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Ricardo Mezavila

Escritor, Pós-graduado em Ciência Política, com atuação nos movimentos sociais no Rio de Janeiro.

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Gigante Pepe Mujica: “O único vício saudável é o amor”

O gigante Pepe Mujica se define como um pessoa que carrega uma bagagem pessoal leve e sóbria, vivendo apenas com o suficiente para que as coisas não roubem sua liberdade. Mais um ser humano de estatura política universal com foto na parede da história!

José Pepe Mujica anunciou que renunciará ao mandato de senador por conta de doença imunológica crônica que o impede de circular na pandemia, já que não poderá receber a vacina contra a Covid-19 quando estiver disponível. “A política obriga a ter relações sociais e tenho que me cuidar, não posso ir de um lado para outro por causa da pandemia e isso seria algo ruim para um senador” 

Uma coisa é renunciar a um cargo político, outra é sair da política. Pepe Mujica não é um político tradicional, como ficou estabelecido pelas práticas que conhecemos. “Eu amo a política e não queria ir, mas amo ainda mais a vida. Preciso administrar bem os minutos que me restam”. Inimaginável um parlamentar brasileiro tendo essa grandeza e dignidade. 

Mujica leva uma vida simples, seu carro é um fusca, doa parte de seu salário, desde da época em que era presidente, para o Partido Frente Ampla e para um Fundo de construção de moradias. Mora em uma chácara na região rural de Montevidéu, cultiva flores e hortaliças ao lado de sua esposa, a senadora e ex-militante Lucia Topolanski.  

Mesmo que Pepe saia da política, a política não sairá dele. Suas críticas ao capitalismo e à burguesia estão eternizadas, suas ações de vanguarda em questões polêmicas como as aprovações da legalização da maconha, com o Estado regulando a produção e a venda da cannabis, do aborto e a lei do matrimônio civil entre pessoas do mesmo sexo, marcaram sua passagem pelo executivo uruguaio, dando-lhe visibilidade e respeito internacional. 

Discursando na ONU criticou o capitalismo dizendo que, “o deus mercado organiza a economia, a vida e financia a aparência de felicidade. Parece que nascemos só para consumir e quando não podemos, carregamos a frustração, a pobreza e a autoexclusão” 

O ex-guerrilheiro Tupamaro e revolucionário também fez autocrítica sobre a esquerda na América Latina: “Conseguimos, até certo ponto, ajudar essa gente (pobres) a se tornar bons consumidores. Mas não conseguimos transformá-los em cidadãos".  

O gigante Pepe Mujica se define como um pessoa que carrega uma bagagem pessoal leve e sóbria, vivendo apenas com o suficiente para que as coisas não roubem sua liberdade.  

Mais um ser humano de estatura política universal com foto na parede da história! 

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.