes da perestroika e, em certa medida, Trotsky antecipou isso quando afirmou que: “… ou uma contrarrevolução social vitoriosa reconduzirá a União Soviética ao sistema capitalista ou então o desenvolvimento da revolução socialista mundial e das massas soviéticas, estimuladas pelos progressos econômicos do país, entrarão em conflito com as algemas burocráticas que saberão quebrar por meio de uma revolução política, e assim a construção do socialismo continuará no quadro da democracia soviética restaurada.” (parece que Trotsky estava certo, pois, a burocracia trouxe, sob o nome de perestroika, a tal contrarrevolução social que reconduziu a União Soviética ao sistema capitalista).

Há quem diga, inclusive, que o próprio Lênin ao verificar que estava em minoria no Bureau Politique e, tendo como seu único aliado Trotsky, buscou organizar o XII Congresso do PCUS com objetivo de recolocar a burocracia do partido no seu devido lugar. No documento “Carta e Notas ao Congresso, 23 a 31 de dezembro de 1.922” Lênin apresentou propostas de combate ao perigo burocrático, dentre elas está a necessidade de ocorrer: “… um alargamento dos órgãos dirigentes, principalmente pela introdução de ‘numerosos operários’, situados abaixo da camada que há cinco anos se meteu nas fileiras dos funcionários dos Sovietes e que pertenciam antes ao número dos simples operários e dos simples camponeses.”. Lênin mostrava claramente a sua preocupação com o excessivo fortalecimento da burocracia estatal e partidária.

Noutro congresso Shliapnikov, falando em favor da Oposição dos Trabalhadores, afirmou o seguinte: “Vladimir Ilich disse ontem que o proletariado como classe, no sentido marxista, não existe (na Rússia) Permitam-se congratular-me com vocês por serem a vanguarda de uma classe inexistente.”; o 1º de Maio de 2024 mostrou que os nossos dirigentes não representam absolutamente nada, são meros burocratas.

Eleições de 2024, fiasco contratado – Muitos dos burocratas de partidos e dos diversos movimentos, travestidos de líderes, vão conduzir o campo democrático e os partidos de centro-esquerda a derrota eleitoral em outubro e a “culpa” não é apenas das fake News, da imprensa, das elites; a culpa é deles, deixaram de ser líderes progressistas faz tempo e eles sabem disso.

Alguém escreveu que Lula, aos 78 anos, estava “...com nove ministros, abandonado num sol de lascar e sem público. Não havia bandeiras nem do PT, ou do PSOL ou do PCdoB. Tudo correu muito burocraticamente. Sem garra, sem "ganas", enquanto jovens estudantes americanos estão arriscando sua liberdade e seus futuros para denunciar o massacre em Gaza; por toda a Espanha deram-se grandes marchas. Na Argentina, em mãos do fascismo, as ruas foram ocupadas em protestos. Na Colômbia multidões foram para ruas denunciar o complô contra Petro. Em São Paulo, o vazio constrangedor. Pior que o nada: sem público, ilhado, Lula comete um "atropelo" contra a Lei Eleitoral fazendo pré-campanha para um constrangido Boulos. Avisado, tardiamente, o governo varre para baixo do tapete a evidência, retirando os vídeos do ar. Constrangedor. Estão em todas as redes. Tarde, muito tarde. A oposição fascista e o Ministério Público já estão com armas desembainhadas. (....)”.

Conclusões - Os burocratas - encastelados nos partidos, nos sindicados, ou protegidos em associações diversas -, são vírus a serem combatidos pela militância genuína. Enquanto esses seres microscópicos, parasitas intracelulares, estiverem ocupando o lugar dos verdadeiros democratas e dos verdadeiros socialistas, a direita e a extrema-direita vão prosperarem e seguirá bloqueando o debate democrático sobre o que é de fato importante. E não adianta desespero, o fiasco eleitoral já está contratado e a responsabilidade é da burocracia e da excessiva institucionalização da política, o que não é possivel é os diversos partidos seguirem ignorando a realidade, pois ela se impõe sempre.São as reflexões.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando...

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Carregando...

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO