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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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Me gustan los estudiantes...

Opressões no planeta inteiro que ponham as barbas de molho. Os estudantes estão aí

Protesto pró-Palestina na Universidade de Columbia, nos EUA (Foto: REUTERS/Caitlin Ochs)
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Os versos de Violeta Parra ecoam livres, impactantes, impressionantes nos ouvidos da atualidade diante da repressão da polícia norte-americana nos campi de Columbia e Califórnia, ocupados para protestar contra o genocídio dos israelenses em Gaza. O mundo tomava conhecimento entre perplexo e estarrecido dos morticínios que visam extinguir um povo inteiro de suas terras por meio da barbárie. Providências de ordem política haviam sido tomadas (protestos na ONU, recursos na Corte Internacional de Justiça, passeatas em Paris, Londres, Espanha, Iêmen e algures...) sem consequências, enquanto o apoio bélico continuava sendo fornecido aos agressores. De repente, como se a Terra revirasse em seu sono letárgico, universitários entenderam que não, não podiam continuar calados assistindo o desastre ocorrer.

Estudantes constituem a nata das sociedades futuras. Ao lado do octogenário Biden, sentem que o apocalipse os atingirá. E mais. Muito mais. Agem por generosidade, porque lhes custa assistir a imoralidade do horror, monstruosamente solta por lamentáveis interesses criminosos. Jovens não funcionam por ambições pessoais. Conceitos morais, como amor à humanidade, justiça e honestidade, alimentam muitas vezes suas causas, acima dos que lhes dizem o que devem e podem fazer. Não importam as leis da repressão, vitimando vez por outra alguns de seus quadros. Não importa a violência das armas. Eles creem em suas plataformas e não arredam pé. Foi assim durante a Guerra do Vietnã. No Brasil, contra a ditadura militar, eles, os estudantes, se levantaram e, quando todos diziam que não, corajosamente, de peito aberto, exibiam incontáveis manifestações de coragem.

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Cabe notar ainda que a solidariedade, como a crueldade, contamina. Não são apenas os perversos que criam adeptos. Os homens de bem (vide Mandela ou Martin Luther King) igualmente apaixonam e dão um empurrãozinho, quando as portas se fecharam e a comunidade insiste para que cedam. Numa nação afeita à liberdade de expressão, as ocupações dos campi universitários, com a insistência com que se afirmam, são como um grito atravessado na garganta. Em Paris o escutaram. Ocuparam a Sciences Po e a Sorbonne – e outras 23 universidades. Franceses da repressão policial, comandados pelo poder central, não são bonzinhos. Descem o cacete. Mas os jovens estão lá. Quando se tem a verdade em seu favor, hordas de adversários parecem pequenas. No Chile, de Violeta Parra, também foi assim. Nem a ferocidade dos fardados intimidou os que se haviam erguido e não desistiriam. E notem! Estudantes organizados começam assim, por grupos que se manifestam acolá, em outros lugares e outros países. Logo chegarão aqui, porque não lhes falta força, muito menos energia.

Sentir somente que o circo pega fogo e aos poucos se transforma em cinzas, constitui uma etapa do processo. Este não se interrompe. Ganha musculatura com a própria exibição da força e logo, logo mostrará a que veio. No início dos confrontos em Gaza ninguém imaginaria que alcançasse tanto, com tantas mortes de crianças, mulheres e velhos. A própria realidade se cansou de se sentir doente, desprovida de soro, e se mexeu. Já não dá para estancar. Vide o Vietnã... Opressões no planeta inteiro que ponham as barbas de molho. Os estudantes estão aí. E nós gostamos deles.

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