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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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Já não seremos os mesmos

"Ninguém, como pessoa e como sociedade, pode viver o que estamos vivendo e seguir vivendo da mesma maneira", afirma o sociólogo Emir Sader. "Quem perdeu ou não aumentou a capacidade de se indignar com esse governo, com tudo o que vivemos neste período miserável, perdeu a humanidade"

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)
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Ninguém, como pessoa e como sociedade, pode viver o que estamos vivendo e seguir vivendo da mesma maneira. Já não seremos os mesmos. Seremos melhores ou piores, mas já não seremos os mesmos.

Quem vive a ameaça de morte presente no dia a dia, quem constata o número e vidas perdidas diariamente, quem vê os pobres viajarem todos os dias em ônibus e trens lotados, com riscos de contaminação, para tentar encontrar um ganha pão – não pode manter seu coração frio, não pode dormir tranquilo.

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Quem vê as imagens dos pobres buscando vender qualquer bugiganga nas ruas, aglomerados, quase desesperados de poder levar alguma graninha pra casa, para comprar comida, pagar as contas da farmácia, do aluguel – não pode continuar vivendo sem empatia com todos eles.

Quem vê as imagens dos hospitais, com a dedicação dos trabalhadores da saúde pública, correndo todos os dias o risco das suas vidas, vivendo fora de casa para não contaminar suas famílias. As famílias, quaisquer que sejam suas classes sociais, mas especialmente as famílias pobres, que são a grande maioria das vítimas da pandemia, tentando saber notícias dos seus parentes, com o pânico de na ve-los mais. 

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Quem imagina o que significa pegar o vírus, ficar isolado de todos, sofrendo as dores da doença, sem ninguém para pegar nas suas mãos, tantas vezes morrendo solitários, contando apenas com a solidariedade dos trabalhadores da saúde. Das famílias que não podem enterrar seus parentes, cujos corpos vão para as valas comuns.

Saber de quantos que perderam os pais, as mães, os filhos, os amigos, os namorados, os professores, os alunos, os colegas de trabalho, que voltam pra casa sem seus seres mais queridos, perdendo fontes de ganho para a sobrevida da família, passando miséria!

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Quem pode viver o isolamento em suas casas, protegido, com salários garantidos, imaginando a aglomeração da grande maioria das pessoas em suas casas, tantas vezes sem saneamento básico, sem sequer acesso à água, com tantos deles saindo todos os dias para trabalhar, correndo risco de trazer vírus e contaminar os outros.

Quem imagina a vida das crianças e jovens da periferia, sem presente, sem futuro, tentados a buscar vida, recursos, identidade, razão de viver, em atividades ilegais! Os que não vão à escola, os que trabalham desde criança em lugar de brincar com seus amigos e estudar!

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Quem perdeu ou não aumentou a capacidade de se indignar com esse governo, com tudo o que vivemos neste período miserável, perdeu a humanidade, perdeu a empatia com o outro, com os mais desvalidos, com os que sofrem mais.

Sairemos melhores ou piores disto tudo. Piores, se triunfar o “salve-se quem puder”, em que cada um trata apenas de se proteger, de sobreviver, sem se preocupar com os outros, com a grande maioria, que mal sobrevive. 

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Sairemos melhores se incorporarmos irreversivelmente os sentimentos de solidariedade e de empatia com os mais necessitados. Sairemos melhores se nos dermos conta que podemos viver com relativamente pouco, com menos ou até muito menos do que vivíamos.

Sairemos melhores se sairmos com mais indignação, orientando nossas vidas por critérios éticos, comprometendo-nos nas nossas ações a apoiar e participar das iniciativas para derrubar esse governo e derrotar todas as iniciativas iníquas, imorais, criminosas desse governo. 

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Num caso sairemos piores como indivíduos, vivendo em sociedades ainda piores. No outro, sairemos melhores e estaremos comprometidos na construção de sociedades melhores, politicamente, economicamente,  socialmente e moralmente melhores.

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