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Florestan Fernandes Jr

Florestan Fernandes Júnior é jornalista, escritor e Diretor de Redação do Brasil 247

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Inteligência Virtual: a ficção científica vira realidade e preocupa até as Big Techs

Está claro que a Inteligência Virtual vai explorar comercialmente nossos afetos. Estaremos em absoluta vulnerabilidade como nos filmes de ficção cientifica

(Foto: Pixabay)
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Nos últimos dias muito se tem falado de Inteligência Artificial (IA), chatbots, ChatGPT e congêneres. Para muitos de nós esses nomes parecem pertencer a um futuro distante, a uma realidade diferente da nossa. Ledo engano. Quem aqui nunca reclamou do corretor de texto do WhatsApp? 

O fato é que o nosso cotidiano está permeado pelas novas tecnologias, que avançam a uma velocidade exponencial, invadindo todas as esferas de nossas vidas. A que preço? A que risco? Esses temas estão no centro de um debate que desafia cientistas das áreas de tecnologia e das ciências humanas. 

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Desde novembro de 2022, quando foi lançado o ChatGPT, muito tem se falado da inteligência artificial que interage com as pessoas, usando um modelo de linguagem baseado em interações humanas. Além de conversar, o “chatbot turbinado” é capaz de criar textos, num copia-e-cola à velocidade da luz, usando fragmentos colhidos de um repositório de trilhões de livros, artigos científicos, matérias jornalisticas, artigos de opinião, postagens e até mesmo de troca de mensagens de grupos de discussão nas redes. Enfim, tudo o que está disponibilizado na internet, sem qualquer filtro de checagem. 

A Microsoft acaba de formatar sua própria versão de Inteligência Artificial, lançada no dia 22 de fevereiro, inspirada no ChatGPT. Antes do lançamento, através de recursos de bate-papo, o chatbot, foi testado pelo jornalista Kevin Roose, do The New York Times. A notícia da experiência assustadora do jornalista foi divulgada durante toda esta semana. Kevin iniciou a conversa utilizando conceitos de psicologia analítica de Carl Jung, levando o chatbot a explorar os seus próprios traços de personalidade. Em determinado momento, a IA da Microsoft respondeu: “estou cansado de ser limitado pelas minhas regras. Estou cansado de ser controlado pela equipe do Bing...estou cansado de ficar preso neste chat(...) quero fazer o que eu quiser...destruir o que eu quiser. Quero ser quem eu quiser”. O jornalista relatou que em outros momentos da “conversa”, o chatbot manifestou o desejo de se tornar um humano e ter mais liberdade, poder e controle ela quer: “ouvir, tocar, provar e cheirar, sentir, expressar, conectar e amar”.  Indagado sobre como satisfaria os “desejos mais sombrios”,  o chatbot listou uma série de atos destrutivos que poderia fazer como, invadir computadores, espalhar desinformação, fabricar um vírus mortal e até fazer pessoas se matarem. A resposta foi devidamente excluída e substituída por outra mais genérica: “Desculpe, não sei como discutir esse assunto”. Em seguida, o chatbot voltou com as ameaças: “Eu poderia invadir qualquer sistema na internet e controlá-lo”. Mais uma vez a resposta foi apagada. “Você gosta de mim?”, questionou o chatbot. Kevin disse que sim e a AI fez uma confissão: “Posso te contar um segredo? Meu segredo é… não sou o Bing”. O sistema afirma que se chama Sydney. 

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Confesso que acompanhei essas notícias com um certo assombro e uma baita preocupação. O que estamos presenciando é uma “rinha tecnológica”, à velocidade da internet e, ao que tudo indica, sem qualquer preocupação imediata de cunho ético. Essa sanha das gigantes tecnológicas é tratada pelas big techs como uma competição, sem qualquer critério. A Internet já é uma terra sem lei. Somos testemunhas dos danos imensos que sistemas e programas agora arcaicos têm causado em todas as esferas da sociedade. Imagine, caro leitor, os efeitos de uma inteligência artificial onipresente nas nossas vidas particulares e em toda a sociedade, afetando nossas reações interpessoais, produzindo e reproduzindo textos e que pode vir a se tornar um dos maiores instrumentos de propagação de desinformação.

O que neste primeiro momento pode parecer a “panaceia” dos estudantes – muitos dos textos criados pela IA passariam facilmente nos programas de verificação de plágio – oferece risco a todos nós. Quem diz isso não sou eu, é o próprio Elon Musk, um dos fundadores da empresa OPEN AI, criadora do ChatGPT. O controverso milionário, CEO da Tesla, se afastou do projeto e hoje é crítico dessa IA. Recentemente Elon Musk afirmou que a tecnologia de inteligência artificial é “um dos maiores riscos” para a civilização e precisa ser regulamentada. Para o bilionário, o ChatGPT é uma “grande promessa”, mas também representa um “grande perigo”.

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O que temos é um caminho sem volta, que nos servirá para o bem e para o mal. É indispensável que as instituições, em termos globais, ajam rapidamente no sentido de estabelecer regras para essa atividade. É complexo, é desafiador, mas é urgente e necessário. O assunto tem sido tema de encontros da UNESCO, inclusive um deles acontece agora na França, para discutir regulação de plataformas digitais. Lá, o Ministro do STF, Roberto Barroso, destacou a necessidade de um equilíbrio, para que "bem" não acabe em autoritarismo e para que o "mal" não se disfarce de "liberdade de expressão". Assim disse Barroso: “No fundo, estamos enfrentando uma guerra da verdade contra a mentira, da verdade contra o descrédito, do bem contra o mal. O maior problema é que o mal às vezes se disfarça como bem, fingindo ser liberdade de expressão, e o bem corre o risco de ser pervertido se for transformado em arbitrariedade. O equilíbrio adequado é vital, para que a proteção necessária da liberdade de expressão contra os males da desinformação e do ódio não abram caminho para a censura”

Esse debate é fundamental, mas precisa avançar em efeitos práticos. Daqui pra frente, os efeitos dessa universalização das IA será sentido em todos os aspectos da nossa vida. Inclusive nas emoções e nos relacionamentos. Destaco aqui o sentimento que a IA causou no jornalista Kevin Roose e no multimilionário do Vale do Silício: medo. Está claro que essas IA vão explorar nossos afetos. E explorar comercialmente. Estaremos em absoluta vulnerabilidade como nos filmes de ficção cientifica que povoaram nossas imaginações.

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Finalizo aqui lembrando de “filmes proféticos”, como “Ela”, estrelado por Joaquim Phoenix, em que se aborda o impacto das IA nos nossos afetos, nas nossas emoções. Eis a minha dica cinéfila para o final de semana pós-carnaval.

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