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Ricardo Bruno

Jornalista político, apresentador do programa Jogo do Poder (Rio) e ex-secretário de comunicação do Estado do Rio

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Moro, um anão no jardim de Bolsonaro

"O que teria rebaixado Moro à terceira divisão da política nacional?", escreve o colunista Ricardo Bruno. "Moro preferiu isolar-se no servilismo dos omissos, que, sem opinião própria, não debatem e muito menos discordam – mesmo diante de aberrações legais e éticas", afirma

(Foto: Marcelo Camargo - ABR)
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O ministro Sérgio Moro sucumbiu ao vírus. Não que esteja acometido pela Covid-19. O seu mal não é exatamente patológico, embora guarde semelhanças com enfermidades habituais da vida política brasileira. Na verdade, o ex-juiz foi acometido por uma espécie comum de afecção moral que contamina grupos encastelados no poder: a sabujice virótica que se alastra como praga nos altos escalões, aviltando caráteres e personalidades. Agarrado ao cargo, o ex-juiz se entregou exclusivamente à adulação ostensiva ao chefe, o que o fez menor, irrelevante e, talvez, descartável.

Antes pomposo e falastrão em nome do suposto propósito de redimir o país de todos os males, hoje Moro pouco se manifesta; tornou-se uma autoridade opaca, sem brilho, uma estrela de segunda grandeza, perdida na constelação de egos esdrúxulos que povoam o ministério bolsonarista.

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Nem mesmo a crise por que passa o país, com discussão de competências entre o governo federal, estados e municípios, o anima a tentar dirimir conflitos com a autoridade que o cargo lhe confere. Imerso num espantoso silêncio, perde relevância ou, para usar as palavras de Gilmar Mendes, comporta-se como o piloto que fugiu da cabine de controle.

Nos últimos meses, fez apenas menção crítica à possibilidade de presos serem soltos por conta do coronavírus. Reafirmar valores policialescos parece sua exclusiva preocupação. Mostrar-se à nação como um xerife brabo tem sido seu único propósito, como se o Ministério da Justiça abarcasse apenas as competências de uma delegacia distrital. “Nós estamos na Champion League, mas ele parece preocupado coma terceira divisão”, define com ironia e precisão o ministro Gilmar Mendes.

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O que teria rebaixado Moro à terceira divisão da política nacional? As denúncias do Intercept que desnudaram a criminosa parcialidade de seus atos na Lava Jato; as desconfianças recorrentes de Bolsonaro em relação a sua lealdade? Ou receio de despertar no chefe a ira insana que fulmina a todos que – como Mandetta – fogem ao figurino terraplanista ditado pelo bruxo Olavo de Carvalho?

Entre seguir com o mínimo de coerência e altivez ou capitular diante do obscurantismo doentio tal qual Damares e Weintraub, Moro preferiu isolar-se no servilismo dos omissos, que, sem opinião própria, não debatem e muito menos discordam – mesmo diante de aberrações legais e éticas. Vez por outra, aplaudem, apenas para reafirmar a submissão pública ao chefe.  E quem sabe, mais à frente, ser retribuído com a sonhada indicação ao Supremo.  

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Para o Brasil, a saída Moro da Lava Jato fez bem. Livrou-nos de um juiz exibicionista e parcial. Para Moro, a ida para o Ministério da Justiça fez mal. Ele que em Curitiba se imaginava gigante, em Brasília tornou-se anão. Um anão decorativo no jardim de tipos excêntricos que dão vida ao bolsonarismo raiz.

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