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Marcus Atalla

Graduação em Imagem e Som - UFSCAR, graduação em Direito - USF. Especialização em Jornalismo - FDA, especialização em Jornalismo Investigativo - FMU

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Luiza Trajano, uma fantasia anacrônica da esquerda

Agora, a nova receita é Lula e Luiza Trajano como se fosse a mesma receita de 2003, Lula e José Alencar. Alencar e Luiza não são a mesma pessoa, não representam o mesmo setor econômico, nem estamos no mesmo momento histórico.

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A elite brasileira ao derrubar a Dilma e implantar a Ponte para o Futuro decidiu mudar o padrão de acumulação do capitalismo brasileiro. Mesmo o PIB crescendo pouco durante o pós-golpe de 2016 e na pandemia, houve um aumento expressivo na lucratividade, principalmente nas empresas de capital aberto. Alguns setores se tornaram ainda mais ricos e subiram vertiginosamente seus ganhos.

O Setor financeiro vinculado ao mercado de capitais de títulos permaneceu forte, já os setores do varejo subiram como nunca. A lista dos 10 maiores bilionários brasileiros em 2020, publicada pela Revista Forbes demonstra essa ocorrência:

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Posição

Nome

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Setor

Patrimônio

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1

Joseph Safra

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Setor Bancário

R$ 119 bilhões

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2

Jorge Paulo Lemann

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AMBEV e Investimentos

    R$ 91 bilhões

3

Eduardo Saverin

Internet

R$ 68 bilhões

4

Marcel Herrmann Telles

AMBEV e Investimentos

R$ 54 bilhões

5

Carlos Alberto Sicupira

AMBEV e Varejo

R$ 42 bilhões

6

Alexandre Behring

Investimento

R$ 34 bilhões

7

André Esteves

Setor Bancário BTG/Pactual

R$ 24 bilhões

8

Luiza Trajano

Varejo

    R$ 24 bilhões

9

Ilson Mateus

Varejo

R$ 20 bilhões

10

Luciano Hang

Varejo

R$ 18 bilhões

O surgimento de nomes do setor varejista, que antes de 2016 nem apareciam na lista, como Luiza Trajano, Ilson Mateus, Luciano Hang e outros, demonstram uma reconfiguração do bloco capitalista no poder. Se descermos ainda mais na lista da Forbes, veremos a ascensão de empresas ligadas a planos de saúde. O que não é mero acaso, Temer, Guedes e não esqueçamos de Mandetta, vieram paulatinamente desmoralizando e desmontando o SUS. 

Apesar da diminuição da renda e a perda de milhares de pessoas no mercado consumidor, as grandes redes varejistas cresceram englobando mercado antes ocupados pelas pequenas e médias empresas de varejos quebradas pela crise.

Um dos principais motivos no aumento da lucratividade desse setor é a exploração do trabalho, cortes de custos com a reforma trabalhista, impostos e a diminuição dos salários. Os maiores custos em empresas varejistas são justamente com a mão de obra.

O Brasil a pleno emprego era desvantajoso para esses setores. O sistema capitalista necessita de um exército de desempregados, desse modo as empresas podem usar trabalhadores desempregados para pressionar o rebaixamento dos salários.

 O trabalhador que não aceitar um salário menor e piores condições de trabalho são facilmente substituídos por uma massa de pessoas desempregadas e desesperadas por um emprego qualquer.

Diferente do que o senso comum acredita, não é vantajoso para esse setor varejista aumentar o mercado interno, aumentar a renda da população e por conseguinte aumentando o consumo. Pois também causaria a diminuição da reserva de desempregados e o aumento dos salários. 

Esses setores estão satisfeitos com os 30% de consumidores atuais, cerca de 60 a 70 milhões de brasileiros. Os outros 70% da população pode se manter miserável e fora do mercado de consumo. No modelo neoliberal em aplicação no país, não cabe a inclusão. Toda uma parcela da sociedade se tornou um empecilho e inútil para o capital.

 Esses indesejáveis – população de baixa renda, indígenas, quilombolas, sem terras, excluídos socialmente e excluídos do mercado – não representam oportunidade de acumulação por conta dos seus papéis na produção econômica, nem no consumo.

A adoção da Necropolítica por Bolsonaro, com o total apoio dos militares, não é um acaso. Para que a economia funcione como esse grupo quer, a pandemia se tornou uma oportunidade de eliminação física desses indesejáveis.  

Deixem as pseudorreceitas infalíveis para os livros de autoajuda 

Basta uma estratégia eleitoral dar certo em outro país ou em outra época. Aparecem então analistas de esquerda com uma cópia de receita infalível, crentes que dará certo. Só esquecem que análises simplistas desconsideram toda uma gama de variáveis e é claro que por isso não funcionará.

Primeiro foi a receita Alberto Fernández e Cristina Kirchner, só não se levou em consideração que a cultura, sociedade e formação histórica da Argentina são diferentes da brasileira. A simbologia representada pela Kirchner, não chega nem perto do simbolismo Lula.

 Alberto Fernández representava um setor mais à direita dentro do peronismo, servindo para unificar a direita e a esquerda peronista.

 Aqui, quem não vota no Lula, não votará no Haddad tendo Lula como seu vice. Já vimos a narrativa, o Haddad é um poste do Lula. Por que motivo alguém votaria no poste, mas não votaria no original? As novas pesquisas têm mostrado não fazer nenhum sentido a tal receita.

Agora, a nova receita é Lula e Luiza Trajano como se fosse a mesma receita de 2003, Lula e José Alencar. 

Alencar e Luiza não são a mesma pessoa, não representam o mesmo setor econômico, nem estamos no mesmo momento histórico.

José de Alencar era um industrial de Minas Gerais. Apenas o fato de ser mineiro, já faz diferença, ele aproximava o povo mineiro da candidatura - historicamente, nenhum presidente foi eleito sem vencer em Minas Gerais.

Outra desconformidade é o momento histórico, houve uma reconfiguração do bloco capitalista no poder. Luiza Trajano, não representa o setor industrial, representa o setor varejista. O Setor que mais ganhou e enriqueceu com as mudanças pós-golpe.

Lula deixou claro, em seu discurso (10/03), a defesa de uma política keynesiana, um desenvolvimentismo tendo o Estado como indutor da economia e da indústria, aumento do emprego, volta das políticas sociais, sindicatos fortes e o retorno dos direitos trabalhistas.

Uma coisa é a empresária Luiza Trajano ter algumas políticas assistenciais, de baixo custo, visando um auxílio às mulheres e negros.  Outra coisa é ela defender uma mudança completa na reconfiguração econômica, mudança esta, que está propiciando tamanha lucratividade e a transformou em uma das maiores bilionárias brasileira.  

Da mesma forma, está ocorrendo uma valorização das commodities, porém, o agronegócio e a mineração são voltados para o mercado externo, quanto mais baixo a mão de obra nacional, melhor para esse setor exportador. 

Não se enganem, essa elite que ascendeu nesses últimos anos prefere apoiar Bolsonaro ao Lula. O capital financeiro mundial já deu a sua opinião na publicação feita pela Bloomberg : Retorno de Lula adiciona à longa lista de desgraças dos investidores no Brasil.

E é claro que a elite financeira brasileira irá seguir o comando dos seus mestres. 

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