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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

634 artigos

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Lição francesa ao sindicalismo brasileiro que abandonou Vargas

A greve francesa evidencia fracasso neoliberal e deixa a política sindical no Brasil nua em cima do palco. A mobilização dos trabalhadores franceses, por uma nova proposta econômica anti-neoliberal, é o modus operandi sindical eficiente para garantir aposentadoria futura.

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Derrota do neoliberalismo

Se a CUT tivesse convocado a classe trabalhadora para resistir à destruição da aposentadoria dos mais pobres e a privatização do sistema previdenciário em marcha, depois das reformas neoliberais de Bolsonaro e Guedes, teria ou não logrado êxito, como logram os trabalhadores franceses contra o governo Macron?

Os sindicalistas franceses dão lição ao mundo: sindicato forte é a única arma para negociar com o capital com chances de vitória; derrotaram as terapias neoliberais cuja essência é arrocho salarial e roubo de direito dos trabalhadores.

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As centrais sindicais brasileiras, ao contrário dos sindicatos franceses, desmobilizaram os trabalhadores, desde o golpe neoliberal de 2016; a apatia sindical se acentuou a partir de 2019, com o fechamento do Ministério do Trabalho, o fim do imposto sindical e a desarticulação total da CLT.

Tiro em Vargas

Foram para o sal as três principais heranças de Getúlio Varga para os trabalhadores se organizarem a fim de garantirem conquistas sociais expressas na CLT.

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Em vez de agirem como os sindicalistas franceses, ou seja, irem ao enfrentamento nas ruas contra o governo Bolsonaro, os sindicatos, capitaneados pela CUT, recomendaram aos trabalhadores ficarem em casa.

As lideranças sindicais, sem poder de mobilização, correram para o Congresso, onde a oposição, francamente, minoritária perdeu todas as batalhas; ou seja, os sindicatos, diante dessa nova conjuntura bolsonarista de destruição, optaram pela derrota parlamentar, para fugir das suas próprias derrotas, dada incapacidade de dirigir os trabalhadores, como fazem os sindicalistas franceses.

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Luta parlamentar inglória

As votações expressivas das forças governistas, que derrubaram as leis trabalhistas e a previdência social dos trabalhadores, mostraram aos sindicatos a impossibilidade de ter sucesso a guerra parlamentar; no parlamento, a burguesia neoliberal, com muito dinheiro em caixa, deitou e rolou.

O que se esperava dos sindicatos não aconteceu: mobilização das ruas para orientar o voto no Congresso a favor dos trabalhadores; os congressistas governistas se sentiram seguros para votar contra suas próprias bases eleitorais, diante da desmobilização dos trabalhadores para defender seus direitos.

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As mentiras de que a Previdência representava maior fonte de déficit público ganharam a narrativa; acomodou os sindicatos rendidos à pregação conservadora de que o povo apoiava a reforma previdenciária.

Manipulação do mercado

Pesquisas fajutas do mercado financeiro, maior interessado em abocanhar seguridade social, foram engolidas sem protestos das ruas (des)convocadas pelos sindicatos; os ecos da oposição, no Congresso, fragilizados pela desmobilização dos trabalhadores, frente à apatia sindical, não foram suficientes para evitar a destruição da herança varguista: a Consolidação das Leis do Trabalho, o imposto sindical e o Ministério do Trabalho.

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Sem receita do tributo, os sindicatos perderam independência e dinheiro, para garantir financeiramente as mobilizações dos trabalhadores.

Os trabalhadores ficaram sem líderes, com a desmobilização sindical e o alinhamento dos sindicatos a associações internacionais que defendem o livre sindicalismo desmobilizador das lutas trabalhistas.

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Resultado: os sindicatos perderam força e representatividade, para mobilizar a classe laboral diante da classe patronal.

Utilitarismo fracassado

Os sindicatos se descaracterizaram como instrumentos de luta de classe e feriram o pragmatismo utilitarista ideológico capitalista: “Tudo que é útil é verdadeiro; se deixa de ser útil, deixa de ser verdade.”(Keynes).

Na prática, sem a CLT e sem o imposto sindical, os sindicatos, destituídos do seu poder independente, perderam utilidade, deixando de ser úteis, portanto, de ser verdade.

Os sindicatos brasileiros, com o bolsonarismo, foram, completamente, neutralizados, e as lideranças sindicais brasileiras, ao contrário das lideranças franceses, não foram à luta; na França, mobilização popular criou nova correlação de forças e colocou Macron, aliado do mercado, em sinuca de bico.

Forjados na luta política sindical, os sindicatos franceses radicais e moderados se uniram; Macron tentou dividi-los; não conseguiu; o recuo do presidente francês, no último final de semana, representa vitória dos trabalhadores.

Fora, Macron!

Esse é o novo grito de guerra na França: fora Macron!

A vitória sindical empurra, por sua vez, a oposição na Assembleia para posições mais arrojadas; os trabalhadores dão tapa na cara do neoliberalismo.

A greve francesa evidencia fracasso neoliberal e deixa a política sindical no Brasil nua em cima do palco.

A mobilização dos trabalhadores franceses, por uma nova proposta econômica anti-neoliberal, é o modus operandi sindical eficiente para garantir aposentadoria futura.

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